Sem poder, já excomungou um Papa e acusou os generais de comunismo e covardia...
Depois de quatro décadas perdidas, o Brasil está
prestes a eleger mais um imbecil, Jair Bolsonaro, e corre o risco de
descarrilar de vez. Sei que os militares estão preocupados, apesar de alguns,
com menos cérebro, terem aderido à campanha bolsonarista com entusiasmo, e
farão de tudo para limitar os danos, porém, é bom que tenham em mente que foram
colocados numa situação difícil e que o insucesso de Bolsonaro, que foi
promovido por interesses externos cujo objectivo é a desestabilização do
Brasil, trará desaprovação contra as forças armadas pois o que conta é a
percepção popular, que as associa à mesma. Existe um real perigo de
"argentinização" decorrente daí, e espero que os comandantes
militares estejam cientes disso, e de qual seria o impacto disso na já relativa
e frágil soberania brasileira.
Por outro lado, para além dos riscos que nascem
da polarização, que continuará a aumentar, e do desgaste do governo, que o
tornará cada vez mais impotente e indefeso perante uma oposição que usará todos
os meios para pressionar e retirar Bolsonaro do poder, cuja presidência
começará com um défice de legitimidade num quadro de piora da economia
internacional e de turbulência política em vários países vizinhos, com destaque
para a Venezuela, a acção externa de desestabilização continuará e o Brasil
está completamente indefeso em relação a este perigo, o que pode despoletar
vários cenários. E alguns, como bem sabem os leitores do blogue, são terríveis.
Espero e creio que tudo isso já tenha sido
equacionado pelos comandantes militares, e que haja um bom plano, ou melhor,
bons planos para as várias possibilidades abertas. Porém, ainda que seja assim,
e ainda que saiba que os militares estejam cientes a respeito de quem é o guru
de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho, espero que tenham estudado os métodos
usados por este incendiário e compreendam que de nada adiantarão todos os
esforços deles, mesmo em caso de sucesso, se deixarem que este criminoso tenha
influência sobre o Ministério da Cultura ou o Ministério da Educação, afinal, é
isso que ele persegue para multiplicar um rebanho de algumas dezenas de milhares
de fanáticos para algo em torno das centenas de milhares ou de alguns milhões. Se,
ainda "pequeno", Olavo conseguiu fazer com que o bolsonarismo saísse
da sua bolha e se expandisse para outros grupos de direita próximos, ganhando
destaque na campanha que levou ao impeachment e se colocando numa trajectória
ascendente que despertou as atenções dos investidores interessados em cavalos
de corrida presidenciáveis, saltando a partir daí, é fácil imaginar onde
pode chegar o "olavismo" com este sucesso. E o insucesso de Bolsonaro
pouco contará nesse caso pois o guru é especialista em queimar personagens
incómodos para se livrar de eventuais culpas. A coisa mais fácil para o guru é
convencer, em tal caso, que Bolsonaro errou por não ter seguido seus conselhos, traindo os seus ideais. O mesmo pode fazer em relação às forças
armadas, que culpa de fracasso durante o regime militar por não terem
feito a reforma na educação que ele pretende fazer, ou seja, uma reforma que
comece pela exclusão de todos aqueles que sejam classificados como "comunistas", o que,
no léxico olaviano, significa todos os que não alinhem com ele.
E não tardará para que gente como Steve Bannon
compreenda o potencial de Olavo de Carvalho, que já manifestou publicamente a sua vontade de
se aproximar. Para o milenarista
ultra-nacionalista Bannon, que enxerga o Brasil apenas como uma presa a ser
devorada, e um local para experimentos, o olavismo teria grande serventia,
afinal, é a melhor aposta à direita para que a polarização chegue ao nível
"guerra sagrada". E pretextos para uma guerra sagrada da
esquerda contra a praga olavista não faltarão, e nem
padres
ou
pastores para a
pregar do lado olavista. Olavo, ou melhor, o "Papa Sidi Muhammad Ibrahim I", aquele
que condenou Francisco I por heresia, ri de todos quando repete o seu bordão de
que veio para foder com o Brasil, afinal, está mesmo dizendo a verdade. Por um
lado, é o meio pelo qual sonha em colocar a sua seita em posições de poder, tal
e qual aprendeu dos seus colegas romenos, por outro, levando em conta as
reacções que isto despertará, é provável que foda mesmo pois isso é o
caminho mais certeiro para a guerra civil.
P.S: Estranho que agora o general Heleno, na sua
página de facebook, dá voz às alegações estapafúrdias de que a inteligência
israelita alertou sobre a possibilidade do candidato Bolsonaro ser alvo de um
atentado orquestrado pelo Hezbollah e por Teerão. A que ponto chegou a
ingerência externa nas eleições! E a que ponto chegou um antigo general, se rebaixando ao
nível
de uma Joice Hasselman!