quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

2020: A década dos drones

Acaba de raiar a nova década e seus eventos já anunciam o que marcará a época vindoura. O assassinato do general iraniano Qassem Soleimani foi simbólico, uma ''inauguração'' da guerra global via drones que já vinha se estabelecendo há mais de uma década, principalmente com os ''Ceifadores'' estadunidenses, que entre os anos 2007 e 2010 aterrorizaram frequentemente países como Paquistão e Somália. O modelo Ceifador (MQ-9 Reaper) foi responsável pelo citado evento contra o líder iraniano, ocorrido em Bagdá, capital do Iraque. 



Vale lembrar que este não foi o primeiro ataque terrorista estadunidense contra cidadãos iranianos: em 1988, um avião comercial da Iran Air, fazendo a rota Teerã-Dubai, foi covardemente abatido por um míssil disparado pelo USS Vincennes, navio da Marinha dos EUA, quando cruzava o Golfo Pérsico. Além disso, dentro do jogo de desinformação midiático, que insinua um envolvimento do governo iraniano com o terrorismo jihadista, o Netflix, quase no mesmo dia, lança um documentário sobre o assassinato do procurador argentino Alberto Nisman. O jurista do país hermano era responsável pela investigação do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina, em 1994, no qual algumas ''fontes'' apontam um envolvimento do Irã. Coincidência? 

(Não vou nem mencionar que certas ''fontes'' também acusam o envolvimento de Cristina Kirchner com os ''iranianos'' do atentado. Ou seja, o documentário é lançado também quando justamente Kirchner acaba de voltar ao poder na Argentina, como vice-presidente. Coincidência também?)

Voltando aos drones, ao longo desta década os mesmos se estabelecerão como protagonistas de operações militares e policiais no mundo inteiro. Assim como qualquer cidadão do orbe terrestre já está acostumado com o pairar de um helicóptero, sobre as ruas de sua cidade, há décadas, durante qualquer operação policial, esta será a mesma realidade com os drones. 

O Irã domina a tecnologia, produzindo diferentes modelos, muitos deles com base na engenharia reversa de exemplares estadunidenses capturados. Estas aeronaves sofisticadas vem sendo utilizadas extensivamente em patrulha no espaço aéreo iraniano e operações contra terroristas, lacaios do sionismo, na Síria e no Iraque. Os drones, junto das milícias formadas pelo governo do Irã em diferentes países, como o Hezbollah do Líbano, são os principais vetores de influência, do país persa, no Oriente Médio.



Os próprios terroristas do ISIS utilizam drones, ou melhor, utilizavam, principalmente em ataques contra bases russas na Síria. Quem será que os instruiu e qualificou para uso dessa tecnologia? Não precisamos responder. Falando em Rússia, o país anunciou nos últimos anos inovadores projetos na área.



Como a será a nova dinâmica dos campos de batalha? Não podemos dar uma resposta precisa. Mas uma coisa é certa, os drones vieram para ficar.

João Victor Gasparino