domingo, 22 de dezembro de 2013

Crítica à direita luso-americana - parte 1


 Quem escreve a história, controla o presente. Quem controla o presente, determina o futuro. 


Em primeiro lugar, desejo expor as razões que me levam a escrever este post. Nasci e vivi cerca de metade da minha vida no Brasil, tendo vivido a maior parte do resto da minha curta vida na parcela europeia da Pátria lusa. Desde cedo, por razões familiares e pessoais, me fascinei pela história, o que por sua vez me conduziu à História. Nesse percurso, houve uma constante tensão entre o que absorvia nos livros e o que absorvia do meio em que vivi, tensão que à medida que avançava nos estudos só crescia. Foi um longo caminho aquele que percorri até identificar e entender as razões dessa tensão entre o que absorvia nos livros e a realidade em que estava inserido. 

Por via da leitura de Gilberto Freyre compreendi a partir de qual perspectiva deveria olhar para os factos, e o estudo da Teoria e da História Económica, assim como a minha experiência com o mundo do trabalho, acelerou este processo que me conduziu ao tradicionalismo, depois de passar por quase todos os ismos. Agora passo aos meus sentimentos pelo Brasil e por Portugal, ou melhor, pelos povos que vivem nos territórios debaixo da soberania das formações políticas que identificamos com esses nomes, surgidas da cisão do breve e promissor Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Sinto-os, cada um, como uma espécie de tribo no sentido romano, unidos por algo que nos afasta, por exemplo, dos castelhanos, com quem tanto temos em comum, mas não ao ponto de partilhar esse sentimento tão fácil de perceber pelos sentidos e quase impossível de ser definido em palavras.

Seguindo essa escala, para que fique claro o que desejo transmitir, posso dizer que também sinto em relação aos outros povos das Espanhas algo que não sinto em relação a franceses e italianos, mas a relativa proximidade com um italiano e com um francês - maior com os italianos - me leva a sentir por eles algo que não sinto em relação a um alemão ou, para piorar as coisas, por um finlandês (nesse último caso, considerando apenas o presente, acho que até com um turco estou mais à vontade). Feita esta introducção, que serve para desarmar quaquer suspeita de animosidade contra o que chamamos de Brasil e os seus povos, evitando aquelas discussões fraticidas entre “brasileiros” e “portugueses” que penso que todos já testemunharam, e nas quais muitos participaram, quase sempre com um “ardor futebolístico”, passarei à crítica da direita brasileira, mas antes faço mais uma ressalva. 

Por direita brasileira não quero dizer todos os brasileiros de direita, mas apenas aqueles que se encaixam nos grandes grupos que dominam o cenário daquilo que chamo de direita brasileira, termo que considero impreciso. Excluo desse grupo os representantes do que podemos designar como neo-liberalismo, ficando assim diante de dois grupos: os monárquicos e os republicanos liberal-conservadores. No que toca a representação política, somente os segundos têm espaço, apesar dessa representação ser mais retórica do que material. Aos primeiros não resta mais do que a aliança com os últimos e uma existência quase fantasmagórica no cenário político, sendo vistos pelo homem comum como algo tão folclórico quanto o Saci-pererê. 

Mas, apesar da diferença aparente, esses grupos aceitam os grandes princípios políticos do liberalismo clássico por inércia, ou seja, são partidários, apesar de defensores de formas de regime diversas, do estado moderno imposto durante o século XIX pelas revoluções liberais, nas quais se inclui a chamda Independência do Brasil, que mais não foi na prática, como não temo em dizer pois não receio patriotadas, do que a Secessão do Reino Unido. Usei a palavra inércia não por acaso, mas sim porque a analogia com esse fenómeno do mundo físico, nesse caso, é perfeita. Agora explicarei a razão disso. 

A narrativa oficial da historiografia brasileira reflectiu a evolução política do reino americano, que não conheceu o embate político do reino europeu, explícito na luta entre a facção que instrumentalizou o ingénuo e impetuoso Dom Pedro e os patriotas fiéis a Dom Miguel. No Reino do Brasil, devido às circunstâncias locais, tão diversas das encontradas na fracção europeia, houve uma fagocitose dos partidários da velha ordem pelos liberais monárquicos, afinal, diante da dupla agressão, interna - propaganda liberal e republicana, além das sedições constantes - e externa - os decretos das Cortes de Lisboa - a que foi submetido o Reino do Brasil, e da fragilidade deste (território imenso e desintegrado, população captiva gigantesca e “má-vizinhança"), a alternativa a essa aglutinação seria uma guerra civil que levaria, de acordo com o que os contemporâneos previram e não vejo razões para desmentir, à fragmentação do Reino em várias repúblicas desordeiras sob o constante espectro de uma haitização e incapazes de se defender do apetite das grandes potências, em especial o Reino Unido e os já agressivos Estados Unidos da América. Este último, apesar de ainda não ser uma potência com capacidade para intervir militarmente no Brasil, já possuíam capacidade para desestabilizar o jovem reino, e o fizeram.

Para os brasileiros que desejavam a continuidade da evolução orgânica velha de três séculos e que registou um impulso extremamente fructífero a partir da chegada de Dom João VI (apesar dos tiques absolutistas que poderiam minar todo esse edifício secular que parecia destinado a fazer do universo das nações resplandecer a do Brasil), com relevo para o período seguinte à elevação do Brasil a reino, estaria tudo perdido se não houvesse uma restauração em tempo útil na fracção europeia do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e ela não aconteceu. Diante do facto consumado pela perfídia maçónica em Portugal, que legitimou a pópria facção maçónica no Brasil, que soube explorar bem o sentimento patrioteiro da populaça e da soldadesca nas cidades, especialmente na capital, a solução possível foi o compromisso com os liberais monárquicos que levou à chamada Independência, que só pode ser chamada assim se quisermos dizer “independência das cortes”, afinal, cmo já afirmei, aquilo não passou de uma secessão

Daí a síntese cujo resultado material mais visível foi a Constituição de 1824, que em verdade, para sermos mais precisos, era uma carta constitucional. Este compromisso foi semelhante ao encontrado no que veio a se tornar o México sob Agustín de Iturbide, à excepção de que vingou e impediu os excessos registados no pobre México, todavia, isso não evitou um desfecho semelhante ao cabo de algumas décadas. Para que não pensem que aqui caio numa espécie de determinismo, faço observar que para este resultado contribuíram em muito dois factores. De um lado temos a escravatura, que era a base do poder dos latifundiários. Este grupo, que no princípio era simpático à continuidade, depois da independência acabou por ser alienado de uma defesa da situação política anterior, afinal, ela poderia constituir uma ameaça à sua continuidade económica. A razão disso é que a corte portuguesa aceitava a escravatura por pragmatismo e não hesitaria em extinguir essa instituição, que agora entravava o desenvolvimento das forças económicas do império e constituía um factor de corrupção longe de negligenciável, se para isso tivesse forças. 

Uma leitura das propostas dos grandes estadistas do império luso a partir de meados do século XVIII servirá para esclarecer a todos a respeito disso. Portanto, para esse grupo social, desde que alcançada e garantida a estabilidade social, a secessão passaria a interessar pois o recém-criado Estado Brasileiro ficaria na dependência dele, que constituía a base material e militar do novo império (Guarda Nacional). Nesse ponto, tinham razão numa perspectiva imediatista, mas foram provincianos pois não compreenderam as imensas possibilidades que jogaram fora (lembremos que o Império Britânico na Índia ainda estava longe de ser o que foi nos tempos do Raj, que na África a posição portuguesa era motivo de cobiça da parte de todos e que Macau era o elo de ligação da China com o mundo exterior, ao menos no que toca às nações ditas ocidentais). Não foi por acaso que o “aliado britânico” não hesitou em manobrar para que a separação acontecesse e que não houvesse uma reunião do Brasil com Angola, o que poderia levar à formação de um Império com força suficiente para colocar a sua hegemonia no Atlântico Sul em perigo a longo prazo. 

Foi esse facto que acabou por levar a um afastamento gradual desse grupo em relação a Dom Pedro, acabando de vez com as esperanças de reconstituição do Reino Unido e abrindo o caminho à Regência, período no qual podemos dizer que as forças opositoras do liberalismo desapareceram de vez enquanto forças políticas no Brasil. Vale a pena também lembrar que a força da coroa enquanto Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves dava a ela uma autonomia em relação a esse grupo. Para isso, basta pensar nas excelentes tropas portuguesas, ainda por cima experimentadas da guerra contra as legiões de Napoleão, e na facilidade com que elas se bateram contra tudo o que encontraram pela frente no continente americano. Não foi por acaso que a Cisplatina conseguiu a independência da coroa brasileira após a partida das mesmas.

De outro lado, outro factor que contribuiu para o desfecho que conhecemos foi a captura do jovem Dom Pedro de Alcântara pela maçonaria. Deixado para trás pelo seu impetuoso pai, este ao menos teve o cuidado de deixar José Bonifácio de Andrada e Silva, homem cuja ligação à maçonaria foi meramente instrumental e possuía um amor sincero pela sua terra natal. Mas não demorou muito para que José Bonifácio fosse afastado dessa posição pela Regência. Não por acaso, o grande responsável pelo afastamento de José Bonifácio foi o regente e “padre” Diogo Feijó, avental dos quatro costados. Dom Pedro II foi um homem honesto, verdadeiramente patriota, mas estava longe de fazer juz ao nome Pedro. Do primeiro rei português com esse nome, ou do seu pai, não herdou o ímpeto e o apetite pelo conflicto. Dom Pedro de Alcântara foi honesto quando afirmou que o seu desejo era se dedicar ao ensino de jovens como professor. Também não partilhava o génio de um Pedro, o Grande, que, ainda que tenha sido um monarca cuja acção revolucionária abriu as portas para os horrores que futuramente conheceria a Rússia, foi um homem notável, daqueles capazes de deixar a sua pegada na calçada da fama da história. Mas isso não o condenava de modo algum a ser o coveiro da monarquia e do que restava do “antigo regime” no Brasil, afinal, homens assim têm qualidades que podem ser usadas positivamente, como fez Dom João VI, que numa situação que o condenava a ser uma presa de Napoleão, acabou por se transformar no caçador. Porém, a sua formação, a cargo de um maçom, o tornou um prisioneiro dos preconceitos do seu tempo. 

Continua...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Recomendação: Alain Soral expõe as Redes de Pedofilia

 Jimmy Savile: diga-me com quem andas, e te direi quem és.

Por intermédio de um amigo, tomei conhecimento do vídeo abaixo:


O fenómeno da pedofilia, e isso apenas enquanto crime organizado, tem várias camadas e não pode ser analisado mais que superficialmente num vídeo tão curto, porém, Alain Soral conseguiu fazer uma síntese que instruirá até os mais desatentos quanto à natureza disso.

Nos casos expostos no vídeo, sobressairá a semelhança com o caso Casa Pia. Políticos e o chamado mundo VIP lado a lado em orgias rituais com rapazes e raparigas indefesos angariados por idiotas, muitas vezes eles próprios vítimas de abusos na infância, que quase sempre são os únicos condenados quando essas redes são incomodadas por ingénuos que acreditam no sistema. 

Por outro lado, vale a pena lembrar que todos os nomes citados, excluindo os "angariadores", são maçons. Mais uma coincidência que só causará confusão aos teóricos da conspiração, ou seja, aqueles malucos que acreditam que a acção humana, especialmente quando falamos de grupos e não de indivíduos, não é fortuita. Não fosse esta uma rede internacional e poderosa, seria impossível operar há décadas uma estrutura responsável por dezenas de milhares de raptos de crianças em todo o mundo que usa impunemente os aeroportos e os serviços secretos das nações ocidentais e dos seus aliados. Ainda que não soubéssemos que todos os nomes envolvidos nesses escândalos são maçons ou estão ligados à maçonaria, bastaria perguntar: que outra organização possui uma estrutura capaz de organizar e acobertar tudo isso?

Quanto a nós, monárquicos tradicionalistas, cabe também expor o envolvimento de algumas casas reais com essas redes. As actuais casas reais do Reino Unido, da Holanda e da Bélgica não só têm as mãos sujas como ainda por cima estão no topo da estrutura de poder ligada a esse fenómeno. Para além do aspecto "lúdico" da coisa, é importante frisar que a pedofilia funciona como uma garantia de fidelidade de todos aqueles que fazem parte das estruturas de poder discretas sobre as quais se sobrepoem as miragens que conhecemos por partidos. Para alguém subir na estrutura de poder, é preciso que dê provas de "fidelidade" participando num crime, por vezes envolvendo sangue. Depois disso, é impossível sair da rede, ao menos vivo.

P.S: Agradeço ao Sr. Vítor Ramalho pelo vídeo em causa. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

No Reino Unido se pode cuspir na cruz, queimar a Bíblia e profanar as igrejas, mas ai de quem fizer uma piada com o Mandela!



O Reino Unido, que tantos monárquicos, movidos pela ignorância provinciana dos cosmopolitas, ou seja, daqueles que acham que basta acumular milhas para aumentar o conhecimento do mundo (método que parece não funcionar quando temos os comissários de bordo em consideração), tomam por exemplo, volta a nos brindar com uma novidade de padrão latino-americano (atenção, Maduro!):


Já que não se pode fazer piadas do Nelson Mandela, sugiro aos britânicos que façam piadas da sua "Casa Real". Uma velha ridícula cuja deselegância no vestir faz inveja a muitas primeiras-damas americanas, um príncipe corno e panasca que sonha em ser um tampão e dois pimpolhos com um ligeiro retardamento mental que estão mais para empregados do Justin Bieber do que para Ricardo Coração de Leão. Melhor que isso? Nem no Arrested Development...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

É isto o que desejam os monárquicos?

ándalo en el Reino Unido: ¿Financió el Gobierno a pedófilos en los 70?

Texto completo en: http://actualidad.rt.com/sociedad/view/113527-reino-unido-gobierno-escandalo-financiaba-pedofilos


As novidades chegadas dos reinos liberais do Norte não páram de chegar. Depois da fundação de um partido pró-pedofilia na Holanda e da introducção da discussão a respeito da eutanasia infantil na Bélgica, agora nos chegam mais algumas novidades do liberalíssimo Reino Unido:



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Placas tectónicas em movimento

Os poderes que hoje mais influem nos destinos do Ocidente promoveram a destruição da Igreja Católica e, por extensão, do Cristianismo, com o objectivo de eliminar a maior fonte de oposição aos seus designíos totalitários. Destruída a Igreja Católica, mais facilmente seria destruída a família e atomizado o indivíduo, e este, só perante o estado, seria incapaz de opor qualquer resistência organizada. 

Como sabemos, estes mesmos grupos organizaram a revolução comunista na Rússia (consultem as obras de Anthony Cyril Sutton), mas esta não correu como planeado. Da minha parte fui obrigado, diante dos factos que conheço, a aceitar que a victória de Estaline sobre Trotsky foi o momento de inflexão no qual o grupo internacionalista, composto na sua maior parte por indivíduos de origem judaica, finalmente perdeu o controlo da situação para o grupo nacionalista russo. 

À luz dessa interpretação, as denúncias e alertas do famoso desertor soviético Anatoliy Golitsyn ganham um novo colorido e apontam para um quadro ainda mais complexo do que o indicado pelo autor, especialmente quando metemos a evolução das últimas décadas nessa equação. O estratégia russo-chinesa de longo prazo exposta por Golitsyn era de facto uma estratégia brilhante, porém, falhava num só ponto no qual é impossível não falhar: a dependência de factores imprevistos e imprevisíveis.

A Alemanha reunificou-se, como desejavam os russos, mas isso não levou à desintegração da NATO, que desde então deixou de ser uma aliança defensiva e passou a ser claramente uma aliança ofensiva e desestabilizadora. Por outro lado, a fase final dessa estratégia, que conduziria a uma derrota militar do Ocidente, deveria ter durado menos tempo. Somando isso com a crise demográfica russa e o espantoso crescimento chinês, que não apenas fará da China a maior economia mundial dentro de uma década como também a tornou numa potência cujo destino é ultrapassar todo o resto do mundo na corrida tecnológica e, por consequência, militar, fica claro que o elemento de tensão existente entre a China e a Rússia chegou a um ponto que mete em causa um dos pilares da tal estratégia: a superioridade militar russa.

Essa ainda existe pois a Rússia é a maior potência nuclear do planeta, porém, a China tem condições de quebrar os paradigmas actuais desenvolvendo formas de anular o arsenal russo como factor de dissuasão. 

É nesse quadro que devemos fazer a leitura da crescente cristianização da Rússia e do anti-cristianismo das elites ocidentais. Na Rússia, onde o fim da era soviética com a queda do partido comunista em favor de grupos oriundos directamente e indirectamente do KGB levou a uma ruptura radical com o passado, possibilitando aos grupos de poder lá instalados que pudessem se livrar do comunismo, instrumento de propaganda que agora tinha deixado de ser uma arma (a não ser em certos contextos) para ser um entrave à liberdade de acção, o cristianismo agora tinha um terreno fértil, enquanto no Ocidente dessacralizado a conta-gotas as elites envolvidas no ataque contra a Igreja não tinham como voltar atrás pois isso significaria a sua destruição.

Porém, o insucesso no cumprimento da sua agenda no prazo estimado inicialmente e a explosão dos meios de comunicação alternativos as colocou numa difícil situação, e a islamização do Ocidente, que nalgumas partes saiu do controlo, também cria problemas para essas mesmas elites, que agora podem contar, na melhor das hipóteses, com a apatia dos fracos. Os mais activos cidadãos das nações ocidentais rejeitam os seus regimes e as suas elites e, apesar de ainda estarem perdidos no meio da cacofonia reinante, cresce o número daqueles que finalmente começam a perceber as raízes dos males que actualmente vivemos, e quais são os grupos que promovem essa agenda. O perigo islâmico ajuda, afinal, nos faz lembrar da importância do cristianismo na construção da nossa identidade.  

Tenham tudo isso em mente ao lerem as notícias a respeito do encontro entre o presidente Vladimir Putin e o Papa Francisco I:

Putin to Visit Pope Francis -- To Forge a New "Holy Alliance"?




segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Paladinos de um falso rei: “desconstruindo” um texto liberal

O liberalismo tem os seus reis e imperadores.

No meio de tantos esforços, fica difícil dedicar tempo aos escritos mais nobres, especialmente porque um blogue exige de alguma maneira um acompanhamento dos factos quotidianos, ainda que o Prometheo tenha como objectivo escapar à pauta dos jornais e analisar o presente de forma serena, focando o que é de facto relevante ao invés de se perder no caos planeado do submundo das notícias, ou dos blogues pautados pelo mesmo. Todavia, há poucos dias li um texto a respeito da reacção dos brasileiros a um tipo conhecido por rei do camarote que me chamou a atenção. Para saber do que trata o texto, e quem é o tal “rei”, recomendo a todos um esforço de pouco mais de três minutos, de preferência em jejum, para que conheçam o material que deu origem ao texto citado:


O que em primeiro lugar chamará a atenção dos leitores europeus é a semelhança entre este padrão de consumo e o que observamos nas nações subitamente enriquecidas pelo petróleo no continente africano, afinal, isso não se vê na Noruega (que está longe de ser um exemplo, que fique claro, mas não deixa de ser uma nação com algumas qualidades notáveis). Tal comportamento perdulário associamos aos filhos de ditadores africanos, magnatas russos, multimilionários chineses, actores americanos e jogadores de futebol no velho continente. Seja como for, este padrão de consumo está relacionado com um ganho que exigiu pouco esforço, ainda que denote algum tipo de talento.

sábado, 9 de novembro de 2013

Da eficácia da tradição como bússola da política (5ª parte)

Até se aprende bastante com a leitura dos economistas, 
mas muito mais se aprende contemplando Ambrogio Lorenzetti.

Os últimos tempos não me permitiram continuar os quatro verbetes®  que podem ser lidos nas ligações abaixo:

Da eficácia da tradição como bússola da política: parte 1 - parte 2 - parte 3 - parte 4

Pretendo agora retomar esses posts, trazendo os princípios enunciados a partir de uma análise histórica ao presente e demonstrando como a tradição pode não apenas ser adoptada nos tempos actuais, mas sobretudo nos pode fornecer as respostas para sairmos da actual crise e aproveitarmos as oportunidades oferecidas (não faltam!), voltando a fazer de Portugal a mais próspera nação do universo, mas não só. É bom que fique claro que este não é o objectivo último de um governo orientado pelos princípios da nossa tradição, mas apenas uma consequência da sua acção. Por outro lado, deixo claro que nada disso é possível no quadro do actual regime. Se quisermos ir por aí, e vos garanto que, se formos, Portugal brilhará ainda mais que nos seus melhores momentos passados, a não ser que a fortuna nos desfavoreça com uma guerra ou uma catástrofe imprevista, teremos que retomar o poder (aos que riem diante dessa afirmação, um recado: cresçam!). Mas voltemos ao ponto anterior. 

O bom governo é aquele que persegue o ideal de justiça, e isso garante por si a prosperidade económica a longuíssimo prazo. O governo que persegue a prosperidade material como fim último acaba invariavelmente por se afastar da justiça quando esta entra em contradição com a prosperidade económica, garantindo assim a afluência material no curto, no médio e, por vezes, até no longo prazo, mas no longuíssimo prazo, estejam certos, ao se afastar do ideal de justiça, o governo que persegue a prosperidade material como fim último acaba por minar as bases dessa mesma afluência, afinal, esta assenta na confiança, que por sua vez depende da certeza da justiça, sem a qual a ideia de contracto e a própria civilização são postas em causa, legitimando o espírito de pilhagem nos fortes, gerando a anomia nos fracos, levando a ruína a toda a parte e preparando o caos, a guerra civil e, por fim, a tirania.

No próximo post abordarei o sistema financeiro e a banca. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Desliguem as televisões e parem para pensar

Caros, quero vos fazer um pedido: desliguem as televisões e parem para pensar. Enquanto os senhores continuarem a se deixar influenciar pelo lixo televisivo, não compreenderão o que se passa, o está em jogo e quais são as nossas opções. Assistir a televisão equivale a intoxicar-se com LSD no meio de uma batalha. 

Para que os senhores tenham vos dar uma ideia da gravidade da situação, seleccionei três artigos em português:

Prisão para os gregos que discordem da União Europeia - See more at: http://www.beinternacional.eu/pt-pt/the-week/week/prisao-para-os-gregos-que-discordem-da-uniao-europeia#sthash.jqtkLCFA.dpuf



A primeira notícia, levando em conta a data, mostra mais uma vez o que os promotores da União Europeia e os seus fantoches locais desejam: uma ditadura pan-europeia com instrumentos de opressão mais formidáveis do que qualquer ditadura de natureza semelhante no passado. Poderão alguns leitores achar que o Bloco de Esquerda, ao passar essa notícia, é um partido nacionalista. Ledo engano. O Bloco de Esquerda promove a União Europeia, mas faz o jogo do "uma outra união europeia é possível", denunciando pontos particulares de modo a promover o fundamental. Todos os que fazem este jogo, não tenham dúvidas, são colaboracionistas, ao menos quando falamos das lideranças, dos jornalistas e dos "formadores de opinião".   

A segunda notícia prova mais uma vez que a crise europeia foi provocada com uma intenção clara: levar os cidadãos a um desespero tal que estes estejam dispostos a aceitar tudo o que a União Europeia proponha em troca de uma ilusão de segurança financeira. Escreverei nos próximos dias um artigo explicando como é que a União têm conduzido Portugal ao abismo, de forma a deixar isso bem claro a todos os que desejam entender o que se passa, afinal, não vejo isso em lado nenhum. Os economistas falham, quando bem intencionados, por não saberem nada a respeito das ligações entre o mundo da alta finança e a política, e nem falarei da ignorância destes a respeito da História, enquanto historiadores, filósofos e pessoas de outras áreas falham por serem totalmente ignorantes a respeito da economia. Restrictas às opiniões destes dois grupos, não é por acaso que as pessoas estão todas perdidas. 

A terceira e última mostra o que os agentes históricos que conduzem os destinos do Ocidente têm por objectivo maior: a destruição do cristianismo. Como não sou de ficar por acusações a respeito de cabalas sem dar nomes, atitude que considero adequada a covardes e falsários (os políticos são as duas coisas ao mesmo tempo), farei uma pequena introducção a este grupo de modo que todos possam identificar o inimigo. No topo, estão as grandes famílias do mundo das finanças (Rockefeller, Safra, Rothschild), pouco abaixo, algumas casas reais promovidas por essas mesmas famílias (Windsor, Bernadotte, Orange), passando depois pelos grandes capitães da indústria (Ford, Dupont, Thiessen, Krupp) até chegar à base, onde se incluem os maçons, que mais não são do que paus mandados. Mas isso já vale outro post. O importante aqui é pensar na seguinte questão:  se os governos dominados pelos agentes globalistas por via da maçonaria criaram e promovem os terroristas que agora massacram os cristãos no Médio Oriente, agentes esses que estão por detrás, ainda que por vezes de maneira indirecta, por 200 milhões de assassinatos de civis desarmados e cerca de 60 milhões de mortos em guerras durante o século XX, por qual razão não farão isso connosco depois de obterem a força necessária para tal?

Para vos ajudar a obter a resposta, vos pedirei novamente: desliguem as televisões e parem para pensar!
Prisão para os gregos que discordem da União Europeia - See more at: http://www.beinternacional.eu/pt-pt/the-week/week/prisao-para-os-gregos-que-discordem-da-uniao-europeia#sthash.jqtkLCFA.dpuf

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Qualidades romanas que deixamos de cultivar



Voltei a pegar numa obra que li ainda imaturo, despreparado para absorver alguns factos relevantes para a compreensão do mundo de hoje. Trata-se de "A Guerra dos Judeus", do historiador Flávio Josefo. Mas não é desses factos que desejo tratar, mas de uma pequena passagem do livro que, como ao menos umas boas dezenas de outras passagens, vale por si uma reflexão profunda. A passagem é a seguinte:

Em combate, nada é feito irresponsavelmente nem deixado ao acaso: a ponderação precede invariavelmente a acção, e a acção é sempre em conformidade com a decisão tomada. Consequentemente, os Romanos raramente erram e, quando eventualmente cometem um deslize, remedeiam-no facilmente. Além do mais, acreditam que um plano bem concertado, mesmo que resulte num fracasso, é preferível a um feliz golpe de sorte - o sucesso acidental é uma tentação para a imprevidência, enquanto que a ponderação, ainda que ocasionalmente seguida de infortúnios, ensina utilmente como evitar a sua repetição. E consideram que quem beneficia de um incidente feliz não merece crédito pelo facto, ao passo que os desastres que ocorrem contrariamente a todos os cálculos deixam pelo menos a consolação de não se ter negligenciado nenhuma precaução.

O leitor desatento dos tempos que correm pensará que a tal passagem, em resumo, afirma que os romanos acreditavam que tudo deveria ser planeado e que seguiriam esses planos, invariavelmente, até ao fim, como se de alemães modernos se tratassem. Nada mais errado. A subtileza dos autores antigos só pode ser captada se os lermos com muita atenção e respeito, cientes de que estamos a lidar com gente que economiza em palavras, mas jamais no conteúdo. Pensem na escolha e na ordem das palavras (assinalei as palavras-chave em vermelho).

O que podemos apreender disso é que os romanos não deixavam nada ao acaso, ponderavam a situação e decidiam um plano de acção, agindo depois em conformidade. Dessa maneira, os seus comandantes e soldados estavam prontos para remediar rapidamente os erros, que resultavam de deslizes cometidos, pois tinham um plano de acção ao qual deveriam se ajustar em conformidade, em relação a ele e à situação, que podia sempre mudar e surpreender. Por vezes, como não poderia deixar de ser, o desastre era inevitável, mas dele poderiam tirar lições para evitar cair na mesma armadilha duas vezes. Os leitores modernos não parecem ter entendido esta passagem assim (à excepção de estudiosos da guerra, como Clausewitz), transformando Roma numa espécie de ditadura científica avant la lettre

Nada mais errado. Prestem bem atenção na passagem que diz que a acção é sempre em conformidade com a decisão tomada. Agir em conformidade com uma decisão tomada significa agir com liberdade suficiente para ajustar a acção num certo contexto específico de modo a conformá-la a um plano geral, o que implica uma autonomia dos "oficiais" e, dentro de certos limites, dos próprios soldados. Isso é algo bem diverso do tipo de organização mecânica que associamos aos germânicos, e não tem nada a ver com o caos quase árabe que os germânicos atribuem nos dias de hoje, com muita razão, aos latinos, nos quais nos incluímos. Porém, é interessante notar que isso acontece num tempo em que nos tentam encaixar numa sociedade germanizada. O que vemos, pelo contrário, é a completa anomia. 

Porém, nem sempre foi assim. Pegando num pequeno episódio da nossa história militar, é possível notar a existência desse espírito romano entre nós. Durante as guerras contra a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) no Nordeste brasileiro, o português europeu Dias Cardoso (nascido no Porto), sargento-mor das forças patriotas que hoje é o patrono das forças especiais brasileiras, ao saber que os holandeses doravante iriam lutar dispersos como os luso-brasileiros, disse o seguinte:

"Melhor para nós, pois para os holandeses lutarem dispersos com eficiência, será necessário que para cada soldado exista um capitão, enquanto para nós isto é fácil, porquanto cada soldado patriota é um capitão."

Ao estudar essas "coisinhas", não é difícil descobrir porque estamos tão mal. Agora vos deixo com os bimbos centralistas que meteram em Lisboa. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A verdade da mentira

Era o que faltava: depois de Mr. Drone, um President Terminator! 

Por intermédio do blogue Estado Sentido, tomei conhecimento da notícia abaixo:

Schwarzenegger's next stop: EU president?

A fonte foi a agência France Presse, que pertence à mesma família que controla a Reuters, a The Economist  e o Dayly Telegraph, para ficarmos por alguns poucos exemplos. Quem conhece a história da tal família, e a importância que o domínio da informação privilegiada e dos meios para manipular a informação obtida pelos de fora, imaginará sem dificuldade onde quero chegar. 

O "timming", como tudo o que se relaciona com essa notícia, é suspeito. As razões para isso são várias, mas me limitarei a enumerar as mais óbvias. Em primeiro lugar, estamos a um passo da demolição programada do euro e do dólar, evento que, em minha opinião, pode levar a dois desfechos. O mais favorável aos agentes desse plano é a fundação de uma moeda única para a União Europeia (UE) e as nações do NAFTA (North American Free Trade Agreement), que aos poucos está a evoluir para a UNA (União Norte Americana). Não sendo possível concretizar tal plano, podemos contar com um retorno ao padrão-ouro, evento para o qual as elites ocidentais já se prepararam às custas do confisco inflacionário aos seus povos. Porém, isso levaria a um ainda maior enfraquecimento económico do Ocidente perante o mundo árabe, a Rússia e a China. O retorno ao padrão-ouro é desejável, mas apenas se vier combinado com uma investigação das acções do cartel bancário que leve em conta as acções deste ao longo de dois séculos, pelo menos. Porém, o ideal seria o fim de qualquer padrão, eliminando a possibilidade de manipulação coerciva do mercado cambial. Mas isso é um tema para outro verbete (agradeço ao Orlando Braga por me ter dado uma boa alternativa ao termo post).

Coincidindo com isso, por "mero acaso", há ainda outro factor a ter em mente. O presidente Obama e a Comissão Europeia se comprometeram a concluir, ainda este ano, as negociações do quase totalmente desconhecido Transatlantic Trade and Investiment Partnership (TTIP), plano fundamental para que se torne possível a União Transatlântica:



Posso vos garantir que este passo será ainda mais fácil do que os passos iniciais da União Europeia. Ao contrário desta, que levou décadas para gradualmente mostrar as garras e obter o poder de fisco, a nova união, que desta vez será proposta como a salvação do Ocidente, já nascerá com o poder de tributar. Estou convencido de que em breve teremos a aprovação da tal taxa Tobin e também que o esquema dos créditos verdes será usado para custear esse novo avanço do totalitarismo globalizante. 

É a partir do domínio dessas informações que podemos entender o significado da publicação dessa notícia, aparentemente inócua, em todos os jornais guiados pela France Presse. Nada melhor do que um austríaco com fama de nazi, naturalizado americano, popular e ainda por cima ex-governador de um estado da união americana, onde ambiciona a presidência, para figurar num teste à reacção dos europeus a uma ideia que se ajusta na perfeição ao objectivo de submeter todos os povos do Ocidente a um imperialismo a partir de dentro. Por outro lado, ficamos a saber o perfil que procuram para um possível papel de presidente da União Transatlântica. Não consigo imaginar nada mais adequado, levando em conta o que isso fará pelo Ocidente, do que Presidente Exterminador.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O mundo mudou, mas os jornalistas continuam na mesma

Tivéssemos seguido a política anterior, seríamos credores 
e teríamos umas 3.000 toneladas desse metal nos cofres do Banco de Portugal.


Pelo que consegui apreender da pauta de discussões imposta pelos media para as massas, o teatro em torno da aprovação do orçamento foi o grande destaque. A brasa, como não poderia deixar de ser, foi puxada para a sardinha do Obama, e a culpa pelo descalabro, cada vez mais difícil de esconder, recaiu sobre a tal direita ultra-conservadora.

A verdade, essa ficou bem longe das televisões e jornais. A república americana quebrou e não tem condições, ao menos enquanto não houver uma mudança profunda, de se reformar. Portanto, o caminho escolhido é o do endividamento, da inflação e do aumento de impostos, o que trará ainda mais desemprego e aumentará a dependência do estado da parte de milhões de famílias que vivem de subsídios.

A China, que é o maior credor dos EUA, aproveita o momento para renegociar os termos da sua parceria com Washington. Ao mesmo tempo que dá a entender que continuará a comprar títulos do tesouro americano, dá carta branca aos jornais e revistas para que ataquem os EUA e até permite que agências de rating locais, também controladas por interesses ligados ao aparelho de estado, baixem a classificação da dívida americana. Nessa campanha, até ministros de estado têm participado, contrariando a tendência à discrição que caracteriza os governantes chineses:

sábado, 5 de outubro de 2013

Liberalismo ou socialismo? Tanto faz. É tudo a mesma mer...cadoria estragada

Seguindo a via "liberalex" ou "socialex", acabaremos assim.



Ao tomar ciência de um artigo de jornal por intermédio de um post do Orlando Braga (aqui), me deparei com um mais exemplo típico de periodismo de propaganda, do tipo que visa distorcer a visão do público e induzi-lo ao erro, recorrendo à omissão descarada de todos os factos que ponham em causa as soluções propostas, implícita ou explicitamente, de modo a facilitar o avanço de uma agenda claramente desfavorável à maioria.
O artigo citado mente dizendo verdades, repetindo o esquema usado abusivamente pelos liberais. Ao defender a convergência, o que significa igualar os custos de produção em Portugal aos dos concorrentes por via da redução dos custos de trabalho, ou melhor, tornar esses custos menores que os dos concorrentes, o jornalista induz o leitor a pensar que os custos de trabalho e o salário são a mesma coisa, quando na verdade o salário é apenas uma fracção dos custos de trabalho.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Caras" ou Coroa?

 Esse aí, ao lado do "marido/esposa",

Foi o estudo que me abriu os olhos para a superioridade de um certo tipo de monarquia em relação a todos os modelos de república, sem por isso deixar de admirar a sabedoria inerente à constituição de algumas repúblicas que passaram pela história. A bem da verdade, certas repúblicas foram formidáveis, coisa que não posso dizer de nenhuma dessas monarquias liberalóides que povoam a Europa contemporânea. Cincinatos, Cipiões e Cíceros estão num patamar inacessível para os monarcas idiotizados e políticos profissionais desses regimes que muitos dizem ser exemplares. Para mim, se constituem um exemplo, é pela negativa. Pelos seus fructos sereis conhecidos, e agora os fructos estão bem maduros e podem ser saboreados. Abaixo dou dois exemplos de notícias recentes que mostram bem o que se passa nessas monarquias modernaças: 


La Princesa de Asturias ordenó que sus hijas, Leonor y Sofía, no recibieran educación católica

Infelizmente, tal assunto é tabu entre uma certa geração de monárquicos bem integrados no regime, ou mesmo agentes dele, que nada mais deseja do que continuar um debate académico inócuo, ao qual ninguém liga, ad aeternum, ou, na melhor das hipóteses, até o dia em que o regime, se isso der jeito, resolva trocar um presidente por um "rei". Esquecem de uma coisa: quem faz um rei por conveniência, também o depõe por conveniência. 

 é o mesmo daqui, no meio dos garotões.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O lado oculto do "affaire" Síria




Perante o virtuosismo com que a liderança russa perseguiu os seus objectivos em relação à Síria, encurralando a administração Obama, com o cuidado de deixar uma porta aberta para esta, de modo a evitar um conflicto desnecessário, ainda assim ficaram muitas perguntas por responder. Entre os aspectos que me intrigam, destaco a resolução russa. Seria tudo apenas um bluff ou estaria a liderança russa verdadeiramente disposta à guerra?

Com o que sei, num primeiro momento, concluí que os russos falavam a sério, porém, quando investigamos o poder militar, especialmente de nações como a Rússia e a China, mas nem por isso muito menos no que toca ao Ocidente, temos que contar sempre com a desinformação e a ignorância a respeito de factores que podem ser fundamentais, afinal, na guerra, mais do que em qualquer outra actividade humana, o segredo é a alma do negócio. 

domingo, 29 de setembro de 2013

Público: o Avante dos bilionários

Na verdade, são cinco... 

Quem "acha" que um sujeito que possui uma macieira e troca algumas maçãs por uns pêssegos do vizinho sem declarar nada comete um crime, estará de acordo com o texto abaixo:


De acordo com o que defende, implicitamente, o autor do artigo, o correcto seria que o dono da macieira declarasse a sua produção e fizesse uma venda ao vizinho, pagando o IVA, para depois comprar os pêssegos do vizinho, pagando novamente o IVA. 
Tudo isso faz parte de uma campanha mundial que visa abolir o dinheiro físico e estabelecer o controlo total dos recursos e da mão-de-obra, acabando de vez com as liberdades que ainda restam aos comuns mortais em favor da expansão dos direitos de uns poucos. As recentes proibições de sementes naturais, o mapeamento dos poços, os novos impostos sobre as terras vizinhas aos rios, a criação da ASAE, o obrigatoriedade de emissão de facturas nos cafés e a unificação dos dados pessoais em cartões com dados biométricos são reflexos locais de um mesmo plano de alcance global, obviamente promovido pelos que têm condições de agir globalmente, ou seja, toda aquela gente que costuma dar a cara em Davos e anualmente encontra os seus empregadinhos da política nas famosas reuniões Bilderberg. 
O artigo, propositalmente, nada revela a respeito de uma outra informação que deveria ser cruzada com a evolução da estimativa da dimensão da "economia paralela", que nada mais é do que o que restou da economia livre, praticada pelos populares desde tempos que precederam a constituição do Estado e da própria nacionalidade: a evolução histórica da carga fiscal. Pela sua leitura, ficamos a saber que a tal "economia paralela" cresceu de 9,3% do PIB em 1970 para 26,74% em 2012, mas nada é dito do facto de que a carga fiscal ter sido aumentada de 17% do PIB, até 1974, com um significativo saldo nas contas públicas e uma dívida insignificante e em queda, para cerca de 42% do PIB em 2012, com um défice nas contas públicas de cerca de 10% e uma dívida pública acima dos 150% do PIB e totalmente fora de controlo. A razão dessa omissão é a necessidade de reforçar uma velha máxima do regime que ouvimos na boca de muitos tolos: se todos pagassem impostos, todos pagariam menos. Na ignorância da evolução histórica, isso pode parecer real, mas na posse deste conhecimento, sabemos que a máxima está incorrecta e que a realidade é a seguinte: se todos os escravos do fisco pagassem mais impostos, mais ainda gastaria o estado perdulário, maior seria a capacidade de endividamento e mais rápida e drástica a queda de Portugal.
Porém, há algo ainda mais perverso nisso tudo. A respeito do facto de que aqueles que mais gritam contra a evasão fiscal e contra a "economia paralela" não pagam impostos, ou recebam mais recursos do estado do que devolvem em impostos, não há uma única referência, afinal, todos sabemos que o grupo SONAE, pertencente ao empresário Miro, o malandrão, que por acaso é proprietário do pasquim Público, famoso pela sua defesa descarada do saque fiscal, tem sede fiscal na Holanda.

Portanto, quando ouvirem os super-ricos falando em aumentar o controlo fiscal sobre os "ricos", saibam que eles estão a se referir aos remediados. Os super-ricos não apenas se alimentam dos impostos e do Estado, por via de subsídios, monopólios, acesso privilegiado à justiça e leniência em relação às dívidas fiscais, e não só, como também fogem da opressão fiscal por eles criada, recorrendo à transferência da sede fiscal das suas empresas para as nações que detém permissão de Bruxelas para praticar o que se pode chamar de "mercantilismo fiscal" ou passando os seus bens para fundações, esquemas previamente tornados inacessíveis à maioria esmagadora dos cidadãos, incluindo os milionários com fortunas abaixo de uma dezena de milhão de euros. São os que estão por cima desse patamar que se beneficiam do sistema.

Quanto ao nosso futuro, se não desmantelarmos o actual regime e continuarmos dentro da União Europeia, parte dele já pode ser observado noutras nações. Na Itália, pessoas são abordadas subitamente por agentes à paisana em motocicletas à porta das lojas e até dos hotéis, sendo obrigadas a mostrar as facturas e pagar multas se não as apresentarem, abordagem essa que classifico, sem sombra para dúvida, como banditismo. Por lá, nenhum pagamento acima dos 900 euros pode ser feito em dinheiro, a não ser que o comprador faça uma declaração para o efeito, ficando sujeito a uma fiscalização ainda mais agressiva do que é usual. Na Suécia, o debate sobre a abolição do dinheiro físico, obrigando todas as transacções a passarem pelo sistema bancário, o maior interessado nessa espécie de socialismo, segue adiante e já se ouvem vozes a pedir isso em todos os países do Ocidente.

Os efeitos dessas medidas - ainda incipientes - na vida dos portugueses foi devastador, como prova o sector da restauração. Se o Estado controlasse toda a economia, a crise actualmente vivida seria ainda mais terrível. A actividade paralela permite que ainda haja uma economia razoavelmente livre e ao alcance de todos, para além de aliviar o fardo de muita gente que não conseguiria sobreviver apenas das suas actividades vigiadas. O artigo abaixo é um pequeno exemplo do que se passa longe dos gabinetes dos auto-proclamados defensores do empreendedorismo. Os factos provam que são eles os seus maiores inimigos. Quem nega isso, não sabe do que fala:


    

Caveat emptor

Confesso que tenho dificuldades em acreditar que no mesmo dia, por acaso, surjam notícias que mostrem o primeiro-ministro e o seu maior opositor em situações semelhantes. Olhando para o que se passou, estou inclinado a pensar que o primeiro-ministro foi apanhado desprevenido por uma militante profissional, de modo a expor a sua faceta mais antipática (ver o meu post de ontem), para contrastar isso com a postura do senhor Seguro, que foi bem preparado para o momento "espontâneo". 

No meio disso tudo, sobressai a falta de qualidade dos caciques do PS naquilo que eles são especialistas: dar golpes. A artificialidade da situação e a péssima actuação de Seguro saltam à vista de qualquer um, incluindo os mais distraídos:


Quanto ao "choro", isso me faz pensar no artista que introduziu esse elemento na política brasileira, Lula da Silva, homem tão sensível e cheio de amor que chegou a namorar cabritas solitárias nos tempos em que se esforçou por ser o Don Juan do agreste. 

Quem quiser, que os compre, e não venha reclamar depois.

domingo, 22 de setembro de 2013

Algumas palavras sobre a “unificação” italiana




Aquele médico de avental, amigo das criancinhas, pagará um bom preço por essa cabeça.


Não entro em discussões a respeito de temas que não domino, por isso, nada direi a respeito das posições teológicas dos meus colegas, me limitando a aprender algo a respeito do assunto. A discussão em torno da natureza da Trindade transcende de largo os meus conhecimentos, assim como a questão da Infabilidade Papal. Tudo o que conheço a respeito desses temas foi adquirido a partir de leituras sobre outros assuntos onde essas questões eram tratadas por alto, e isso, para mim, é insuficiente. Ao longo da minha vida, aprendi que o conhecimento adquirido em artigos, monografias, discussões, aulas e documentários pode muitas vezes estar em contradição com o que apreendemos quando vamos investigar o assunto por conta própria, absorvendo tudo o que foi escrito a respeito dele.

Dito isto, passo para um tema abordado tangencialmente num post do Orlando Braga a respeito da infabilidade papal, que não põe em causa o que foi escrito pelo mesmo a respeito da infabilidade, o que não estou em condições de averiguar, e nem coloca em causa a possibilidade de que a Santa Sé agiu motivada mais por considerações de poder do que por outras  razões relativamente à dita unificação italiana, apesar de muitos factos desmentirem essa hipótese. Porém, o mesmo não pode ser dito do movimento por detrás do risorgimento, que, aparte as motivações de idiotas úteis seduzidos pela retórica liberal e socialista, foi exclusivamente um movimento de busca de poder e recursos.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O "ataque preventivo" russo



A firmeza e a clareza da política externa russa, que de nenhum modo a cristalizam, contrastam com o que observamos no Ocidente, onde, apesar de haver um objectivo final comum às elites que comandam os seus destinos, o que se observamos é uma série de ajustes que denunciam mais a sua falta de conexão com a realidade, levando a uma improvisação constante diante de circunstâncias inesperadas, do que flexibilidade e capacidade de adaptação. A impressão que tenho é que os planos globalistas das elites ocidentais são tão rígidos que não podem parar sob o risco de pôr tudo em causa, assim, o que vemos agora é uma espécie de fuga para a frente, ou suicídio. Isso tem vários consequências, incluindo a previsibilidade.
Hoje tomei conhecimento de mais uma jogada russa que antecipa um possível movimento das elites globalistas:


Assim, mais uma porta se fecha aos globalistas ocidentais, porém, os russos trataram de deixar uma outra porta aberta: a de uma retirada do Ocidente sem grandes danos para a imagem de Obama. É isso o que fizeram com a revelação de uma possível operação de falsa bandeira contra Israel, em simultâneo com a proposta de fazer a Síria entrar na Organização de Proibição das Armas Químicas e permitir o controlo dos seus estoques desse género de armamento. Para que não fiquem dúvidas de que nada disso é fortuito, recomendo a todos que se preste atenção às datas e horas dos anúncios a que o artigo faz alusão. Resumindo: Putin fez mais uma jogada de mestre ao fechar uma porta e ter o cuidado de manter outra aberta, de modo a não encurralar o adversário. Se nada de inesperado acontecer, terá alcançado uma victória sem guerra. Isso é para poucos...

Algumas reflexões a respeito da possível "Expedição da Síria"

A Civilização Ocidental: De Alcibíades a Droneman...

Às vésperas de uma possível Expedição da Síria, decidi voltar ao episódio da Expedição da Sicília, em que os atenienses, influenciados pelo grande general, orador e estadista Alcibíades, tentaram um golpe ousado que poderia ter garantido a victória contra Esparta e o estabelecimento de uma Pax Ateniensis que anteciparia as glórias colhidas por Alexandre. Do ponto de vista político, militar e económico, o plano era magnífico, mas a Fortuna acabou por condená-lo desde o princípio, a começar pelo próprio Alcibíades, cuja ὕβρις parece ter despoletado a ira do panteão olímpico. 

O que me despertou esse interesse foi a diferença entre as condições iniciais de tal expedição, ardentemente desejada pelo povo ateniense, e as condições em que o governo americano se encontra hoje, começando pela massiva oposição popular. A expedição ateniense foi bem planeada, mas faltou ousadia na requisição de tropas, navios e suprimentos pois a certeza do sucesso de tal operação, aliada à resistência contra o desperdício de recursos e o medo de se exigir demais, levou a uma parcimónia excessiva, falha que poderia ter sido facilmente resolvida num quadro diverso. Todavia, a fortuna foi desfavorável e selou o destino da mesma. Ainda antes de começar, esta perdeu o seu comandante, Alcibíades.