quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Algumas palavras a respeito do falecimento do senador John McCain

Sem sombra de dúvida, foi um político à altura de um Rebelo de Sousa ou de um Costa,
apesar de ter sido realmente importante...


Cada vez mais me imunizo contra o sentimentalismo em questões de política, o que está bem longe de não atacar com veemência meus antagonistas e inimigos ou não apoiar com firmeza os aliados, portanto, não estou minimamente interessado em repetir o que todos os que condenam McCain estão fazendo.

Tentarei fazer um exercício diverso que consiste em saber, sem ligar à minha posição em relação ao que defendia McCain, se ele foi um mero político bem conectado cuja imagem foi promovida pelos media ou se realmente foi algo para além disso. Para que entendam onde quero chegar, vos contarei uma história.

Ao saber da morte do grande Cardeal Richelieu, um estadista de primeira ordem que assegurou para a França uma posição de proeminência que duraria uns 200 anos, o que é um enorme êxito em termos históricos, ainda mais quando consideramos a acção desastrada de vários dos seus sucessores (a começar por Luís XIV), o Papa Urbano VIII disse algo do tipo:

- Se Deus existe, o Cardeal terá muitas contas a prestar a ele, caso contrário... bom, teve uma vida recheada de sucessos.

É dentro desse espírito que consigo admirar Ciro, Péricles, Temístocles, Sérvio Túlio, Cincinato, Quinto Fábio Máximo, Cipião, Mário, Sula, Júlio César, Constantino, Dom João II, Oda Nobunaga, Ieyasu Tokugawa, Richelieu, Talleyrand, Metternich, Disraeli, Bismarck, Theodor Roosevelt, o Barão do Rio Branco, Getúlio Vargas, Estaline, Kissinger, toda a liderança chinesa desde Mao Tse Tung e Vladimir Putin. Aqui não entram considerações morais, simpatias políticas ou qualquer coisa que não seja a sagacidade desses indivíduos e a capacidade dos mesmos de não perderem o norte mesmo no meio do turbilhão da política, que muitas vezes coloca o estadista numa posição extremamente difícil que por vezes o historiador, com todo o tempo de mundo para estudar e reflectir uma situação, sem nenhum tipo de pressão resultante da responsabilidade e conhecedor dos desenvolvimentos posteriores, tem dificuldade para perceber. Tal e qual o general em batalha, o estadista, usando a linguagem "clausewitiana", é obrigado a agir no meio da "névoa da guerra".

Voltando a McCain, a verdade é que, infelizmente, se trata de uma perda facilmente substituível, o seja, estava ao nível de qualquer político português ou brasileiro.

4 comentários:

  1. Obrigado por fornecer esses nomes para maior estudo e aprofundamento. Em tempos de Bolsonaro e Lula, são um grande alento.

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  2. O que acham sobre o Kim Jong-Un e os outros dois líderes da DPRK?

    Apesar de todos os problemas, aquele é um dos países mais interessantes de pesquisar se souber escapar das lendas e exageros.

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  3. Se nota que os manipuladores têm uma geopolítica cuom clarividência que não é humana, com paciência e longo prazo que só seres catalépticos seriam capazes.
    Portanto a estratégia superior desses líderes se deve a suporte de seres alienígenas, não necessariamente extraterrenos.

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