O Grande Jogo chegou à América do Sul. Deixem de ser provincianos!
Há muito mais para se dizer a
respeito do que se passa em relação ao desmantelamento de todos os pilares da soberania brasileira, mas fico por cá e agora abordo as eleições. Dos nomes
confirmados, só nos interessam quatro, ainda que um seja incerto devido à
prisão. São eles: Lula da Silva, Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes. Marina, no fundo, é apenas um peça que serve para frear uma das candidaturas, o que explicarei posteriormente. Desses
quatro nomes, que são os que contam, três estão nas mãos de interesses
internacionalistas: Lula à esquerda, Jair Bolsonaro è direita e Geraldo Alckmin ao centro Sendo assim, apenas Ciro Gomes representa uma candidatura
“nacional”, se colocando ideologicamente como centro-esquerda (da minha parte, concluí que tais classificações são inúteis, a não ser para perceber como o eleitorado é manipulado). Da minha parte, folgo em saber que Ciro, naquilo que mais divirjo
com ele, que são questões religiosas, morais e culturais, se compromete a agir
em respeito aos valores da maioria do povo, se recusando a ser um déspota esclarecido. Mas voltemos ao foco. Quem acompanha o blogue, sabe que há anos, desde antes do impeachment de Dilma
Rousseff, alerto para o perigo da polarização, para os objectivos por detrás
disso e também para os perigos que o Brasil corre, incluindo uma guerra civil.
Pois bem, desde então a polarização só aumentou e a campanha presidencial vai
levá-la ao rubro. Quanto ao impeachment de Dilma, fui contra, ainda que fosse
um opositor duro do PT e dos seus governos, que na minha opinião perderam a
maior janela de oportunidade para um projecto nacional de desenvolvimento dada
ao Brasil desde o fim do regime militar. Em nome da política, muito se desperdiçou,
pouco se fez e mesmo estes ganhos correm o risco de serem perdidos nessa crise, na qual o PT tem farta responsabilidade.
O elemento fundamental para a
continuação da intensificação da polarização foi a decisão de Lula se candidatar. Estivesse ele
interessado no futuro da nação, estaria exigindo que os mesmos critérios usados
para o julgar fossem estendidos à toda a classe política ao invés de se colocar
na posição de mártir. Lembro que aqui, apesar de toda a minha oposição ao
governo Lula, quando ainda escrevia no blogue O Gládio, e ao governo Dilma
Roussef, fui contra a campanha pelo impeachment e defendi que seria melhor
deixar o governo Dilma, enfraquecido, numa crise de legitimidade e incapaz de propor o que fosse e fazer grandes danos, chegar ao fim. Tivesse isso acontecido, jamais Lula seria
cotado para uma nova presidência e o PT estaria condenado a uma geração afastado
do poder, tal como era sentido nos momentos finais do governo Dilma. Ao invés
disso, o impeachment aconteceu e agora, também graças à acção do agente Moro,
temos um mártir que, levando em conta que a população é levada por sentimentos
e tão facilmente quanto condena, perdoa, chegará quase de certo ao segundo
turno se conseguir concorrer nas eleições. A crise actual só favorece esse
cenário. Se não puder ser candidato, Lula, ainda assim, conseguirá colocar o
próximo governo numa posição difícil e, ainda por cima, colocará a legitimidade
das eleições em causa. Qualquer pessoa que reflicta sobre isso só pode concluir
que Lula age contra os interesses do Brasil e coloca lenha na fogueira quando a
nação mais precisa de serenidade! Bom para os interesses que visam transformar
o Brasil num imenso Congo... Mas a verdade é que desde os tempos da Carta ao
Povo Brasileiro, a farsa Lula caiu por terra, ficando claro que ele não passa de
uma carta na manga da banca internacional. Infelizmente a esquerda, em termos de fanatismo e estupidez, nada deve à tal direita que ressurge agora em torno de Bolsonaro, e até dá lições. O guru de Bolsonaro, nos tempos de juventude, foi um agitador comunista. Digamos que deixou de ser comunista...
Quanto ao Sr. Jair Bolsonaro, que, apesar de todos os
improvisos e falta de visão em relação a vários pontos essenciais para o
Brasil, já deixou bem claro de que lado está tanto na escolha da sua equipe
económica como em várias intervenções em que descaiu,
para não falar de episódios ridículos como aquele em que bateu continência para a bandeira americana (nem no mais servil país da NATO eu consigo imaginar um militar fazendo o mesmo!). Bolsonaro é
favorável à venda das empresas nacionais a grupos estrangeiros, a começar pela
Petrobrás (notem que não sou um defensor do actual modelo de gestão dos
recursos minerais e do petróleo no Brasil), e já afirmou publicamente que
também é favorável à venda de parcelas da Amazónia, incluindo a cedência da soberania sobre o território. Pobre Alexandre de Gusmão, e pobre Barão do Rio Branco! Fossem vivos, provavelmente seriam chamados de comunistas ou agentes chineses por essa direita simiesca que se junta em torno do capitão asno. E agora, para não deixar
dúvidas de que lado está, o asno escolheu para vice o general Mourão, velho conhecido do blogue, confirmando, mais uma vez, a maldita capacidade de intuição que me atormenta!
É mais do que claro que se estabeleceu
uma relação simbiótica entre as duas candidaturas, e daí os acenos favoráveis de tantos poderes internacionais. A subida do apoio a
Bolsonaro, que pode continuar graças à escolha do general Mourão para vice, já
que Mourão é inteligente, articulado e bom organizador, qualidades que faltam a
Bolsonaro, ajuda a Lula pois ele, o nome mais forte à esquerda, passa a ser
visto como o único capaz de bater o "capitão", representante de um suposto e
ameaçador fascismo. Bom, talvez um fascismo como o que Soros ajudou a tomar
conta de Kiev após um golpe que o seu mentor, Olavo de Carvalho, desejava que
servisse de exemplo para as massas que pediam o impeachment, ou algo mais "romeno". Por outro lado, o retorno de Lula é percebido por uma
significativa parcela da população actualmente inclinada para a direita como prova
cabal de que o Brasil é um país comunista e que o Foro de São Paulo é uma
organização que tem por objectivo fundar uma URRS na América Latina, o que
fortalece Jair Bolsonaro.
E agora foi introduzido um
terceiro elemento na disputa, o insignificante, insosso, corrupto e
internacionalista associado do crime organizado Geraldo Alckmin, que será
o candidato com o maior tempo de antena disponível. Alckmin aparece então como
o "candidato moderado", capaz de despolarizar o Brasil e mais técnico, ao menos
na percepção de parte do público. E por detrás de tudo isso, temos os
interesses internacionais, que jogarão com todas essas candidaturas de modo a
obterem o máximo possível de cada uma, em detrimento da nação. Melhor ainda será se o próximo governo for a garantia de uma grave crise, e é isso o que vejo acontecer em qualquer cenário em que vença um candidato internacionalista. Um governo Alckmin pode parecer garantia de maior serenidade, mas a verdade é que pode ser ainda mais facilmente desestabilizado do que foi o governo Dilma pois ele está completamente comprometido, seja por "lawfare", seja por "pressão popular". E com aquela capacidade de mobilizar massas do Alckmin... Para os poderes
internacionais, quanto pior estiver o Brasil, ou seja, quanto mais dividido e
enfraquecido estiver, tanto melhor pois assim terão a sua margem de negociação
incrivelmente aumentada. (a continuar numa parte 3)