sábado, 8 de setembro de 2018

Lembrando aos novos leitores o que escrevi em 2014 (e ainda há quem pague para ler jornais!)

Se fosse possível, votava nele!

Em primeiro lugar, desejo agradecer a todos os meus leitores por me receberem tão bem após um longo período de ausência. Precisei disso para reflectir melhor sobre a realidade e refinar as ideias. É com enorme satisfação que constato que o interesse do grande público no blogue Prometheo Liberto se manteve, apesar do longo período de descanso, e aumenta exponencialmente desde que retomei a escrita. Se não estivesse bloqueado no Facebook, onde costumo divulgar os novos textos para os leitores do Prometheo, creio que já teria quebrado a barreira das 10 mil visitas diárias. Lá chegaremos em breve pois já vamos nas 4.000 visitas diárias e o interesse é crescente. Muito obrigado!
Levando em conta que muitos devem ser novos leitores, faço questão de lembrar um texto que escrevi em Março de 2014: 

Desde então, mudei bastante a minha perspectiva política, abandonando todas as palas ideológicas que me cegavam para a extrema complexidade do mundo e me tornando mais pragmático, mas de forma alguma um cínico. Só tenho pena de não ter conseguido abrir os olhos de muitos palermas com os quais cheguei a ter projectos em comum, alguns dos quais chegaram a escrever aqui antes de os mandar para o diabo, literalmente. Quanto ao tal Foro de São Paulo, constatei que não passava de um fórum de discussões incapaz de qualquer articulação, como atesta a derrota esmagadora da esquerda e a extraordinária viragem à direita de grande parte do continente sul-americano. No fundo, é algo ainda menos importante do que as reuniões Bilderberg, que não passam de um evento onde os poderosos (bilionários e mentores políticos) se encontram com os paus mandados (políticos) para os sondar ou passar orientações gerais. O jogo é muito mais fluído do que imaginava então, assim como a variedade de grupos de poder e de divergências entre os mesmos grupos. Para além do estudo, me envolvimento na política, ainda que no bastidores, foi essencial para aprender essas cosias que não são ensinadas em nenhum livro.

Dicto isto, desejo lembrar algumas coisas a respeito do Brasil. Não se pode compreender o que se passa sem se olhar para a multi-secular Questão da Amazónia numa perspectiva geopolítica, que leve em conta o gradual enfraquecimento da posição americana no Médio e no Extremo Oriente, as "primaveras", a ascensão chinesa e russa, a desorientação europeia, a fragilidade do "padrão-dólar" e a tentativa de reorientação da política externa americana para uma forma musculada da Doutrina Monroe, mas desta vez incluindo a África Subsaariana. Como aqui mostramos várias vezes, interesses externos sediados nas mesmas nações, com destaque para as nações da OTAN/NATO, incentivam tanto os incendiários à direita quanto os incendiários à esquerda (por vezes coordenadamente, por vezes ao improviso, mas com o mesmo resultado), ao mesmo tempo que também dão (e deram) apoio financeiro e intelectual a todo tipo de grupos como os sem terra, os sem tecto, os quilombolas, as feministas, os anarquistas, os nazis, o movimento racialista afro, os separatistas sulistas e também os paulistas. No fundo, é a velha táctica do divide et impera na era das redes sociais, dos mass media e da sociologia...
Ou seja, o Brasil é um barril de pólvora, não interessando o que vai acontecer depois dele explodir. Seja qual for o arranjo sob o qual o Brasil venha a ser reordenado se houver um explosão, os tubarões que desejam abocanhar o Brasil ficarão a ganhar. Caros, minha recomendação aos senhores é a seguinte: menos jornais e mais Barão do Rio Branco!

P.S: Agora tentem imaginar se os manifestantes do impeachment tivessem seguido a sugestão de Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro, de adoptar a solução ucraniana no Brasil e tomar o Congresso... que bela guerra civil teríamos agora... Soros, está na hora de dar um cheque ao cabalista da Virgínia, como dás aos amigos dele na Roménia;) 

2 comentários:

  1. Eu que agradeço por você ter voltado a escrever! Textos escritos com inteligência e sem cegueira ideológica é o que nós precisamos.

    Aproveito para sugerir, no futuro, uma espécie de lista de recomendação de livros e outros materiais de pesquisa, para que nós possamos começar a estudar e entender o complexo mundo em que estamos metidos.

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  2. Bom dia Carlos, concordo plenamente com grandes parcelas do que afirma e expõe, principalmente no que diz respeito à condição da separação do Reino Unido, mas pergunto: qual o fundamento do descalabro quando confrontado? Mesmo os energúmenos do naipe dos “fascistas” brasileiros, o primeiro cepo do mundo anti-nacional, o que os faz a todos bestas quadradas tais e quais as fantochadas com os alentejanos ao gosto dos alfacinhas, são objeto de vitupérios graves e os discordantes de si tratados como lorpas Ou apedeutas mas sobretudo néscios incuraveis, o que em absoluto corresponde à realidade. Ademais, independentemente da óbvia entrega da AL aos US como pagamento pela paz mundial, não creio haver unidade de desígnios generalizados mas uma pletora de interesses concorrentes sendo utilizados por varias correntes políticas em todos os lugares do planeta, com os detentores do poder/ $ tentando as usar ao bel-prazer e mesmo elegendo presidentes em superpotências. Digo-lhe então que não se comporte como os bolsonari et caterva. Mesmo que seja tentador não os xingue porque é a vitória dos imbecis. E também não menoscabe àqueles que porventura não tenham o mesmo ponto de vista, ideia defendida inclusive pelos russos pré-revolucionários como o prof. Kvosthov, sempre tão combativos.

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