quarta-feira, 4 de junho de 2014

Um belo dia!

Quando chegar a hora em que tudo parecerá perdido, eles aparecerão!


Hoje foi um dia de trabalho árduo, mas compensou. Fui dormir às quatro e meia e tive de me levantar às sete para acabar trabalhos que costumo fazer em dois dias, de modo a poder passar a tarde com um amigo que finalmente conseguiu finalizar as exigências relativas a um pedido de equivalência do seu diploma. Tive ainda de passar horas com ele nas finanças para completar umas formalidades, mas o fiz com toda a satisfação pois esse amigo, num momento de dificuldade extrema, me deu a mão e disse que poderia contar com a sua ajuda para tudo. Agora, uma coisa interessante. Outras duas pessoas me estenderam a mão naquela época, e os dois possuem algo em comum com o amigo de hoje: são ex-legionários. É aqui que as coisas começam a ficar interessantes, afinal, não pude ir, por ter de auxiliar a família numa luta árdua de cariz político (mais politiquice de paspalhos que se acham invisíveis do que propriamente Política), para a Legião, o que considerava como uma espécie de rito necessário para ser um historiador a sério, mas a Legião veio até mim. 

Para além dos legionários, também travei uma bela amizade com um ex-spetsnaz que se apaixonou por Portugal. Ninguém imagina que o cavalheiro, cordial como poucos e com um sorriso invulgarmente simpático, tem um currículo extraordinário de acções em combate, especialmente porque chegou a trabalhar nas obras quando cá chegou. Agora, faz algo melhor e está ambientado, demonstrando bastante espírito. Fala muito bem, mas nunca deixou de falar como um russo. Por vezes, quando diz algo, preciso de um segundo para "pescar" o isco, e por vezes, confesso, preciso de mais tempo. E tem um lado russo que a gente não vê em muitos russos, do tipo que a gente olha e pensa: é esse o tipo que sobreviveria num gulag. Enfim, carrega o seu lado de tragédia, algo um bocado incomum para nós, acostumados a viver em tempos melhores, mas é um homem bom. Se as velhotas da aldeia soubessem do seu passado... Bom, sei que a maioria dos meus amigos não acredita em bruxas, mas eu acredito, e agora vem a parte esquisita da história. Tive um sonho, coisa que não acontecia há muito, bastante estranho. Estava só num buraco cheio de ossos e com um cheiro terrível atirando contra um monte de seres híbridos, os corpos eram humanos, mas as faces eram de cobras. Estava cheio de ódio e disparava com uma raiva invulgar, frustrado por não fazer mais estragos com a minha arma, que acabou por ficar sem munição. Fiquei com mais raiva e passei a jogar tudo o que tinha contra aquelas criaturas horríveis, que por alguma razão me queriam destruir. Lembro de chegar a atirar todos os ossos, cada vez mais raivoso pela frustração de nada conseguir fazer contra aquela legião, e de ficar sem pele nas mãos por arrancar todas as pedras do chão para arremessar. Comecei então a usar os punhos e até a cuspir, ainda mais frustrado por nada conseguir, até que lembrei que tinha uma granada no pescoço, presa pela cavilha num cordão que costumo carregar (sem a granada, logicamente;). 

Fiquei contente pois aí soube que o meu sacrifício seria compensado com a morte de toda aquela legião infernal, justo no momento em que ela se deliciava com a minha carne. Foi justamente aí que apareceu um guerreiro gigante, cuja beleza e imponência era simplesmente indescritível. No último momento, quando tudo parecia perdido e havia aceite o meu sacrifício, afinal, seria compensado, fui salvo por aquele guerreiro. Sei que muitos imaginam que exagero quando afirmo que estou convicto de que estamos à beira de uma guerra mundial, mas estes são cada vez menos pois as notícias não auguram nada de bom, porém, aceitar essa possibilidade não nos deve conduzir ao desespero. Muito pelo contrário!

Somos uma raça que só encontra ânimo na luta desigual, e não faltam pessoas com capacidade para lutar por aqui. Estou convicto de que, caso venha a bronca, o velho espírito que conduziu os nossos antepassados à victória contras as legiões invictas de Napoleão renascerá. Também os nossos antepassados se depararam com uma ameaça que parecia imparável. Lembrem que as legiões de Napoleão eram consideradas imbatíveis e tinham recentemente saído victoriosas de Jena, Austerlitz e Wagram. Em 1808, nos levantamos contra eles e demos uma surra no exército multinacional de Napoleão, só com a força moral do povo, e mostramos o que o espírito humano pode, bem antes do tirano ter metido os pés na Rússia (1812), que mais não fez do que replicar a estratégia que por cá adoptamos (a terra queimada e as linhas de Torres Vedras), mas com a vantagem do terreno e do inverno russo. Não precisamos da União Europeia e nem da Nato. Nada trazem a não ser a inimizade de potências poderosas, sem sequer oferecer segurança em troca da pilhagem. A Suíça deveria servir de exemplo, e se quisermos a paz, basta deixar bem claro que, se for preciso, estamos dispostos a nos explodir para levar connosco qualquer imbecil que se atreva a tomar o que os nossos antepassados nos legaram.

2 comentários:

  1. O levante luso contra as hostes bonapartistas não teriam dado em nada sem a ajuda inglesa. Dizer o contrário é mitologizar.

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    1. Caro,

      Estou de acordo consigo, mas apenas quando olho para o assunto de uma perspectiva lusa. Com isso quero dizer que tendemos a olhar para a intervenção inglesa desde dentro, se colocando no lugar dos nossos antepassados. Sim, eles não eram burros e sabiam que para a rebelião dar certo, depois da desmobilização das forças nacionais e de uma campanha de desarmamento civil empreendida pelos franceses, que agiu sobre uma nação que na altura não tinha condições materiais de manter um esforço de guerra tão exigente, precisariam do auxílio material inglês, e a Inglaterra, ou melhor, o Reino Unido, precisou de tempo para reunir os recursos e elaborar os planos exigidos para tal acção.
      Agora, se olharmos para tudo do ponto de vista inglês, eles sabiam que não tinham condições para reunir rapidamente um corpo maior que vinte mil homens, o que era insuficiente para aguentar o que estava por vir após a acção inicial, e sabiam que a sua intervenção não chegaria a nada sem os portugueses, e só com a garantia de um Portugal livre, e com auxílio militar de corpos auxiliares portugueses, teriam condições de apoiar os espanhóis e derrotar os franceses em Espanha.
      Napoleão também sabia disso e tentou agir de forma decisiva, mas calculou mal o desafio conjunto anglo-português, o que indica que subestimou os portugueses pois sabia muito bem com o que poderia contar dos ingleses, conhecidos de longa data. Em verdade, Napoleão, até então, só havia sentido um gostinho do desafio português, mas fora no mar.
      Em terra, ainda mais contra populares e militares recém-feitos, não sabia com o que poderia contar. Por outro lado, não podemos esquecer que o plano adoptado pelos ingleses era já um plano português de longa data, deixado de lado por razões que considero longe de inocentes. Sabemos que a invasão foi bem recebida por alguns "conterrâneos", e que a fragilidade portuguesa acabou por abrir muitas oportunidades, prontamente aproveitaas, pelo nosso mais antigo aliado... Estranhamente, o ambiente da corte andava polarizado entre pró-franceses e pró-ingleses nos tempos que precederam a primeira invasão, mas ambos os lados tinham algo em comum, se é que entendes;)

      Um abraço.

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