Não é nada disso. Liberais é que têm fetiche por
ditar constituições e redesenhar mapas a esquadro e com... régua!
Em conversa privada com um amigo, reparei que o conteúdo do meu último post poderia passar por proposta revolucionária, ao menos para os olhos de quem não sabe o que é a concepção tradicional de estado que um tradicionalista tem em mente quando fala em estado. Grande parte dos liberais, infelizmente, parece ter dificuldade em entender essa concepção (quando entendem deixam de ser liberais e passam a tradicionalistas, como eu e tantos), afinal, já lhes explicamos milhares de vezes o que temos em mente e ainda assim eles continuam a debater contra uma miragem.
Ao aceitar a possibilidade de se (re)constituir uma Grande Alemanha e uma Grande Polónia-Lituânia, não tinha em mente a formação de estados unitários segundo o modelo liberal, seja na sua variante centralista, como em França, ou federalista, como nos EUA. Quanto ao primeira, os próprios liberais aceitam que se trata de um modelo autoritário desde a concepção, quanto ao último, ainda aceitam a visão idílica da realidade americana, como se lá hoje não estivesse o presidente, armado de poderes supra-constitucionais concedidos pelo legalmente aprovado Patriot Act, a desarmar e a submeter directamente à presidência as guardas nacionais dos vários estados federados. Por muito menos estourou a primeira guerra civil americana, cujo resultado deixou bem claro que a constituição nunca passou de uma garantia em papel emitida em troca da criação daquilo que foi o instrumento com o qual as elites locais, associadas às elites internacionalistas, esmagaram a oposição à nova ordem: o Estado Federal.
Tinha em mente o que qualquer tradicionalista tem em mente ao tocar no assunto, ou seja, um estado que seja uma unidade quando observado desde uma perspectiva exterior, mas que no seu interior seja uma espécie de confederação de cidades, regiões e povos, cada unidade organizada de acordo com o que a experiência provou se adequar melhor a sua índole, condições materiais, tradições históricas, dentro do espectro de variações amplo, ma non troppo, que a civilização católica permite, ou seja, tudo aquilo que não ofenda a concepção de justiça inerente ao cristianismo.
Assim, quando penso numa Grande Alemanha, penso numa Alemanha poderosa perante o exterior, mas cuja existência sirva para garantir a independência das suas partes, e não para as submeter ao mesmo molde, ainda que com a "atenuante" federalista. No caso de uma Grande Polónia-Lituânia, a necessidade de um arranjo semelhante seria ainda mais necessária devido às condições locais. Poderiam alguns argumentar a inutilidade, num tal quadro, de se constituir os tais grandes estados, afinal, poderia se garantir o mesmo com uma aliança militar. Porém, ainda que tal arranjo não oferecesse o risco de se provar inútil em tempos de verdadeira crise e despertasse a desconfiança do outro lado em tempos de paz, e é isso que temos visto ao longo da história em tais alianças, precisamos lembrar que do outro lado está a Rússia e que o poder de mobilização desta exige que haja um mínimo de poder material e coordenação do outro lado, o que só pode ser garantido com um exército permanente razoável que nenhum dos fragmentos do que poderiam vir a ser a Grande Alemanha e a Grande Polónia-Lituânia pode manter.
E, o que é mais importante, a experiência histórica das terras em questão mostra o que acontece quando não há coesão suficiente. É assim desde os tempos dos citas e sármatas.
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