O ano ainda não acabou, mas posso afirmar que foi notável em novidades militares. Mal entrou em producção o caça de 5ª geração Sukhoy T-50 (PAK-FA), soubemos que os russos desenvolvem um motor a jacto de ignição a plasma para equipá-lo, engenho que dispensa o oxigénio e utiliza novos combustíveis desenvolvidos para a futura geração de mísseis e aviões hipersónicos. Os russos têm grande experiência nessa área. Basta lembrar o ainda activo Mig-25 (e a sua versão mais recente, o Mig-31), e comparar a facilidade da sua manutenção e operação com a do avião americano SR-71, já aposentado.
Em simultâneo tivemos a confirmação de que o PAK-DA, um bombardeiro estratégico hipersónico furtivo desenvolvido pela Tupolev, já está na fase de montagem do protótipo. As fontes russas apontam a conclusão do projecto e início das entregas para 2023-25, mas desconfio que voltaremos a ser surpreendidos, até porque a enorme quantidade de projectos em andamento aponta nessa direcção. Por qual razão, a não ser o adiantamento em relação ao que é revelado ao público, os russos perderiam tempo desenvolvendo tantos projectos ao mesmo tempo ao invés de se concentrarem nos mais importantes, especialmente no actual quadro geopolítico? Não podemos subestimar o conhecimento que foi herdado da União Soviética, e muito menos a inteligência de Putin.
Tudo isso impõe respeito, mas parece pouco diante de um outro projecto que não tem equivalente em nenhuma outra nação, incluindo a China: o avião de transporte PAK-TA. De acordo com as especificações reveladas ao público, o mesmo será capaz de voar a velocidades em torno dos 2000Km/h e transportar 200 toneladas de equipamento, ou seja, será o único avião de carga supersónico em operação e só perderá para o também russo Antonov 225 em capacidade de transporte (250 toneladas). A intenção do governo russo é comprar uma frota de 80 PAK-DA, ou seja, o suficiente para em 7 horas colocar 400 dos novos tanques Armata em qualquer ponto do mundo.
Enquanto isso, na América, o F-22 saiu de producção permanentemente e o F-35 sofre com uma série de problemas graves, que afectam desde o motor, passam pelo software e terminam nos novos capacetes virtuais que provocam tonturas nos pilotos. Do jeito que as coisas vão, parece mesmo que só vai restar o recurso de pintar a Casa Branca com outras cores. Talvez assim a confundam com uma imitação do Pelourinho em Las Vegas...