"Aguardamos apenas a realização de condições convenientes para que o remédio não seja pior de sofrer do que o mal que se destina a curar». Antônio de Oliveira Salazar.
São muitos os brasileiros insatisfeitos com o governo PT. E são muitas as razões da insatisfação. O governo de Lula-Dilma criou um sistema complexo de imoralidade pública baseado em corrupção generalizada nos altos escalões do estado em prol do fortalecimento do partido revolucionário; ideologização extrema da sociedade através de políticas que jogam os nacionais uns contra os outros, dividindo a sociedade mais do que ela já está dividida por uma série de mazelas, imposição de políticas globalistas, neoliberalismo somado a intervencionismo estatal do pior tipo, política externa desorientada e antinacional( Basta lembrar da "entrega" das unidades da Petrobrás construídas na Bolívia que as encampou sem que pagasse um só tostão ao Brasil pelo investimento feito e sem que isso resultassse, sequer, em protestos do governo Lula, compromissado com o projeto de Morales), políticas sociais farsescas, aumento vertiginoso dos impostos, destruição da base moral da sociedade, educação e saúde caóticas, aumento drástico da violência urbana, etc.
Motivos para manifestar-se contra este governo existem de sobra. O governo PT não é legítimo. Constitui-se numa tirania que se sustenta em cima de um esquema de favores políticos-econômicos prestados a grupos financeiros - Dilma recebeu doações recordes dos grandes bancos na eleição de 2014 - partidários, globais, em troca da garantia de governabilidade, e por fim, na manipulação das carências dos pobres atráves das políticas de bolsas que criam dependência perpétua e nada solucionam.
Não se trata, portanto, de estigmatizar a vontade de manifestar-se contra este governo. Qualquer brasileiro, minimamente patriota, tem o dever cívico de opor-se a ele.
Contudo, é preciso ler as manifestações do dia 15 de março último com um crivo bem afiado. É bem verdade e eu confesso: estivemos prestes a nos juntar a massa dos manifestantes de domingo para gritar "Fora Dilma". Não fomos por termos um compromisso que só poderíamos cumprir exatamente no mesmo momento em que se daria a reunião dos manifestantes em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Porém rapidamente, logo quando travei contato com as primeiras notícias sobre o que acontecia no país fiquei severamente decepcionado com as "manifestações"; explico:
1- Um amigo meu, que mora em Manaus e que esteve na frente das manifestações confidenciou-me que " a maçonaria organizou as ações em Manaus".
2- Em Belém do Pará a maçonaria também esteve presente:
(http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/03/1603219-manifestantes-em-belem-pedem-impeachment-e-intervencao-militar.shtml)
3 - Segundo alguns disseram os carros de som usados em SP foram pagos - alguns deles - por lojas maçônicas.
4- O sr. William Bottazzini declarou publicamente em seu perfil social no facebook que:
"Aqui na minha cidade a maçonaria inventou de dar as caras na manifestação e puxar a passeata. Peraí! Não existe, para um cristão, a menor possibilidade de união com a maçonaria. Tudo tem um limite. Não faz sentido unir-se a Satanás para combater o capeta. Nas cidades de vocês, amigos, ocorreu algo semelhante? "
5- Na maior parte dos casos os populares que foram para as ruas foram com "razão" mas por um "motivo" secundário: o bolso. O aumento dos impostos e dos preços foi o "barril de pólvora" das manifestações. Questões de ordem política ou moral passaram à margem das manifestações.
Logo, é preciso pensar sobre o que tais manifestações realmente representam para o Brasil. Ao meu ver precisamos entender algumas coisas:
- Em primeiro lugar as manifestações não podem ser caracterizadas como controladas pelo PSDB: existem vários grupos agindo nelas. Acreditar na versão petista da culpa exclusiva do PSDB só contribui para não entende nada; evitermos portanto o uso da propaganda política rasteira: se queremos entender alguma coisa devemos ir a fundo na questão. Explicar tudo por ações do PSDB é ficar na superfície.
-Em segundo lugar o mote central de quase todos os grupos organizados ali são as razões econômicas.
- Existe, no meio das manifestações, aquele cidadão que tomado individualmente se manifesta por razões de ordem moral, política, etc. São, é claro, exceções: a maioria repete os clichês batidos da mídia sobre desvio de verbas, aumentos de impostos, etc.
- As manifestações, enquanto expressão da indignação espontânea do povo contra a corrupção governamental, são legítimas, porém cegas. Caso não apareça daí uma liderança popular-nacional elas tomarão um rumo liberal. Explico por quê:
Neste sentido existem alguns problemas de fundo, que são no nosso entendimento, os seguintes:
1- Manifestacões de massa e passeatas são tática do marxismo. Quando os camisas negras ou Hitler e os nazistas comandavam manifestações de massa faziam questao de usar as suas milícias e lideranças, para dar às mesmas, o senso de disciplina que as diferenciasse das manifestacões marxistas que sempre tem caráter anárquico( É claro que, no processo, essa massa anárquica é direcionada pelas lideranças marxistas para onde pretendem que ela vá; foi assim na Russia de 1917 onde demandas legítimas da população russa que passava fome durante os anos de guerra foram direcionadas para dar legitimidade ao golpe leninista). Marxista acredita que o poder deve provir das massas: então como fazer manifestacão de massa e ao mesmo tempo pedir fora comunismo? Contraditório, não?
2- Há, nos parece, dois níveis nas manifestações do dia 15:
A- O exotérico ou popular-nacional; legítimo em si mesmo, esse aspecto revela a existência, ainda, de um Brasil profundo na medida em que vários populares estão cônscios do perigo comunista e na medida em que entendem que isso é muito mais preocupante que uma operação de corrupção numa empresa estatal.
B- O esotérico ou macônico-liberal que tenta manietar e orientar a indignacão popular a favor de seus interesses.
Este segundo nível se esclarece a partir do MBL: Movimento Brasil livre, aquele que convocou o evento do dia 15 e agora convoca um outro para dia 12 de Abril.
Mas que é o MBL?
Basta dar uma rápida consultado no site do mesmo para entender o que ele é. Na lista dos colunistas ( Aqui: http://www.movimentobrasillivre.org/#!colunistas/c1ixd )jovens liberais-miseanos bem conhecidos nas redes sociais por seu ativismo político:
A- Ian Maldonado: um exame breve no perfil de Maldonado deixa claro que ele é está ligado grupos liberais/anarcocapitalistas e relacionado a vários olavistas. ( https://www.facebook.com/IanMdo?fref=ts )Ele está ligado ao sr. Bené Barbosa, líder do Movimento Viva Brasil( http://www.mvb.org.br/).
Para quem não sabe o sr. Bené é próximo do sr. Allan dos Santos, agente olavista de primeiro grau. Além disso, Bené é simpático ao liberalismo: o apoio a Constantino não deixa dúvidas quanto a isso;
Basta ligar os pontos!
Ian - Bené - Allan - Olavo - ???????
B- Kim Kataguiri: ativista miseano que dispensa apresentações.
C- Luan Sperandio(https://www.facebook.com/luansprnd?fref=ts) : ativista do "Estudantes pela liberdade", organização miseana ligada a interesses norte americanos.
D- Sasha Lamounier, que no seguinte artigo propõe o modelo americano como saída para o Brasil( Para quem acredita que isso é a saida recomendo a leitura da obra de Eduardo Prado, a ilusão americana) e que no perfil social se mostra ligado também ao "Estudantes pela Liberdade"( https://www.facebook.com/sasha.r.lamounier?fref=ts).
Em suma: as manifestações do próximo dia 12 estarão nas mãos desses sujeitos - que no fundo são apenas a ponta do iceberg; as verdadeiras lideranças do MBL estão bem escondidas nos grandes centros capitalistas, de onde enviam grana para a efetivação do movimento - ocupados não em salvar a pátria do comunismo mas em oferecê-la no altar do capitalismo internacional: esse é o remédio para nossos males nacionais? Mises é a saída?
O capitalismo degenerou em globalismo. Acreditar que essa é a saída é trocar apenas de amo: de escravos dos interesses do Foro de São Paulo passaremos a estar sob a batuta do FMI e de Wall Street. Ou seja, a única mudança será o tipo de escravidão a que estaremos sujeitos.
Fora de um autêntico nacionalismo não haverá salvação para o Brasil. Não se iludam. Assim, antes de mais nada, é preciso esperar: no momento não existe uma via nacional na política brasileira; há que criá-la. E não a criaremos indo às ruas emprestar nossa voz a quem quer liberalismo no Brasil. Começaremos a criá-la quando tomarmos consciência desses fatos. Aí sim se abrirá alguma esperança para o povo brasileiro.
Obs.: Nós editamos o texto retirando do mesmos as referências a anarcocapitalismo, impróprias para definir de modo mais preciso os movimentos e pessoas a que nos referimos. O termo liberalismo é o mais ajustado. Perdoem-nos por este erro conceitual-terminológico que nos passou despercebido no momento da publicação.