quarta-feira, 23 de abril de 2014

23 ou 25 de Abril, tanto faz...

Acabo de juntar mais um pequeno episódio à minha longa lista de exemplos insignificantes em si, mas que valem pelo peso do conjunto por eles formado quando relacionamos isso à economia e à política praticada no Portugal de hoje. Há cerca de três semanas contactei uma fábrica espanhola a propósito de um producto qualquer relacionado à metalurgia (me perdoem, amigos, mas os meus inimigos também vêm cá e não quero que eles ganhem dinheiro às minhas custas), obtendo uma resposta em menos de 24 horas. Nada mal, ou melhor, perfeito! Só os chineses fazem mais nesse quesito, mas a verdade é que chegam a ser chatos (se sentirem interesse, contactam dezenas de vezes ao longo do dia).

Porém, me pediram para contactar o distribuidor em Portugal, o que já me deixou um bocado pessimista, afinal, contava que não haveria nenhum distribuidor por cá e poderia fazer o negócio directamente. O artigo que me despertou o interesse é feito com excelência, tanto a nível de materiais (aço sueco) como de acabamento (padrão artesanal) e desenho, e possui um preço que fica ligeiramente acima de equivalentes de qualidade bem inferior e bastante aquém dos preços dos equivalentes americanos, que ficam de 50 a 100% mais caros, dependendo do renome do fabricante. O ponto é que não vejo espanhóis a cuidar directamente da distribuição internacional do artigo, falha imediatamente aproveitada pelos alemães, que vendem o producto directamente ao consumidor de fora da Europa. 


Falemos de preços, já incluindo o IVA. Em Espanha, o mesmo artigo pode ser adquirido pelo público a 85 euros, enquanto os alemães colocam o producto no mercado extra-europeu por 109 euros. Por cá, o distribuidor, ou seja, o atacadista que fornece os negociantes que depois tratarão de vender o artigo ao público, cobra 96,5 euros por peça! Eis um belo arranjo onde perdem espanhóis e portugueses e ficam a ganhar os alemães.

Os espanhóis, que desconhecem o potencial do seu producto e não sabem chegar ao público extra-europeu, especialmente no mundo anglo-saxão, deixam de vender por intermédio de um português, ainda que um português das Américas. Os comerciantes portugueses ficam às moscas, afinal, o público acabará, quando houver interesse, por comprar o artigo directamente aos negociantes espanhóis, e o fabricante espanhol fica satisfeito no seu canto, achando que está a privilegiar os comerciantes espanhóis em detrimento dos portugueses sem saber que está a perder algo bem maior, o público americano, canadiano e australiano, entre outros, pois os alemães cobram um valor pelo artigo espanhol que acaba por tornar so equivalentes alemães mais apetecíveis.

Mas não me deixarei abater por isso. Assim que me restituirem os créditos tributários pelos quais espero há meses, tratarei de tentar produzir o tal artigo por aqui, ainda que esteja pessimista, afinal, em quase todos os alvos para os quais aponto, o sistema está tão viciado e cheio de regras feitas por encomenda, daquelas que vêm prontas de Bruxelas, que por melhor que sejam, acabam por não serem boas o suficiente para alimentar tantas bocas. Isso nada mais é do que uma forma sofisticada daquilo que há uns tempos, visitando Marrocos, reparei que nas obras públicas locais. Após algum tempo, vi que em todas elas havia excesso de gente e que a maioria se limitava a olhar os poucos que trabalhavam, quando trabalhavam.

Por cá, é a mesma coisa, mas nada disso é acidental. Sabendo que o jogo dos conluios foi criado e é mantido por via dos partidos, e que os partidos que dominam Portugal foram criados por capitais vindos de outros partidos e/ou institutos e governos na Europa, é fácil perceber que o regime imposto aos portugueses logo a seguir ao 25 de Abril serve apenas para discretamente implodir com a nação em benefício de interesses alienígenas. No princípio, havia muito para distribuir por muitos mais, mas agora, diante do endividamento e do esgotamento da capacidade de aumentar a opressão fiscal sem se perder o controlo do processo de implosão, começam a cortar os privilégios dos menos privilegiados, afinal, nos gastos com a "nobreza" da oclocracia e com os banqueiros é que não se pode cortar.

1 comentário:

  1. Estimado Carlos Velasco,

    Publico aqui meu comentário no

    http://lucianoayan.com/2014/05/03/por-uma-direita-menos-fofoqueira/

    onde Luciano Ayan aponta você num par com Olavo de Carvalho para exemplificar outro caso West/Radosh:

    Os pares que você estabelece nesta disputa podem ser verdadeiros para exemplificar sua estratégia de vitória em qualquer combate de idéias. E sim, reconheço, eles venceram!

    Mas são pares secundários; pois, podemos mentir dizendo só verdades, como nos demonstrou o antigo slogan da Folha de São Paulo.

    Olavo de Carvalho e Horowitz contra Carlos Velasco e Diana West no tema destacado, isto é, lê-se como ataque a reputações. E isso não é verdade.

    No caso de Diana West (e Jeffrey Nyquist), cujo objeto da disputa é seu livro publicado. Ronald Radosh (e David Horowitz) ataca-a afirmando que as teses dela não encontram respaldo na tradição de pesquisa histórica e ela desqualifica, por exemplo, o valor consagrado pela academia a depoimentos de alguns ex-kgbs. Enfim, Radosh considera West como uma teórica da conspiração, e David Horowitz afirmou que seu livro nem deveria ter sido publicado, portanto sem direito a voz pública. Luciano, isso é ataque à reputação dela.

    No caso de Carlos Velasco. Ele, como aluno do Seminário, fez perguntas sobre a conjuntura histórica no blog de Olavo de Carvalho no Facebook. Olavo não respondeu nenhuma. Daí, Carlos Velasco apontou as possíveis situações para que Olavo de Carvalho se omitisse de responder. Daí, Olavo de Carvalho aciona sua tropa contra Carlos Velasco, e não contra sua leitura da realidade. Daí, e só aí, Carlos Velasco aponta alguns dados biográficos de Olavo de Carvalho suficientes para justificar a ausência de respostas de Olavo - a mesma que este aponta em seus oponentes. Mas, Carlos Velasco não se omitiu, ao contrário, sua voz foi simplesmente excluída do "debate", e isso sim é ataque à reputação.

    Tudo ao contrário dos pares apontados por você, induzidos magistralmente pelas supostas vítimas.

    Essa é a verdadeira censura.

    Mesmo os mestres da constestaçã que estão na praça pública - Olavo de Carvalho e David Horowitz - não são os limites, as fronteiras para compreensão do problema da escravidão a que estamos submetidos, por exemplo, quem diz o que é dinheiro, outro, quem é dono/manipulador do dinheiro. Mas, esses homens são muralhas a impedir o avanço das possíveis relações - estas sim reais - para ao menos compreendermos o que realmente está acontecendo. E então a partir delas, traçarmos estratégias eficientes e eficazes de combate.

    Não se esqueça, Luciano, direita e esquerda são mãos de um mesmo corpo (como bem afirmou o "maluquinho" Rafapal em seu blog), um mesmo sistema que muda de tempos em tempos para continuar exatamente como sempre foi, isto é, o mesmo grupo de poder a manipular a realidade - pessoas e meio-ambiente.

    De minha parte, eu uso o argumento seguinte: todos os que enfrentaram esse grupo de poder foram exemplarmente mortos, portanto quem se atreve a seguir esse caminho já sabe quais serão as conseqüências. Estude as biografias de Abraham Lincoln, William McKinley, J. F. Kennedy, mais recentemente, Saddam Hussein, Kadafi e o mestre de todos os mestres, Jesus Cristo.

    Ele aponta duas formas de combate para vencer essa guerra - exorcismos e boas chicotadas no lombo de banqueiros e seus lacaios, incluindo aí nossos caríssimos políticos brasileiros.

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