terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Considerações sobre a guerra na Síria e sobre o estado das forças militares americanas

Uma para cada português, mesmo que as dos políticos fossem folheadas a ouro, é o melhor
investimento que se poderia ter feito. 


Quanto à armadilha síria, de uma perspectiva russa, haveria uma maneira de se ganhar mais tempo que passaria por acender a rebelião curda na Turquia, incitar partidos, lideranças e sindicalistas radicais locais a promover greves, desordens e acções ainda mais intensas e terceirizar a guerra através do Irão e, se possível, do Iraque, mas tal dependeria da disposição da liderança iraniana - e iraquiana - em aceitar tal risco e, para que tal fosse possível, da garantia russa, o que não seria um grande problema levando em conta as opções, ou melhor, a falta de opções. Tal "solução", em princípio, não desagradaria Israel, mas aumentaria o risco de choque entre os EUA e o Irão, especialmente levando em conta que as próximas eleições americanas são um dos factores principais a termos em mente. Por outro lado, o tempo ganho aumentaria as possibilidades de realinhamento da Grécia, de crise profunda na UE e  até mesmo de quebra da NATO.

Apesar da falta de subtileza da sua diplomacia e da imponência das imagens proporcionadas pelas suas gigantescas frotas navais (diante da tecnologia de mísseis russa e chinesa, não passam de gigantescos alvos), o tempo desfavorece o poderio americano e uma nova guerra pode levá-lo à implosão antes de estourar um conflicto à escala global. Quanto à Israel, a mais do que certa desorganização na vizinhança que uma guerra de tal proporção causaria é um isco, e diante dos riscos que uma guerra geral conflagrada por um conflicto turco-russo oferece (ao contrário do que muitos podem pensar, Putin não vai recuar e fará a guerra total se a isso for obrigado), é o suficiente para amolecer o espírito dos seus suseranos. Do lado americano, há alguns bons sinais. A percepção de que os EUA correm perigo e de que o seu poderio, diante das mudanças tecnológicas e estratégicas dos últimos 20 anos, é mais aparente do que real, ao menos quando o comparamos ao poder russo e chinês, ganha força e começa a causar uma rachadura nas elites locais, podendo levar futuramente, se nenhum "acidente" ocorrer, a uma reorientação isolacionista, o que seria um ganho tanto para a América quanto para o mundo.

Para dar um exemplo dessa nova percepção, escolhi um artigo sobre a crise que afecta a USAF, onde uma das lições a se tirar, por incrível que pareça, é que a abundância pode levar à miséria. O que se passa na USAF não é um caso isolado, mas sim a regra do que se observa tanto nos programas de modernização tanto do exército como da marinha. Coloco as ligações para o artigo na versão original e na versão traduzida em português:


As soluções propostas pelo autor são desastrosas, mas não é isso o que interessa. Ele descreve bem o impasse em que a força aérea americana foi metida graças aos acordos arranjados nas mais altas esferas de poder. Enquanto tudo isso se passa, a China anuncia que terá o seu primeiro esquadrão de caças furtivos J-20 completo até o final do ano, podendo ficar operacional já em 2017. Lembro que até há cerca de três ou quatro anos atrás o tal caça, segundo os especialistas ocidentais, era um mito urbano pois os chineses, como bem nos asseguravam, não tinham tecnologia para tanto:


Peço para que prestem atenção ao detalhe do motor. Apesar das boas, ou mesmo excelentes, relações, os russos não cedem o seu motor mais recente, o Izdeliye 117 (e muito menos o Izdeliye 30), aos chineses, cuja capacidade de producção, especialmente se considerarmos as informações a respeito de imensas fábricas subterrâneas que nos chegam, deve ser bem maior do que imaginam os tais especialistas do Ocidente. Como prova maior de que o desenvolvimento de um caça stealth não causou grandes problemas à China, ela não apenas desenvolve o J-31, concebido para ultrapassar o F-22, mas também o J-20, da mesma categoria que o F-35.

Relativamente às nossas forças, tão importantes nesse momento, chamá-las de forças armadas não é correcto. Após décadas de abrilismo, são uma força em paz. Acaba a paz, desaparece a força...

2 comentários:

  1. Acho que deveríamos ter calma: https://plus.google.com/+RodrigoSilvaBarros/posts/FLD2tFHP4n2

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  2. Olavo mudou de fase como esperado...
    esta com paralaxivas com um Q religiosus...

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