segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Placas tectónicas em movimento

Os poderes que hoje mais influem nos destinos do Ocidente promoveram a destruição da Igreja Católica e, por extensão, do Cristianismo, com o objectivo de eliminar a maior fonte de oposição aos seus designíos totalitários. Destruída a Igreja Católica, mais facilmente seria destruída a família e atomizado o indivíduo, e este, só perante o estado, seria incapaz de opor qualquer resistência organizada. 

Como sabemos, estes mesmos grupos organizaram a revolução comunista na Rússia (consultem as obras de Anthony Cyril Sutton), mas esta não correu como planeado. Da minha parte fui obrigado, diante dos factos que conheço, a aceitar que a victória de Estaline sobre Trotsky foi o momento de inflexão no qual o grupo internacionalista, composto na sua maior parte por indivíduos de origem judaica, finalmente perdeu o controlo da situação para o grupo nacionalista russo. 

À luz dessa interpretação, as denúncias e alertas do famoso desertor soviético Anatoliy Golitsyn ganham um novo colorido e apontam para um quadro ainda mais complexo do que o indicado pelo autor, especialmente quando metemos a evolução das últimas décadas nessa equação. O estratégia russo-chinesa de longo prazo exposta por Golitsyn era de facto uma estratégia brilhante, porém, falhava num só ponto no qual é impossível não falhar: a dependência de factores imprevistos e imprevisíveis.

A Alemanha reunificou-se, como desejavam os russos, mas isso não levou à desintegração da NATO, que desde então deixou de ser uma aliança defensiva e passou a ser claramente uma aliança ofensiva e desestabilizadora. Por outro lado, a fase final dessa estratégia, que conduziria a uma derrota militar do Ocidente, deveria ter durado menos tempo. Somando isso com a crise demográfica russa e o espantoso crescimento chinês, que não apenas fará da China a maior economia mundial dentro de uma década como também a tornou numa potência cujo destino é ultrapassar todo o resto do mundo na corrida tecnológica e, por consequência, militar, fica claro que o elemento de tensão existente entre a China e a Rússia chegou a um ponto que mete em causa um dos pilares da tal estratégia: a superioridade militar russa.

Essa ainda existe pois a Rússia é a maior potência nuclear do planeta, porém, a China tem condições de quebrar os paradigmas actuais desenvolvendo formas de anular o arsenal russo como factor de dissuasão. 

É nesse quadro que devemos fazer a leitura da crescente cristianização da Rússia e do anti-cristianismo das elites ocidentais. Na Rússia, onde o fim da era soviética com a queda do partido comunista em favor de grupos oriundos directamente e indirectamente do KGB levou a uma ruptura radical com o passado, possibilitando aos grupos de poder lá instalados que pudessem se livrar do comunismo, instrumento de propaganda que agora tinha deixado de ser uma arma (a não ser em certos contextos) para ser um entrave à liberdade de acção, o cristianismo agora tinha um terreno fértil, enquanto no Ocidente dessacralizado a conta-gotas as elites envolvidas no ataque contra a Igreja não tinham como voltar atrás pois isso significaria a sua destruição.

Porém, o insucesso no cumprimento da sua agenda no prazo estimado inicialmente e a explosão dos meios de comunicação alternativos as colocou numa difícil situação, e a islamização do Ocidente, que nalgumas partes saiu do controlo, também cria problemas para essas mesmas elites, que agora podem contar, na melhor das hipóteses, com a apatia dos fracos. Os mais activos cidadãos das nações ocidentais rejeitam os seus regimes e as suas elites e, apesar de ainda estarem perdidos no meio da cacofonia reinante, cresce o número daqueles que finalmente começam a perceber as raízes dos males que actualmente vivemos, e quais são os grupos que promovem essa agenda. O perigo islâmico ajuda, afinal, nos faz lembrar da importância do cristianismo na construção da nossa identidade.  

Tenham tudo isso em mente ao lerem as notícias a respeito do encontro entre o presidente Vladimir Putin e o Papa Francisco I:

Putin to Visit Pope Francis -- To Forge a New "Holy Alliance"?




segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Paladinos de um falso rei: “desconstruindo” um texto liberal

O liberalismo tem os seus reis e imperadores.

No meio de tantos esforços, fica difícil dedicar tempo aos escritos mais nobres, especialmente porque um blogue exige de alguma maneira um acompanhamento dos factos quotidianos, ainda que o Prometheo tenha como objectivo escapar à pauta dos jornais e analisar o presente de forma serena, focando o que é de facto relevante ao invés de se perder no caos planeado do submundo das notícias, ou dos blogues pautados pelo mesmo. Todavia, há poucos dias li um texto a respeito da reacção dos brasileiros a um tipo conhecido por rei do camarote que me chamou a atenção. Para saber do que trata o texto, e quem é o tal “rei”, recomendo a todos um esforço de pouco mais de três minutos, de preferência em jejum, para que conheçam o material que deu origem ao texto citado:


O que em primeiro lugar chamará a atenção dos leitores europeus é a semelhança entre este padrão de consumo e o que observamos nas nações subitamente enriquecidas pelo petróleo no continente africano, afinal, isso não se vê na Noruega (que está longe de ser um exemplo, que fique claro, mas não deixa de ser uma nação com algumas qualidades notáveis). Tal comportamento perdulário associamos aos filhos de ditadores africanos, magnatas russos, multimilionários chineses, actores americanos e jogadores de futebol no velho continente. Seja como for, este padrão de consumo está relacionado com um ganho que exigiu pouco esforço, ainda que denote algum tipo de talento.

sábado, 9 de novembro de 2013

Da eficácia da tradição como bússola da política (5ª parte)

Até se aprende bastante com a leitura dos economistas, 
mas muito mais se aprende contemplando Ambrogio Lorenzetti.

Os últimos tempos não me permitiram continuar os quatro verbetes®  que podem ser lidos nas ligações abaixo:

Da eficácia da tradição como bússola da política: parte 1 - parte 2 - parte 3 - parte 4

Pretendo agora retomar esses posts, trazendo os princípios enunciados a partir de uma análise histórica ao presente e demonstrando como a tradição pode não apenas ser adoptada nos tempos actuais, mas sobretudo nos pode fornecer as respostas para sairmos da actual crise e aproveitarmos as oportunidades oferecidas (não faltam!), voltando a fazer de Portugal a mais próspera nação do universo, mas não só. É bom que fique claro que este não é o objectivo último de um governo orientado pelos princípios da nossa tradição, mas apenas uma consequência da sua acção. Por outro lado, deixo claro que nada disso é possível no quadro do actual regime. Se quisermos ir por aí, e vos garanto que, se formos, Portugal brilhará ainda mais que nos seus melhores momentos passados, a não ser que a fortuna nos desfavoreça com uma guerra ou uma catástrofe imprevista, teremos que retomar o poder (aos que riem diante dessa afirmação, um recado: cresçam!). Mas voltemos ao ponto anterior. 

O bom governo é aquele que persegue o ideal de justiça, e isso garante por si a prosperidade económica a longuíssimo prazo. O governo que persegue a prosperidade material como fim último acaba invariavelmente por se afastar da justiça quando esta entra em contradição com a prosperidade económica, garantindo assim a afluência material no curto, no médio e, por vezes, até no longo prazo, mas no longuíssimo prazo, estejam certos, ao se afastar do ideal de justiça, o governo que persegue a prosperidade material como fim último acaba por minar as bases dessa mesma afluência, afinal, esta assenta na confiança, que por sua vez depende da certeza da justiça, sem a qual a ideia de contracto e a própria civilização são postas em causa, legitimando o espírito de pilhagem nos fortes, gerando a anomia nos fracos, levando a ruína a toda a parte e preparando o caos, a guerra civil e, por fim, a tirania.

No próximo post abordarei o sistema financeiro e a banca. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Desliguem as televisões e parem para pensar

Caros, quero vos fazer um pedido: desliguem as televisões e parem para pensar. Enquanto os senhores continuarem a se deixar influenciar pelo lixo televisivo, não compreenderão o que se passa, o está em jogo e quais são as nossas opções. Assistir a televisão equivale a intoxicar-se com LSD no meio de uma batalha. 

Para que os senhores tenham vos dar uma ideia da gravidade da situação, seleccionei três artigos em português:

Prisão para os gregos que discordem da União Europeia - See more at: http://www.beinternacional.eu/pt-pt/the-week/week/prisao-para-os-gregos-que-discordem-da-uniao-europeia#sthash.jqtkLCFA.dpuf



A primeira notícia, levando em conta a data, mostra mais uma vez o que os promotores da União Europeia e os seus fantoches locais desejam: uma ditadura pan-europeia com instrumentos de opressão mais formidáveis do que qualquer ditadura de natureza semelhante no passado. Poderão alguns leitores achar que o Bloco de Esquerda, ao passar essa notícia, é um partido nacionalista. Ledo engano. O Bloco de Esquerda promove a União Europeia, mas faz o jogo do "uma outra união europeia é possível", denunciando pontos particulares de modo a promover o fundamental. Todos os que fazem este jogo, não tenham dúvidas, são colaboracionistas, ao menos quando falamos das lideranças, dos jornalistas e dos "formadores de opinião".   

A segunda notícia prova mais uma vez que a crise europeia foi provocada com uma intenção clara: levar os cidadãos a um desespero tal que estes estejam dispostos a aceitar tudo o que a União Europeia proponha em troca de uma ilusão de segurança financeira. Escreverei nos próximos dias um artigo explicando como é que a União têm conduzido Portugal ao abismo, de forma a deixar isso bem claro a todos os que desejam entender o que se passa, afinal, não vejo isso em lado nenhum. Os economistas falham, quando bem intencionados, por não saberem nada a respeito das ligações entre o mundo da alta finança e a política, e nem falarei da ignorância destes a respeito da História, enquanto historiadores, filósofos e pessoas de outras áreas falham por serem totalmente ignorantes a respeito da economia. Restrictas às opiniões destes dois grupos, não é por acaso que as pessoas estão todas perdidas. 

A terceira e última mostra o que os agentes históricos que conduzem os destinos do Ocidente têm por objectivo maior: a destruição do cristianismo. Como não sou de ficar por acusações a respeito de cabalas sem dar nomes, atitude que considero adequada a covardes e falsários (os políticos são as duas coisas ao mesmo tempo), farei uma pequena introducção a este grupo de modo que todos possam identificar o inimigo. No topo, estão as grandes famílias do mundo das finanças (Rockefeller, Safra, Rothschild), pouco abaixo, algumas casas reais promovidas por essas mesmas famílias (Windsor, Bernadotte, Orange), passando depois pelos grandes capitães da indústria (Ford, Dupont, Thiessen, Krupp) até chegar à base, onde se incluem os maçons, que mais não são do que paus mandados. Mas isso já vale outro post. O importante aqui é pensar na seguinte questão:  se os governos dominados pelos agentes globalistas por via da maçonaria criaram e promovem os terroristas que agora massacram os cristãos no Médio Oriente, agentes esses que estão por detrás, ainda que por vezes de maneira indirecta, por 200 milhões de assassinatos de civis desarmados e cerca de 60 milhões de mortos em guerras durante o século XX, por qual razão não farão isso connosco depois de obterem a força necessária para tal?

Para vos ajudar a obter a resposta, vos pedirei novamente: desliguem as televisões e parem para pensar!
Prisão para os gregos que discordem da União Europeia - See more at: http://www.beinternacional.eu/pt-pt/the-week/week/prisao-para-os-gregos-que-discordem-da-uniao-europeia#sthash.jqtkLCFA.dpuf

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Qualidades romanas que deixamos de cultivar



Voltei a pegar numa obra que li ainda imaturo, despreparado para absorver alguns factos relevantes para a compreensão do mundo de hoje. Trata-se de "A Guerra dos Judeus", do historiador Flávio Josefo. Mas não é desses factos que desejo tratar, mas de uma pequena passagem do livro que, como ao menos umas boas dezenas de outras passagens, vale por si uma reflexão profunda. A passagem é a seguinte:

Em combate, nada é feito irresponsavelmente nem deixado ao acaso: a ponderação precede invariavelmente a acção, e a acção é sempre em conformidade com a decisão tomada. Consequentemente, os Romanos raramente erram e, quando eventualmente cometem um deslize, remedeiam-no facilmente. Além do mais, acreditam que um plano bem concertado, mesmo que resulte num fracasso, é preferível a um feliz golpe de sorte - o sucesso acidental é uma tentação para a imprevidência, enquanto que a ponderação, ainda que ocasionalmente seguida de infortúnios, ensina utilmente como evitar a sua repetição. E consideram que quem beneficia de um incidente feliz não merece crédito pelo facto, ao passo que os desastres que ocorrem contrariamente a todos os cálculos deixam pelo menos a consolação de não se ter negligenciado nenhuma precaução.

O leitor desatento dos tempos que correm pensará que a tal passagem, em resumo, afirma que os romanos acreditavam que tudo deveria ser planeado e que seguiriam esses planos, invariavelmente, até ao fim, como se de alemães modernos se tratassem. Nada mais errado. A subtileza dos autores antigos só pode ser captada se os lermos com muita atenção e respeito, cientes de que estamos a lidar com gente que economiza em palavras, mas jamais no conteúdo. Pensem na escolha e na ordem das palavras (assinalei as palavras-chave em vermelho).

O que podemos apreender disso é que os romanos não deixavam nada ao acaso, ponderavam a situação e decidiam um plano de acção, agindo depois em conformidade. Dessa maneira, os seus comandantes e soldados estavam prontos para remediar rapidamente os erros, que resultavam de deslizes cometidos, pois tinham um plano de acção ao qual deveriam se ajustar em conformidade, em relação a ele e à situação, que podia sempre mudar e surpreender. Por vezes, como não poderia deixar de ser, o desastre era inevitável, mas dele poderiam tirar lições para evitar cair na mesma armadilha duas vezes. Os leitores modernos não parecem ter entendido esta passagem assim (à excepção de estudiosos da guerra, como Clausewitz), transformando Roma numa espécie de ditadura científica avant la lettre

Nada mais errado. Prestem bem atenção na passagem que diz que a acção é sempre em conformidade com a decisão tomada. Agir em conformidade com uma decisão tomada significa agir com liberdade suficiente para ajustar a acção num certo contexto específico de modo a conformá-la a um plano geral, o que implica uma autonomia dos "oficiais" e, dentro de certos limites, dos próprios soldados. Isso é algo bem diverso do tipo de organização mecânica que associamos aos germânicos, e não tem nada a ver com o caos quase árabe que os germânicos atribuem nos dias de hoje, com muita razão, aos latinos, nos quais nos incluímos. Porém, é interessante notar que isso acontece num tempo em que nos tentam encaixar numa sociedade germanizada. O que vemos, pelo contrário, é a completa anomia. 

Porém, nem sempre foi assim. Pegando num pequeno episódio da nossa história militar, é possível notar a existência desse espírito romano entre nós. Durante as guerras contra a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) no Nordeste brasileiro, o português europeu Dias Cardoso (nascido no Porto), sargento-mor das forças patriotas que hoje é o patrono das forças especiais brasileiras, ao saber que os holandeses doravante iriam lutar dispersos como os luso-brasileiros, disse o seguinte:

"Melhor para nós, pois para os holandeses lutarem dispersos com eficiência, será necessário que para cada soldado exista um capitão, enquanto para nós isto é fácil, porquanto cada soldado patriota é um capitão."

Ao estudar essas "coisinhas", não é difícil descobrir porque estamos tão mal. Agora vos deixo com os bimbos centralistas que meteram em Lisboa.