Os poderes que hoje mais influem nos destinos do Ocidente promoveram a destruição da Igreja Católica e, por extensão, do Cristianismo, com o objectivo de eliminar a maior fonte de oposição aos seus designíos totalitários. Destruída a Igreja Católica, mais facilmente seria destruída a família e atomizado o indivíduo, e este, só perante o estado, seria incapaz de opor qualquer resistência organizada.
Como sabemos, estes mesmos grupos organizaram a revolução comunista na Rússia (consultem as obras de Anthony Cyril Sutton), mas esta não correu como planeado. Da minha parte fui obrigado, diante dos factos que conheço, a aceitar que a victória de Estaline sobre Trotsky foi o momento de inflexão no qual o grupo internacionalista, composto na sua maior parte por indivíduos de origem judaica, finalmente perdeu o controlo da situação para o grupo nacionalista russo.
À luz dessa interpretação, as denúncias e alertas do famoso desertor soviético Anatoliy Golitsyn ganham um novo colorido e apontam para um quadro ainda mais complexo do que o indicado pelo autor, especialmente quando metemos a evolução das últimas décadas nessa equação. O estratégia russo-chinesa de longo prazo exposta por Golitsyn era de facto uma estratégia brilhante, porém, falhava num só ponto no qual é impossível não falhar: a dependência de factores imprevistos e imprevisíveis.
A Alemanha reunificou-se, como desejavam os russos, mas isso não levou à desintegração da NATO, que desde então deixou de ser uma aliança defensiva e passou a ser claramente uma aliança ofensiva e desestabilizadora. Por outro lado, a fase final dessa estratégia, que conduziria a uma derrota militar do Ocidente, deveria ter durado menos tempo. Somando isso com a crise demográfica russa e o espantoso crescimento chinês, que não apenas fará da China a maior economia mundial dentro de uma década como também a tornou numa potência cujo destino é ultrapassar todo o resto do mundo na corrida tecnológica e, por consequência, militar, fica claro que o elemento de tensão existente entre a China e a Rússia chegou a um ponto que mete em causa um dos pilares da tal estratégia: a superioridade militar russa.
Essa ainda existe pois a Rússia é a maior potência nuclear do planeta, porém, a China tem condições de quebrar os paradigmas actuais desenvolvendo formas de anular o arsenal russo como factor de dissuasão.
É nesse quadro que devemos fazer a leitura da crescente cristianização da Rússia e do anti-cristianismo das elites ocidentais. Na Rússia, onde o fim da era soviética com a queda do partido comunista em favor de grupos oriundos directamente e indirectamente do KGB levou a uma ruptura radical com o passado, possibilitando aos grupos de poder lá instalados que pudessem se livrar do comunismo, instrumento de propaganda que agora tinha deixado de ser uma arma (a não ser em certos contextos) para ser um entrave à liberdade de acção, o cristianismo agora tinha um terreno fértil, enquanto no Ocidente dessacralizado a conta-gotas as elites envolvidas no ataque contra a Igreja não tinham como voltar atrás pois isso significaria a sua destruição.
Porém, o insucesso no cumprimento da sua agenda no prazo estimado inicialmente e a explosão dos meios de comunicação alternativos as colocou numa difícil situação, e a islamização do Ocidente, que nalgumas partes saiu do controlo, também cria problemas para essas mesmas elites, que agora podem contar, na melhor das hipóteses, com a apatia dos fracos. Os mais activos cidadãos das nações ocidentais rejeitam os seus regimes e as suas elites e, apesar de ainda estarem perdidos no meio da cacofonia reinante, cresce o número daqueles que finalmente começam a perceber as raízes dos males que actualmente vivemos, e quais são os grupos que promovem essa agenda. O perigo islâmico ajuda, afinal, nos faz lembrar da importância do cristianismo na construção da nossa identidade.
Tenham tudo isso em mente ao lerem as notícias a respeito do encontro entre o presidente Vladimir Putin e o Papa Francisco I: