domingo, 29 de julho de 2018

O Fim de Portugal?




Muito escrevi aqui, e noutros meios, a respeito da armadilha que nos tinham preparado. Infelizmente, não se evitou a armadilha e, o que poderia ter sido uma oportunidade, e possivelmente tenha sido a última oportunidade para se resgatar a soberania contando apenas com as próprias forças, ainda que num cenário internacional favorável (o fim da hegemonia “Ocidental”),  foi um gigantesco passo para o fim de Portugal.

Depois da falsa austeridade passista, Portugal entrou num novo “socratismo”, repetindo o movimento dialéctico que tem nos conduzido ao abismo: um governo de falsa austeridade à direita mantém a estrutura burocrática que esmaga a iniciativa dos nacionais para além de os sobrecarregar com mais impostos, sob a desculpa do combate ao défice, que diminui mas não ao ponto de inverter a trajectória a longo prazo da dívida, e é seguido por um governo de esquerda que “abre a bolsa”, ou melhor, que aproveita a disponibilidade dos bancos para voltar a acelerar o aumento do nosso endividamento com gastos “políticos” num momento de euforia criado por um crescimento medíocre puxado pelas condições favoráveis do crédito externo. Todos os partidos, diga-se de passagem, são culpados, ainda que tenha de admitir que o menos culpado é o PCP, que ao menos ainda dispara contra a pertença ao euro e contra o desmantelamento de ramos inteiros da economia. 

Ainda assim, apesar de toda a maquilhagem permitida por uma bolha especulativa incitada pelos mesmos gruposque anteriormente fizeram o mesmo, deixando bancos falidos pelo caminho e uma conta enorme para o contribuinte, mas criando mais umas boas centenas de milionários que vivem dessa forma “sofisticada” de parasitismo e mais nada fazem do que investir em renda e consumo perdulário (o senhor Robles é um deles), os sinais da decadência estão por toda a parte. Vivo em Portugal há duas décadas e nunca vi os transportes ferroviários em estado tão precário, as pontes tão descuidadas, a limpeza tão desleixada e os hospitais tão caóticos. Quando cheguei, muito do material era antigo, mas a manutenção, no geral, era melhor. Para se manter um número de funcionários públicos bem acima das necessidades da nação, mas que constitui uma clientela fundamental para o regime, e os pagamentos de juros sobre uma dívida que é, para sermos explícitos, a Raison d'État do actual regime, para além dos empregos para alguns milhares de boys e os negócios obscuros com dinheiro público que alimentam tantas “empresas” que vivem das conexões políticas, há de se cortar em algum lado, e o tal “lado” é nada mais do que os gastos que em primeiro lugar justificaram a existência dos impostos, a começar pela infra-estrutura nacional de transporte!

Enquanto isso, cedemos direitos sobre a exploração dos recursos nacionais, se fecham estaleiros e fábricas e sectores até agora protegidos pelo desinteresse estrangeiro vão sendo dominados pelas grandes corporações internacionais. Basta olhar para as placas de vende-se no Porto e em Lisboa para comprovar essa nova realidade que aos poucos vai transformando o país inteiro numa cópia daquilo que até agora era o Algarve: uma colónia estrangeira onde os nativos não passam de uma curiosidade sociológica, senão um anacronismo a ser substituído pela imigração de genteainda mais miserável e disposta a viver em cubículos e a aceitar empregosprecários e mal pagos, como são os empregos criados pelo turismo.

E, pela primeira vez na nossa história, o número de nascimentos, e neles se incluem nascimentos de imigrantes cá instalados, é menor que o número de saídas. E a vontade do actual governo, com apoio da “oposição”, de inundar Portugal com mão-de-obra barata, afinal , como já escrevi, é essa a mão-de-obra da qual o turismo e o sector imobiliário precisam, torna tudo ainda mais grave.  Bastará que chegue uma nova crise financeira internacional para que a bolha portuguesa rebente e o nosso estado seja obrigado, novamente, a pedir ajuda, para que os passos finais sejam dados. Merkel dificilmente perderá a oportunidade para finalmente impor a Portugal a “solidariedade” em relação à recepção de “refugiados” e já se fala que Portugal deverá aceitar 75 mil “refugiados”por ano...

E agora, é possível fazer alguma coisa? 

Na minha perspectiva, parece que não e estamos à mercê de forças exteriores. Quando ainda era possível, pouco antes da última intervenção financeira que levou ao protectorado sob a Troika, os media locais conseguiram abafar qualquer discussão em torno daquilo que era urgente discutir, a pertença ao euro, pois foi isso o que nos trouxe ao descalabro e nos levará à ruína total e ao fim. Fora do euro jamais chegaríamos ao estado em que estamos pois a nossa capacidade de endividamento seria limitada pelo risco cambial. Dentro do euro, os investidores na nossa dívida estão protegidos da possibilidade de desvalorização e também da moratória, e eles sabem que as dívidas de estados como Portugal serão saudadas pela União Europeia pois este é um dos pretextos que ela usa para aumentar os seus poderes. Não fosse assim, jamais a União Europeia teria permitido que os Critérios de Maastricht fossem quebrados, e eles foram quebrados em primeiro lugar, é bom lembrar, pela França e pela Alemanha. O socratismo só foi possível graças à permissão e ao estímulo de Berlim, de Paris e de Bruxelas!

Da minha parte, folgo em saber que tentei fazer algo. Cheguei a contactar gente que se afirmou entusiasmada, mas logo desistiu da ideia quando se apercebeu que tal iniciativa seria alvo de uma violenta campanha da parte de todos os partidos, com excepção do PCP, e dos media. Um desses tipos, economista conhecido, foi há pouco tempo processado pelo putedo do Bloco de Esquerda. Mereceu. É assim que acabam os pusilâmines. 

Não é num país esvaziado do seu sangue mais activo, envelhecido e desorientado, ainda por cima sem elites inteligentes e não alinhadas, que se vai fazer alguma coisa, e a oposição que vejo por aí está completamente às cegas, invertendo prioridades, sendo pautada pelos media corporativos e, pior ainda, defendendo anacronismos que só afastarão as pessoas saudáveis de qualquer via alternativa. 

Falta-nos gente com dinheiro e talento, capaz de compreender o que está em jogo e corajosa o suficiente para aguentar a pressão psicológica pois entre os que não têm recursos há talento, coragem e disposição. Darei uma ideia do quanto seria necessário reunir para lançar um campanha bem sucedida pela saída do euro, que apresentasse um plano viável de forma compreensível e fizesse o tema entrar na pauta de debates e despoletasse um movimento político apartidário com um objectivo único, mas do qual depende qualquer outro passo na direcção da nossa restauração, a saída do euro: 75 mil euros!

Sim, por muito menos do que certos imbecis pagam num Porsche, replicando o comportamento dos iletrados do mundo da bola, é possível lutar com eficácia para salvar o que resta de Portugal. Isso dá uma dimensão da insignificância da nossa "elite", ou melhor, da nossa classe endinheirada. Nosso povo pode ser bruto, e todos gozamos com o aveque e o seu complexo de inferioridade mal disfarçado, mas ele mais não faz do que imitar o exemplo de subserviência ao estrangeiro que vem de cima. Nada é mais aveque do que a “elite” de Lisboa, Cascais e da Boavista. Acham que exagero? Então pensem no Macelinho, que nem é dos piores...