Uma para cada português, mesmo que as dos políticos fossem folheadas a ouro, é o melhor
investimento que se poderia ter feito.
Quanto à armadilha síria, de uma perspectiva russa, haveria uma maneira de se
ganhar mais tempo que passaria por acender a rebelião curda na Turquia, incitar
partidos, lideranças e sindicalistas radicais locais a promover greves,
desordens e acções ainda mais intensas e terceirizar a guerra através do Irão
e, se possível, do Iraque, mas tal dependeria da disposição da liderança
iraniana - e iraquiana - em aceitar tal risco e, para que tal fosse possível,
da garantia russa, o que não seria um grande problema levando em conta as opções,
ou melhor, a falta de opções. Tal "solução", em princípio, não
desagradaria Israel, mas aumentaria o risco de choque entre os EUA e o Irão,
especialmente levando em conta que as próximas eleições americanas são um dos
factores principais a termos em mente. Por outro lado, o tempo ganho aumentaria as possibilidades de realinhamento da Grécia, de crise profunda na UE e até mesmo de quebra da NATO.
Apesar da falta de subtileza da sua diplomacia e da
imponência das imagens proporcionadas pelas suas gigantescas frotas navais
(diante da tecnologia de mísseis russa e chinesa, não passam de gigantescos
alvos), o tempo desfavorece o poderio americano e uma nova guerra pode levá-lo
à implosão antes de estourar um conflicto à escala global. Quanto à Israel, a
mais do que certa desorganização na vizinhança que uma guerra de tal proporção
causaria é um isco, e diante dos riscos que uma guerra geral conflagrada por um
conflicto turco-russo oferece (ao contrário do que muitos podem pensar, Putin
não vai recuar e fará a guerra total se a isso for obrigado), é o suficiente para
amolecer o espírito dos seus suseranos. Do lado americano, há alguns
bons sinais. A percepção de que os EUA correm perigo e de que o seu poderio,
diante das mudanças tecnológicas e estratégicas dos últimos 20 anos, é mais
aparente do que real, ao menos quando o comparamos ao poder russo e chinês,
ganha força e começa a causar uma rachadura nas elites locais, podendo levar
futuramente, se nenhum "acidente" ocorrer, a uma reorientação
isolacionista, o que seria um ganho tanto para a América quanto para o mundo.
Para dar um exemplo dessa nova percepção, escolhi um
artigo sobre a crise que afecta a USAF, onde uma das lições a se tirar, por
incrível que pareça, é que a abundância pode levar à miséria. O que se passa na
USAF não é um caso isolado, mas sim a regra do que se observa tanto nos programas de modernização tanto do exército
como da marinha. Coloco as ligações para o artigo na versão original e na
versão traduzida em português:
As soluções propostas pelo autor são desastrosas, mas não é isso o que
interessa. Ele descreve bem o impasse em que a força aérea americana foi metida
graças aos acordos arranjados nas mais altas esferas de poder. Enquanto tudo
isso se passa, a China anuncia que terá o seu primeiro esquadrão de caças
furtivos J-20 completo até o final do ano, podendo ficar operacional já em 2017.
Lembro que até há cerca de três ou quatro anos atrás o tal caça, segundo os
especialistas ocidentais, era um mito urbano pois os chineses, como bem nos
asseguravam, não tinham tecnologia para tanto:
Peço para que prestem atenção ao detalhe do motor. Apesar das boas, ou
mesmo excelentes, relações, os russos não cedem o seu motor mais recente, o Izdeliye
117 (e muito menos o Izdeliye 30), aos chineses, cuja capacidade de
producção, especialmente se considerarmos as informações a respeito de imensas
fábricas subterrâneas que nos chegam, deve ser bem maior do que imaginam os
tais especialistas do Ocidente. Como prova maior de que o desenvolvimento de um caça stealth não causou grandes problemas à China, ela não apenas
desenvolve o J-31, concebido para ultrapassar o F-22, mas também o J-20, da
mesma categoria que o F-35.
Relativamente às nossas forças, tão importantes nesse momento, chamá-las de forças armadas não é correcto. Após
décadas de abrilismo, são uma força em paz. Acaba a paz, desaparece a
força...