quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Turismo: uma actividade dispensável para contentar nações servis

Amor, trouxeste o repelente? Isto está infestado de moscas. Vou processar a agência de viagens!

Se há coisa que me tira do sério, é ver gente promovendo a ideia de que o turismo pode nos salvar. Para mim, tais propostas não passam de uma admissão de fracasso da parte de gente que nunca se pôs a pensar no mundo a partir de outra perspectiva que não a do dinheirinho fácil. Por incrível que pareça, há até economistas que promovem tal ideia, como se o turismo pudesse alavancar a economia de uma nação como Portugal para patamares superiores de prosperidade material.

Ao meu ver, e penso que não estou isolado na defesa de tal posição, as actividades económicas devem ter como fim o aumento da nossa segurança e do nosso bem estar. O turismo, obviamente, não atende a tais requisitos. Admito que numa ilha pobre, onde a vida é precária e a emigração é desde sempre o cano de escape para a falta de potencial, tal actividade possa ser encarada como um paliativo para os problemas estruturais, porém, numa nação continental com um enorme potencial, o turismo constitui um problema.

Mete as infra-estruturas de transporte sob pressão, prejudicando a actividade productiva, aumenta o custo de vida, diminuindo o valor real dos salários, infla as cidades com forasteiros que causam incómodos e descaracterizam a vida local, causando um aumento exagerado das expectativas e trazendo dinheiro fácil que, à primeira crise, desaparece e deixa inúmeras pessoas numa situação de dificuldade. Para terminar, impulsiona uma indústria de contrucção que destrói a paisagem, diminui a nossa qualidade de vida e o valor dos nossos bens a longo prazo, em troca da criação de bolhas imobiliárias que causam a ilusão de prosperidade a curto prazo e a ruína logo a seguir. E nem vou falar dos problemas causados à segurança do território, já que o mesmo passa a ser conhecido por milhões de estrangeiros, muitos deles com objectivos que nada têm a ver com o lazer.

Da minha parte, quero os turistas longe do canto onde vivo. Desejo ir a um café e não ter de esperar o garçom que perde tempo explicando o óbvio para gente que está de férias e se sente no direito de monopolizar as atenções, quero entrar na Lello para dar uma vista de olhos, como sempre fiz, ao invés de passar por lá sem poder entrar pois a fila de turistas é imensa e, mais do que tudo, não quero ser obrigado a andar esbarrando em gente vestida como se estivesse numa savana em África, carregando paus de selfie e outras estrangeirices que me fazem sentir como o último dos Homo Sapiens.

Ou seja, quero a normalidade, quero a minha vida de volta, sem ter de conviver com forasteiros que nada tem a ver connosco e que nada acrescentam a nós. E que não pensem que sou um exclusivista. Naquilo que penso ser possível e desejável para Portugal, antevejo o incentivo à imigração de europeus qualificados e com capitais, desejosos de fugir às ditaduras fiscais que a União Europeia está impondo a todo o continente, como parte de uma política de erguimento de Portugal ao nível de potência. É gente de fácil absorção que, tal e qual em várias etapas do nosso passado, pode contribuir em larga medida para o nosso progresso material e humano.
Porém, isso nada tem a ver com as massas trazidas pelo turismo, essa praga legada pelo iluminismo e alimentada pelo liberalismo. Me refiro a gente que vem para estimar, ficar, construir e se integrar. Quanto aos turistas, mais não fazem do que atirar pipocas aos macacos...  



4 comentários:

  1. ACHO QUE SE TRATA DE UM ARTIGO ESCRITO POR UMA PESSOA DESPEITADA ,COM ALGO QUE NÃO ENTENDO, PARA QUEM O MUNDO É PORTUGAL E O ESTRANGEIRO É BADAJOZ

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  2. Tá ai o resultado de querer prejudicar a Rússia com o petroleo, tiro no pé :

    http://www.presstv.com/Detail/2015/08/13/424612/saudi-arabia-spending-foreign-reservers

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  3. hahahhaha. Você conhece bem o Brasil. Eu sou do Nordeste brasileiro e moro no Rio de Janeiro, então imagine como é esse pesadelo de literalmente viver esbarrando em turistas!!Eu também detesto a cultura de turismo vigente por aqui, a qual suponho ser ainda maior do que em Portugal!!!!As cidades simplesmente não pertencem mais aos seus cidadãos nativos, ou que nelas fincaram residência efetivamente!Chega a ser constrangedor...

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  4. Um dos poucos textos que aqui concordo.

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