segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Até quando, América, abusarás da nossa paciência?

Cansaram de massacrar búfalos e índios. Agora querem matar tudo o que se mexa. 



Como é habitual, toda a imprensa corporativa internacional - e as suas ramificações locais - omitiu uma notícia fundamental:


Vale a pena reflectir sobre isso com algumas coisas em mente. Em primeiro lugar, as armas químicas não tem eficácia militar, servindo apenas para ataques contra alvos civis de grande concentração demográfica. Pior do que isso: não faz sentido algum recorrer a elas quando um inimigo poderoso aguarda ansiosamente por um bom pretexto para declarar a guerra formalmente e usar todos os recursos ofensivos à sua disposição, ainda mais quando ele já tentou usar desse mesmo pretexto! 

Lembram dos ataques de Ghouta em 2013? Para que ninguém seja excluído do raciocínio, os tais ataques foram prontamente atribuídos às forças de Assad por Washington - e pela imprensa corrompida - e levaram Obama a marcar uma data para o início da guerra contra a Síria. O tal ataque foi abortado após o lançamento de dois mísseis Tomahawk que, para surpresa e consternação dos oficiais americanos responsáveis pela execução da ordem presidencial, foram desviados em pleno voo pelos russos. Pouco depois, se provou que os ataques de Ghouta foram perpetrados pela "oposição" e que houve envolvimento saudita no fornecimento dos agentes químicos empregados. 

Agora pensem no seguinte: o pretexto para atacar o regime de Assad foi a utilização de armas químicas contra a população civil, mas quando ficou provado que foi a oposição, com envolvimento saudita, o que aconteceu? Nada! Ou seja, ficou provado que não se tratava de uma intervenção humanitária, mas apenas uma desculpa para justificar a guerra contra Assad, e que o Estado Islâmico, assim como as suas "franquias" e supostos competidores, são apenas um instrumento da política externa americana. O jogo ficou mais bruto desde então e é quase um milagre que um "imprevisto" (há coisa mais previsível do que um imprevisto na guerra?) ainda não tenha despoletado uma guerra mundial. É nesse cenário que o alerta sírio surge, e os sinais vindos dos EUA, ao nível mais alto da política, mostram que o alerta deve ser levado a sério e retido em mente para que não caiamos na armadilha que quase de certeza está a ser pensada. Para que isto fique assente e não sobrem dúvidas, recomendo a todos que vejam a audiência que teve lugar no último 22 de Setembro no senado americano, com especial atenção para as palavras do General Joseph F. Dunford, do USMC (fuzileiros navais):


A audiência é reveladora (inclusive para que os ingénuos constatem de vez que o senadores americanos pouco diferem em qualidade dos nossos vereadores e presidentes de junta), mas é a partir das 2:30h que fica mais interessante e o desconforto do general, que é tratado como um menino de recados pelos senadores, com destaque para McCain, se torna indisfarçável. A mesma técnica usada nos tribunais para se limitar a perspectiva sobre um facto e forçar respostas que favoreçam uma conclusão é usada com o general para que ninguém tire outras conclusões do seu testemunho a não ser: temos de impor uma zona de exclusão aérea contra russos e sírios, depor Assad a qualquer custo e aumentar a campanha de hostilização contra a Rússia. As constantes e bizarras alusões a um programa de desenvolvimento de armas químicas pela Síria (lembram das aulinhas do Colin Powell sobre o inexistente programa iraquiano com direito a desenhos 3D?) tornam o espectáculo ainda mais farsesco e previsível. 

Porém, para surpresa de muitos, depois de uma exposição onde ficou claro que os quatro ramos das forças armadas americanas não estão preparados para uma guerra a sério, o general afirma de forma veemente que o projecto de se impor uma zona aérea de exclusão contra russos e sírios terá uma consequência, uma guerra contra a Síria e contra a Rússia (vejam a partir de 2:44h), e deixa claro que não quer de modo algum assumir a responsabilidade disso com um ar grave e preocupado. O silêncio que se segue à afirmação, e a repreensão de McCain ao general, não deixam dúvidas a respeito da grande farsa que é a democracia americana. O que vi me fez pensar nos alertas de alguns dos pais fundadores a respeito dos perigos de uma ditadura legislativa. Caros, estamos diante de uma nação de idiotas controlada por um grupelho de meninos mimados saídos daqueles campus onde a inteligência parece ser uma qualidade exclusiva dos asiáticos, e estes meninos de cabelo branco controlam enormes arsenais. Se você não dorme por causa da Coreia do Norte, então era melhor não lido este post...

domingo, 4 de setembro de 2016

Olavo e Soros em uma cama romena.






Olavo de Carvalho fez um pedido em seu perfil no Facebook:


Conforme solicitado, dou por iniciada a sessão.


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No final do mês passado, o site Katehon publicou um artigo cujo título traduzido é "O Reinado de Soros: um exemplo romeno".





Através desse artigo, ficamos sabendo que, desde pelo menos o início dos anos 90, a Open Society - o "pool" de fundações pertencentes a George Soros - está presente e bem atuante em diversos campos na Romênia, como na criação do primeiro canal de televisão privado do país, na doação de fundos para a formação de jornalistas, além da fundação de sindicatos, organizações estudantis e partidos políticos. 

E a coisa não fica somente no entorno do poder romeno: o investidor globalista teria influência direta no próprio governo, que seria conhecido como o "governo de Soros" dada a grande presença de seu pessoal na administração atual.

Através de uma complexa rede de ONGs pertencentes, em última instância, a Soros, diz o artigo,...



... pode-se facilmente encontrar ex-ministros, conselheiros de presidentes romenos, diretores de instituições do Estado, jornalistas influentes. É digno de nota que três dos quatro presidentes romenos tiveram conselheiros ou gente da rede de Soros.
Uma dessas ONGs mantidas por Soros é atuante na esfera cultural e congrega os  maiores intelectuais do país. Trata-se do  GDS - Grupul pentru Dialog Social (Grupo pelo Diálogo Social).



Desse grupo são membros, segundo a página oficial, entre outros:





E, segundo o artigo da Katehon, Andrei Plesu é um dos co-fundadores do GPS:





E é exatamente nesse ponto da narrativa em que Olavo e Soros deitam-se na mesma cama enquanto a câmera se volta para a sugestiva imagem da tórrida lareira.



Os três romenos aparecem juntos neste vídeo, mas também na lista que Olavo de Carvalho preparou, em 18 de maio, para se defender da acusação - creio que da parte de Reinaldo Azevedo - de que "jovens inocentes... foram mordidos pelo Vampiro da Virgínia":




Andrei Plesu é, nas palavras do próprio Olavo, seu "querido amigo", e aqui Olavo reproduz um de seus artigos introduzindo-o com muito elogiosas palavras, mas há ainda outras diversas referências a ele no site do Olavo.

Eu já escrevi mais de uma vez sobre Plesu em meu blog pessoal:


Segundo "um certo" brasileiro que foi muito ligado a Schuon, os romenos foram os que melhor compreenderam a obra de Guénon e até desenvolveram sua própria estratégia. A propósito, Guénon esteve de fato na Romênia e foi amigo de Mircea Eliade, o famoso "historiador das religiões" romeno e um notório perenialista. Eliade, por sua vez, foi amigo do maçon e antigo praticante de Meditação Transcedental, Andrei Plesu (Pleshu), que defende a Angelologia ismailita, conforme exposta por Henri Corbin, que unificaria as 3 tradições abraâmicas. E, para coroar tudo isso, Plesu/Pleshu acredita que a União Européia deve se integrar espiritualmente ao Maghreb, o Norte da África, reproduzindo as antigas invasões bárbaras!

Sim, esse "'um certo' brasileiro que foi muito ligado a Schuon" é o Olavo de Carvalho. E dediquei quase que inteiramente o artigo "Arrumando o que fazer na Romênia" à convergência entre o pensamento do Olavo e o de Plesu. 

Em entrevista ao site Ad Hominem, Olavo de Carvalho cita mais uma vez os três pensadores bancados por Soros e recomenda Patapievici como um dos filósofos vivos que "considera dignos de atenção":


O tradutor do romeno, Elpídio Fonseca, visitou a Romênia mais de uma vez e, em uma dessas visitas, postou uma foto com Gabriel Liiceanu que foi compartilhada por Olavo em seu mural:



Dos comentários do próprio tradutor, destaco:

Apresentei-me então como aluno do Professor Olavo de Carvalho e Liiceanu, em tom grave, me disse: “Tenho um imenso respeito pela obra de Olavo de Carvalho e o tenho em altíssima consideração. Precisamos traduzir livros de Olavo de Carvalho pela Humanitas (parênteses: a editora Humanitas, de propriedade de Liiceanu, completa em 2015 vinte e cinco anos de atividades, com 20 milhões de exemplares vendidos. De cada 10 livros que saem na Romênia, 8 saem pela Humanitas). Em seguida pediu-me que lhe escrevesse o nome de 4 livros que pudessem atingir um público mais amplo da Romênia.

É isso mesmo: Liiceanu, ligado a Soros, é proprietário da editora que pretende publicar o Olavo na Romênia. 

Salvei uma cópia do post em pdf no meu OneDrive, caso ele venha a ser bloqueado ou deletado. 

A propósito, esse mesmo tradutor escreveu para um site romeno um texto em que exagera a importância do Olavo no movimento pelo impeachment de Dilma. Esse mesmo site traz pelo menos um texto com a preocupação quanto à suposta ligação do candidato republicano à Presidência americana, Donald Trump, com Vladimir Putin.

Quem mais tem insistido nessa suspeita? Hillary Clinton, como pode ser verificado nessa análise de seu discurso recente sobre o tema ou diretamente no vídeo abaixo:


Sabemos, pelos e-mails de Hillary enquanto Secretária de Estado que foram tornados públicos pelo Wikileaks em agosto, da influência da Open Society de Soros sobre ela. 

Sabemos também que e-mails da própria Open Society vieram a público logo depois e que demonstram a intenção de Soros em desestabilizar a Rússia de Putin.

A relação é clara: onde há dinheiro de Soros, há um posicionamento anti-Rússia e anti-Putin, e é nesse quesito que a direita romena e a esquerda americana se tornam igualmente beneficiárias das benesses financeiras da Open Society e também agentes políticos em prol da agenda de seus promotores. 

Apesar de o Olavo ter defendido que o movimento pelo impeachment deveria fazer no Brasil exatamente o que foi feito na Ucrânia - sendo sabido então que não só vazaram-se documentos demonstrando que Soros havia coordenado todo o processo de derrubada do presidente pró-Rússia naquele país, assim como o próprio havia admitido em entrevista estar por trás do "movimento popular" que culminou no golpe de estado - e ter chegado a escrever a tolice de que Soros nem teria noção exata do que está acontecendo no mundo, não estou levantando a hipótese de que ele seja mais um agente desestabilizador no país a serviço do bilionário globalista (apesar de não descartar essa hipótese). 

O que estou querendo demonstrar é que as forças em ação na política nacional e internacional hoje são muito mais complexas do que o dualismo maniqueísta esposado pela nova direita permite compreender, mas que ela costuma propagar apaixonadamente pelas redes sociais.

A "direita do bem" e a "esquerda do mal" são meras impressões que não chegam a refletir nem de forma desfocada o quadro político real e, ao combater um lado, pode-se estar beneficiando inadvertidamente exatamente aqueles que estão por trás de ambos e acabam por sair ganhando em qualquer cenário. 

As "olavettes" deveriam estar mais preocupadas com as referências que têm absorvido de seu mestre. A filosofia deveria libertar o pensador das sombras da caverna platônica. Está mais do que na hora dos seguidores do Olavo saírem do buraco em que têm se esforçado em se enterrar.

   




















quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Onde há fumaça, há fogo...


 
 Chega a parecer brincadeira, mas foi no Jornal de Negócios que tomei conhecimento de uma investigação em Espanha que já identificou uma ramificação em Portugal:
 
 
Sabemos que no actual modelo de combate aos incêndios (nem vou discutir o absurdo de permitir a transformação de largas parcelas do território em coutada da Portucel, e os esquemas que daí nascem), a fórmula para se ganhar dinheiro é a seguinte: 
 
Incêndio = Lucro

Também sabemos que todas as fases da indústria do incêndio são controladas por um grupo restricto de investidores, mas ai de quem ouse aventar a hipótese, apesar de tantos incendiários serem apanhados e das investigações estranhamente jamais avançarem em direcção aos mandantes, de haver "um padrão" na fase crucial dessa actividade tão bem remunerada: a ignição. 

Por outro lado, tenho fortes suspeitas de que os incêndios não são apenas pagos por imbecis que ganham uns trocos para a droga e promessas de impunidade, mas que essa técnica pouco eficaz e arriscada pode estar em vias de extinção graças ao progresso. Nos dias de hoje, com tantos meios aéreos disponíveis, e dispositivos incendiários que podem ser programados por cronómetro e lançados discretamente do ar, não faz sentido continuar a se recorrer a mentecaptos. E quando penso nas inúmeras aplicações que podem ter os drones...