Cansaram de massacrar búfalos e índios. Agora querem matar tudo o que se mexa.
Como é habitual, toda a imprensa corporativa
internacional - e as suas ramificações locais - omitiu uma notícia fundamental:
Vale a pena reflectir sobre isso com algumas coisas em
mente. Em primeiro lugar, as armas químicas não tem eficácia militar, servindo apenas para ataques contra alvos civis de grande concentração
demográfica. Pior do que isso: não faz sentido algum recorrer a elas quando um
inimigo poderoso aguarda ansiosamente por um bom pretexto para declarar a
guerra formalmente e usar todos os recursos ofensivos à sua disposição, ainda mais quando
ele já tentou usar desse mesmo pretexto!
Lembram dos ataques de Ghouta em 2013? Para que ninguém seja
excluído do raciocínio, os tais ataques foram prontamente atribuídos às forças
de Assad por Washington - e pela imprensa corrompida - e levaram Obama a marcar
uma data para o início da guerra contra a Síria. O tal ataque foi abortado após
o lançamento de dois mísseis Tomahawk que, para surpresa e consternação dos
oficiais americanos responsáveis pela execução da ordem presidencial, foram
desviados em pleno voo pelos russos. Pouco depois, se provou que os ataques de
Ghouta foram perpetrados pela "oposição" e que houve envolvimento
saudita no fornecimento dos agentes químicos empregados.
Agora pensem no seguinte: o pretexto para atacar o
regime de Assad foi a utilização de armas químicas contra a população civil,
mas quando ficou provado que foi a oposição, com envolvimento saudita, o que
aconteceu? Nada! Ou seja, ficou provado que não se tratava de uma intervenção
humanitária, mas apenas uma desculpa para justificar a guerra contra Assad, e
que o Estado Islâmico, assim como as suas "franquias" e supostos competidores, são apenas um instrumento da política externa americana. O jogo
ficou mais bruto desde então e é quase um milagre que um "imprevisto"
(há coisa mais previsível do que um imprevisto na guerra?) ainda não tenha
despoletado uma guerra mundial. É nesse cenário que o alerta sírio surge, e os
sinais vindos dos EUA, ao nível mais alto da política, mostram que o alerta
deve ser levado a sério e retido em mente para que não caiamos na armadilha que
quase de certeza está a ser pensada. Para que isto fique assente e não sobrem
dúvidas, recomendo a todos que vejam a audiência que teve lugar no último 22 de
Setembro no senado americano, com especial atenção para as palavras do General
Joseph F. Dunford, do USMC (fuzileiros navais):
A audiência
é reveladora (inclusive para que os ingénuos constatem de vez que o senadores
americanos pouco diferem em qualidade dos nossos vereadores e presidentes de
junta), mas é a partir das 2:30h que fica mais interessante e o desconforto do
general, que é tratado como um menino de recados pelos senadores, com destaque
para McCain, se torna indisfarçável. A mesma técnica usada nos tribunais para
se limitar a perspectiva sobre um facto e forçar respostas que favoreçam uma
conclusão é usada com o general para que ninguém tire outras conclusões do seu
testemunho a não ser: temos de impor uma zona de exclusão aérea contra russos e
sírios, depor Assad a qualquer custo e aumentar a campanha de hostilização
contra a Rússia. As constantes e bizarras alusões a um programa de desenvolvimento
de armas químicas pela Síria (lembram das aulinhas do Colin Powell sobre o
inexistente programa iraquiano com direito a desenhos 3D?) tornam o espectáculo
ainda mais farsesco e previsível.
Porém, para
surpresa de muitos, depois de uma exposição onde ficou claro que os quatro
ramos das forças armadas americanas não estão preparados para uma guerra a
sério, o general afirma de forma veemente que o projecto de se impor uma zona
aérea de exclusão contra russos e sírios terá uma consequência, uma guerra contra a
Síria e contra a Rússia (vejam a partir de 2:44h), e deixa claro que não quer
de modo algum assumir a responsabilidade disso com um ar grave e preocupado. O
silêncio que se segue à afirmação, e a repreensão de McCain ao general, não deixam dúvidas a
respeito da grande farsa que é a democracia americana. O que vi me fez
pensar nos alertas de alguns dos pais fundadores a respeito dos perigos de uma
ditadura legislativa. Caros, estamos diante de uma nação de idiotas controlada
por um grupelho de meninos mimados saídos daqueles campus onde a inteligência
parece ser uma qualidade exclusiva dos asiáticos, e estes meninos de cabelo
branco controlam enormes arsenais. Se você não dorme por causa da Coreia do
Norte, então era melhor não lido este post...