Subsídios para uma melhor compreensão do potencial da crise do Médio Oriente

Poucos sabem, mas a força militar combinada da Turquia e da Arábia Saudita é suficiente para podermos considerá-la uma possível ameaça às nações da Europa Ocidental. Se Israel ao conjunto, com seus vastos arsenais de armas nucleares, biológicas, biogenéticas e químicas, e lembrarmos que todas essas nações possuem sistemas de defesa aérea sofisticados, enormes contingentes de reserva e inúmeros MBTs e veículos militares, é natural que perguntemos, ainda mais quando entra na conta a progressiva invasão da Europa por refugiados e jihadistas, como é que chegamos a tal situação desde a segunda guerra mundial. Nos dias que correm, em que os governos da Turquia e da Arábia Saudita combinados aos interesses ligados a Israel não apenas promovem a desordem no Médio Oriente, causando as marés de refugiados, como as dirigem para o continente europeu e financiam abertamente os lobbies pró-invasão, penso que é uma pergunta natural...

Num post antigo divulguei os números relativos às forças aéreas das três nações mencionadas. Agora penso que é uma ocasião propícia para falarmos dos meios navais, começando pelos submarinos. No caso da Turquia, que detém a maior frota, ela possui 14 submarinos U-209 no activo. Os três primeiros foram construídos na Alemanha pela HDW, ou seja, pela renomada casa  Thyssen-Krupp, sendo o resto construído localmente nos estaleiros Gölcük. Para além destes submarinos, a Turquia assinou um contracto com a HDW para a construcção local de seis U-214 com propulsão AIP, num programa que, tal e qual o grego, sofreu muitos atrasos por problemas técnicos e políticos, mas que, ao contrário do grego, aproveitou-se das dificuldades sofridas pelos primeiros compradores, com destaque para a Grécia, para que avançasse rapidamente a partir de 2015.

Quanto à Israel,  possui 5 submarinos das classes Dolphin  1 e 2, desenvolvidos segundo especificações israelitas pela já citada HDW. Os três da classe Dolphin 1 foram construídos e doados à Israel por decisão do governo alemão na época do chanceler "conservador" Helmut Kohl, e os dois da classe Dolphin 2, que em breve serão acrescidos por mais um, foram subsidiados em largas centenas de milhões de euros pelo contribuinte alemão. E por falar em contribuinte alemão, cujo horror à energia nuclear e aos seus usos militares é conhecido de todos, penso que não deve ter ficado satisfeito com o seu contributo para a construcção de uma frota de submarinos com capacidade balística nuclear. Sim, os Dolphin possuem tal capacidade, muito pouco sabemos dela e nem os socialistas e nem os verdes alemães fizeram, ou fazem, barulho em torno da questão...

E já que falamos em armas nucleares, aproveitamos para lembrar que há poucos dias a Arábia Saudita afirmou possuir tais armas, e estas teriam sido obtidas por intermédio do Paquistão segundo algumas fontes. Creio que essa foi apenas uma falsa pista e que a origem das quatro ogivas seja menos distante. Há quem diga que o famoso arsenal-entidade a noroeste da Arábia Saudita pode ter milhares de ogivas estocadas, quase todas provenientes dos arsenais abatidos no pós-guerra fria através daquelas redes que só a fortuna permite criar, gerir e manter, mas voltemos ao que é concreto. A Arábia Saudita, que na última década criou uma frota de superfície considerável, segue em negociações com os mesmos estaleiros HDW para a compra de cinco submarinos com tecnologia AIP e uma opção para a compra de mais 24. Parece normal? Eu digo não, ainda mais se colocar outros dados na equação.