Há cerca de sete anos, ouvi um
dos relatos mais impressionantes da minha vida numa conversa com um amigo com
mais de uma década de experiência por lá. Contou-me a respeito da paisagem que
observou num porto próximo a Xangai, em que um espaço equivalente a duas
dezenas de campos de futebol estava ocupado por pilhas retangulares de seis
metros de altura constituídas por toras com mais de um metro de diâmetro. O
mais impressionante não era a vista, mas o facto de que as toras procediam de “ilhas
no Pacífico”. Por aí já se pode formar uma ideia bem clara da demanda chinesa,
porém, chega de prosa e vamos aos números.
Poucos sabem, mas em termos
reais, e é isso o que conta em termos políticos, especialmente se pensarmos na
hipótese de conflicto, a economia chinesa ultrapassou não apenas a economia americana,
mas também a economia reunida das nações sob jugo da União Europeia. Abaixo
reproduzo as minhas estimativas para o PIB (PPP) de 2015:
Área
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PIB (PPP) 2015 x US$1.000.000
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China Continental
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19.354.217
|
União Europeia
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18.826.815
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Estados Unidos da América
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17.868.517
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Tais números constituem em si motivo
para bastante preocupação, mas se tornam razão para alarme quando o lidos à luz
da participação do sector secundário nas economias das respectivas áreas. Aqui
avançamos os números relativos à 2014:
Área
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Participação do Sector Secundário
|
China Continental
|
46,9%
|
União Europeia
|
24,9%
|
Estados Unidos da América
|
22,1%
|
Sendo assim, chegamos aos
seguintes números quanto à producção industrial real das três áreas, e tais
números, posso garantir, estão viciados por cálculos que tendem a desvalorizar
as producções em que a China é mais forte e a valoriz as producções em que as
outras áreas se destacam, até mesmo por questões tributárias (lembrem como
funciona a indústria corporativa euro-americana, que cada vez mais se limita a
montar no Hemisfério Norte o que é produzido na China):
Área
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PIB (PPP) Industrial 2015 x US$1.000.000
|
China Continental
|
9.077.127
|
União Europeia
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4.687.876
|
Estados Unidos da
América
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3.948.942
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E agora, finalmente, valerá a
pena olhar para a producção de aço nas três áreas:
Área
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Producção de Aço 2014 (x 1000.000 Ton)
|
China Continental
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822,70
|
União Europeia
|
169,30
|
Estados Unidos da América
|
88,17
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E para que não haja nenhuma
questão pendente a respeito dos números, o do real significado dos mesmos, partilho
um quadro aproximado da capacidade de producção total de aço de cada área em
2015:
Área
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Capacidade Prod./Aço (x 1.000.000 Ton)
|
China Continental
|
1.300
|
União Europeia
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233
|
Estados Unidos da América
|
96
|
A continuar...
Mas isso não é um pouco contraditório?
ResponderEliminarA maior parte dos investimentos, e que foi responsável pelo crescimento chines, é de capital ocidental. E se a maior parte dessas empresas saírem da China?
Elas vão embora e perdem todo o dinheiro que investiram na China, que ainda ficará com a estrutura industrial. Aí estamos na mesma situação da dependência americana do petróleo venezuelano, e dos venezuelanos do dólar americano, enquanto Bush e Chavez se degladiavam no plano retórico. Mas a coisa fica ainda pior para o Ocidente:
EliminarWith his interviewer recalling that China depends on the US as its main trade partner, Alexandrov countered by emphasizing that in fact that really, "it's not yet clear who depends on whom more…If China were to completely break trade relations with the US, as the US did with Russia, an alternative financial system, without the West's participation, would be formed, [given that] tremendous manufacturing capacities have been formed in the Asia-Pacific region…A complete victory over China is one thing. But just severing relations with China is not something the US will do; and it will not introduce sanctions."
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