sábado, 5 de março de 2016

Elementos essenciais para uma compreensão do papel da China no mundo





Há cerca de sete anos, ouvi um dos relatos mais impressionantes da minha vida numa conversa com um amigo com mais de uma década de experiência por lá. Contou-me a respeito da paisagem que observou num porto próximo a Xangai, em que um espaço equivalente a duas dezenas de campos de futebol estava ocupado por pilhas retangulares de seis metros de altura constituídas por toras com mais de um metro de diâmetro. O mais impressionante não era a vista, mas o facto de que as toras procediam de “ilhas no Pacífico”. Por aí já se pode formar uma ideia bem clara da demanda chinesa, porém, chega de prosa e vamos aos números.

Poucos sabem, mas em termos reais, e é isso o que conta em termos políticos, especialmente se pensarmos na hipótese de conflicto, a economia chinesa  ultrapassou não apenas a economia americana, mas também a economia reunida das nações sob jugo da União Europeia. Abaixo reproduzo as minhas estimativas para o PIB (PPP) de 2015:

Área
PIB (PPP) 2015 x US$1.000.000
China Continental
19.354.217
União Europeia
18.826.815
Estados Unidos da América
17.868.517


Tais números constituem em si motivo para bastante preocupação, mas se tornam razão para alarme quando o lidos à luz da participação do sector secundário nas economias das respectivas áreas. Aqui avançamos os números relativos à 2014:

Área
Participação do Sector Secundário
China Continental
46,9%
União Europeia
24,9%
Estados Unidos da América
22,1%

Sendo assim, chegamos aos seguintes números quanto à producção industrial real das três áreas, e tais números, posso garantir, estão viciados por cálculos que tendem a desvalorizar as producções em que a China é mais forte e a valoriz as producções em que as outras áreas se destacam, até mesmo por questões tributárias (lembrem como funciona a indústria corporativa euro-americana, que cada vez mais se limita a montar no Hemisfério Norte o que é produzido na China):

Área
PIB (PPP) Industrial 2015 x US$1.000.000
China Continental
9.077.127
União Europeia
4.687.876
Estados Unidos da América
3.948.942

E agora, finalmente, valerá a pena olhar para a producção de aço nas três áreas:

Área
Producção de Aço 2014 (x 1000.000 Ton)
China Continental
822,70
União Europeia
169,30
Estados Unidos da América
88,17

E para que não haja nenhuma questão pendente a respeito dos números, o do real significado dos mesmos, partilho um quadro aproximado da capacidade de producção total de aço de cada área em 2015:

Área
Capacidade Prod./Aço (x 1.000.000 Ton)
China Continental
1.300
União Europeia
233
Estados Unidos da América
96

A continuar...

2 comentários:

  1. Mas isso não é um pouco contraditório?

    A maior parte dos investimentos, e que foi responsável pelo crescimento chines, é de capital ocidental. E se a maior parte dessas empresas saírem da China?

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    1. Elas vão embora e perdem todo o dinheiro que investiram na China, que ainda ficará com a estrutura industrial. Aí estamos na mesma situação da dependência americana do petróleo venezuelano, e dos venezuelanos do dólar americano, enquanto Bush e Chavez se degladiavam no plano retórico. Mas a coisa fica ainda pior para o Ocidente:

      With his interviewer recalling that China depends on the US as its main trade partner, Alexandrov countered by emphasizing that in fact that really, "it's not yet clear who depends on whom more…If China were to completely break trade relations with the US, as the US did with Russia, an alternative financial system, without the West's participation, would be formed, [given that] tremendous manufacturing capacities have been formed in the Asia-Pacific region…A complete victory over China is one thing. But just severing relations with China is not something the US will do; and it will not introduce sanctions."

      Read more: http://sputniknews.com/asia/20160305/1035837502/us-china-russia-south-china-sea.html#ixzz428OkQMcP

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