terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Nem Bowie e nem a Quarta Capa

Rodrigo Gurgel, o crítico literário neocoxinha, teve o mau gosto de expressar sua indiferença para com a morte de David Bowie através de uma ironia pedante em seu perfil no Facebook:


Gurgel é o famigerado "Jurado C" do Prêmio Jabuti de 2012. Como o cantor, porém em seu limitado metier, parece-me que ele também gosta de chamar atenção, mas, ao contrário do falecido ícone pop, ele tem procurado fazê-lo repetidas vezes arruinando a fama alheia para construir a própria.



Pelo menos é essa a impressão que ele passa a julgar pela afetação de superioridade diante da morte de Bowie, a nota 0 atribuída ao livro de Ana Maria Machado no Jabuti, e anterior a ambas, a crítica que fez ao livro do teólogo James Alison. E foi exatamente nesse caso que suas limitações como crítico, a despeito da auto-imagem que projeta, foram escancaradas:


"Ao que parece, Alison leu, de Girard, apenas o que lhe interessa - e esqueceu de ler o essencial".

Eu concordo com Gurgel quanto à heterodoxia da teologia de Alison, mas será mesmo que foi ele quem esqueceu de ler o essencial de Girard? Vejamos o depoimento do próprio René Girard, que se encontra - vejam só! - na 4ª capa do mesmo livro criticado por Gurgel:

"Este é um grande livro; ele convida à reflexão e à ação das novas possibilidades. Atualmente, na França, na maioria das obras religiosas, as minúsculas querelas pós-conciliares, os conflitos entre 'progressistas' e 'conservadores' continuam dominando o debate. O aspecto religioso fica asfixiado sob considerações mais políticas que escriturárias e não se deve ficar surpreso quando os fiéis se afastam dessa confusão.

As obras de James Alison são uma exceção nessa rotina que nos transtorna. O Pecado Original à Luz da Ressurreição deve despertar bastante interesse, e sua importância ficará cada vez mais visível. Graças a este livro e a outros que também têm vitalidade, a reflexão teológica poderá, esperamos, renovar-se.

René Girard"

Depois dessa, Gurgel, acho melhor aceitar o convite e ir dançar com o David Bowie.




8 comentários:

  1. Neste ponto tenho que concordar com Gurgel...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo... não faz e não fez falta... triste figura andrógina... não soube dizer a que veio...

      Eliminar
  2. Esse Gurgel quer superar o guru em olavismo....rsrsrsrsrs

    ResponderEliminar
  3. Eu nunca tinha ouvido sequer falar desse tal "Gurgel".

    David Bowie é um astro do rock que viveu a revolução sexual dos anos 60-70, o que queriam? Que o cara tivesse um voto de castidade igual a um sacerdote católico? Por favor.

    Se não houvesse uma apresentação do indivíduo na postagem, para mim, esse Gurgel seria apenas "mais um qualquer comentando notícias no FEICE", coisa que pessoas normais fazem de vez em quando para desabafar quando estão estressadas, e que eu geralmente ignoro, por que geralmente falam coisas que não mudam absolutamente nada, ou que não acrescentam em nada para ninguém.

    ResponderEliminar
  4. Adoro quando o olavão fala: - na minha época....

    O dito cujo do parquinho do ibirapuera nessa idade quer estufar o peito com delírios esquizofrênicos é mole?

    ResponderEliminar
  5. Porém Girard tinha uma posição muito crítica em relação ao movimento gay e era declaradamente contra o casamento gay, foi até criticado por isso. Mas esse livro de Alison não trata especificamente do homossexualismo. Gurgel tentou desqualificar o livro de Alison sem lê-lo, baseando-se nas polêmicas de Alison sobre o homossexualismo tratadas em outros livros...Alison pode errar num livro e acertar em outro, e Girard não precisa concordar com todas as conclusões de seus discípulos...

    ResponderEliminar
  6. Girard sobre o homossexualismo:

    GK: The debate about homosexuality has risen to the forefront in debate among many churches. Your work has been criticized as hostile to homosexuality in its explaining the genesis thereof, yet one of the leading expositors of Girardian theology, James Alison, has used your method to argue for a greater acceptance of homosexuality in the Catholic Church. How would you address this matter?

    RG: The theory of homosexuality being linked to mimetic desire is very much disliked by some homosexuals but not all of them. Some have told me of the truth they have felt in this and were not offended. But I cannot say much about it because I am not homosexual myself. I understand very well that James Alison would write what he writes, and he has an experience that is his own.

    But I must tell you that I don’t like the debates about this. I feel that the Church has been moving more and more to an understanding of these problems. This movement has been generally very good and has diminished prejudice and that sort of thing. I hope this will continue and when I can do something to encourage this I do it. But it is not for the Church to emphasize these questions. It can be turned into a spectacle, which I think is not right, not sound, and not good.

    I do not see why the expansion of the use of the word marriage to homosexuals would help the situation. I am favorable in principle to whatever can help destroy the prejudices. But I also understand a legitimacy to the desire not to change the significance of such words as a marriage . I feel moderate on these questions. I feel it would be better to try to quiet the situation. I don’t see the need for some great language revolution. These things seem very important at certain times, but once the change of language is accepted they can become insignificant rapidly. http://www.firstthings.com/web-exclusives/2008/11/an-interview-with-rene-girard

    ResponderEliminar
  7. James Alison era considerado por Girard um dos melhores intérpretes de sua obra. Quanto ao homossexualismo, creio que Alison força a barra, mas isso é absolutamente irrelevante para o ponto levantado em meu post: o Gurgel se arvora melhor conhecedor de Girard do que Alison com base no que teria lido em seu livro, mas esse livro foi louvado pelo próprio Girard.

    ResponderEliminar