sábado, 13 de agosto de 2016

O Olavo sempre tem lá suas razões.


Em 2004, Michael Moore lançou "Fahrenheit 9/11", documentário em que ele defendia, com base em evidências muito plausíveis, a tese de que os sauditas estavam por trás dos ataques às Torres Gêmeas, mas que George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, teria feito o possível para evitar essa linha de investigação. 


O documentário tornou-se um sucesso de bilheteria, alcançando um faturamento de mais de 220 milhóes de dólares

Olavo de Carvalho, praticamente um porta-voz do governo republicano no Brasil à época, não gostou nada do que viu. No mesmo ano, escreveu para a revista Primeira Leitura o artigo "A Arte do Porcumentário":

...a teoria de Farenheit 9/11 não admite investigação, pois já nasceu morta. A prova essencial da conspiração, além da costumeira inculpação por contigüidade fundada nas velhas ligações comerciais das famílias Bush e Bin Laden (à qual falta somente a evidência das conexões atuais entre esta última e o renegado Osama), é apresentada no filme da seguinte maneira: dois dias após os atentados, a Casa Branca, ominosamente, concedeu um visto de saída para que parentes do terrorista, então em viagem pelos EUA, voltassem para a Arábia Saudita, escapulindo de ser investigados pelos serviços de inteligência americanos.
Hoje sabemos que Moore estava mais próximo de ter razão do que Olavo jamais esteve: as 28 páginas que haviam sido primeiramente omitidas do relatório da comissão parlamentar que investigou o 11 de setembro foram recentemente tornadas parcialmente públicas, mas o que foi publicado é suficiente para mostrar que a relação entre os dirigentes sauditas e os terroristas era uma linha de investigação que deveria ter sido explorada. 

Pode-se alegar que a tese principal do documentário de Moore - a de que Bush teria facilitado as coisas para os sauditas devido aos sabidos laços comerciais entre sua família e a de bin Laden - não se confirma com a divulgação dessas 28 páginas, mas é evidente que essa é uma possibilidade que poderia vir a ser confirmada se Bush tivesse se esforçado em explorá-la com a mesma veemência com que insistiu em levar os Estados Unidos a uma guerra no Oriente Médio. 

E essa suspeita de interesses comerciais interferindo na prevenção e investigação dos ataques é ainda mais reforçada pelo que se sabe por outras vias, como é levantado em um artigo de Peter Dale Scott para The Asia-Pacific Journal:

Dois meses antes de 11 de setembro, o especialista em anti-terrorismo do FBI, John O'Neill, descreveu ao jornalista francês Jean-Charles Brisard a "incapacidade" dos EUA de conseguir ajuda da Arábia Saudita em relação às redes terroristas. A razão? Em uma paráfrase de Brisard, "Uma só: interesses petrolíferos". O ex-funcionário da CIA, Robert Baer, fez uma reclamação similar sobre a influência do lobby do "Foreign Oil Companies Group, que encobre um cartel de grandes empresas petrolíferas que fazem negócios no Cáspio... Quanto mais eu me aprofundava, mais eu encontrava Washington nadando no dinheiro do petróleo do Cáspio".
Scott, então, prossegue em um longo artigo que evidencia essa relação. 


Mas, em 2006, eu mesmo enviei ao Olavo
o link para um discurso de Dick Cheney, que foi o vice de Bush, em que ele afirmava claramente, ainda em 1999, a importância do petróleo na geopolítica, e exemplifica isso com a anterior Guerra do Golfo. No entanto, o Olavo continuou preferindo ignorar as evidências e propagar teorias saídas de sua cabeça, não de uma análise objetiva do mundo real.

Voltando ao artigo sobre o "porcumentário", ele ainda tentou arrumar uma forma de responsabilizar o Partido Democrata pelo 11 de setembro:

O problema com a teoria de Moore é bem outro, é uma doença congênita, mortal e incurável: quem autorizou a saída dos Bin Ladens não foi George W. Bush. O pedido de autorização para viagem não subiu ao escalão presidencial. Quem o liberou, muitos degraus abaixo, foi um funcionário chamado Richard Clarke. Sabem quem é Richard Clarke? Aquele mesmo que, depois, saiu fazendo denúncias escabrosas contra o governo Bush e torrou logo de uma vez os seus os quinze minutos de fama tornando-se o Michael Moore dos serviços de inteligência. Para se fazer de testemunha idônea, Clarke alegou que era eleitor republicano. Depois foi revelado que era democrata de carteirinha. De carteirinha e contribuição. Ora, bolas! Se George W. Bush, caso liberasse a viagem, se tornaria suspeito de boicotar deliberadamente as investigações, por que diabos não há de ser suspeito de boicote intencional ao governo o seu opositor democrata que liberou a viagem dos Bin Ladens sabendo que isso pegaria mal para a imagem do presidente e poderia até virar filme do Michael Moore?
Novamente, Olavo foi contra o mundo real para construir sua versão fictícia dos fatos.

Segundo o Coronel Lawrence Wilkerson, Chefe de Gabinete do Secretário de Estado Colin Powell durante o Governo Bush, era realmente do interesse do presidente americano que essas 28 páginas fossem omitidas do relatório final. Como Wilkerson deixa claro, construiu-se propositalmente uma falsa narrativa com a finalidade de justificar a guerra contra o Iraque, como acabou ocorrendo, e, para isso, qualquer referência à Arábia Saudita - onde, por coincidência (?), um livro do Olavo foi premiado - tinha de ser tirada de circulação. 

Além disso, ao contrário do que é dito pelo Olavo, Clarke afirmou à Comissão investigativa do 11 de setembro não ter sido o responsável pela liberação da família Bin Laden, pois teria repassado o caso para o número 2 do FBI, Dale Watson. Em favor da credibilidade de Clarke, há o seu memorando, liberado somente em fevereiro de 2005, confirmando que, como ele alegava, ele havia realmente tentado alertar o Governo Bush da necessidade de se tomar providências quanto aos riscos representados pela Al-Qaeda. 

Não faz sentido imaginar que alguém que tivesse tido essa preocupação fosse o responsável pela liberação da família do mentor dos ataques que tentou evitar. 

Essa é somente mais uma bola furada do Mestre da Virgínia que toda olavette deveria conhecer para deixar de ser idiota enquanto imagina estar deixando de sê-lo.  

E vejam só: depois de tudo isso, o Olavo conseguiu um visto que os Estados Unidos somente oferecem a quem eles acreditam ser de seu interesse estratégico conceder. 

Para qualquer analista isento, é claro que o Olavo raramente tem razão. Mas parece bem claro também que ele sempre tem lá suas razões para errar...




21 comentários:

  1. O melhor artigo que li sobre quem orquestrou o atentado do 11 de setembro foi escrito por Thierry Meyssan. Nele, o jornalista acusou o governo americano de estar por trás do ato terrorista. O texto dá a entender também de que houve colaboração do(s) serviço(s) de inteligência de outro(s) país(es): http://www.voltairenet.org/article162258.html

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  2. O mais interessante é que Olavo, acertadamente, frisou como ninguém o problema das origens nebulosas do Obama (a partir de 2008), mas nunca admitiu a nebulosidade em torno do assim chamado 11 de Setembro (de 2001), cujo questionamento racional e apurado começou já em 2001. Ao contrário, lembro-me de um True Outspeak em que ele simplesmente referendou o relatório final da Comissão oficial estabelecida para investigar o 11 de Setembro. Aliás, até o Dinesh D'Souza já fez o mea culpa por seu apoio à Guerra do Iraque. Melhor ainda: o über-neocon Jonah Goldberg escreveu que a guerra no Iraque (i.e., os 6 trilhões de dólares que os hard-working American tax-payers fizeram e o "American" DEEP STATE torrou no Iraque e adjacências) foi um WORTHY MISTAKE. E o Olavo, quando ele fará seu mea culpa?...

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  3. O problema é que essa narrativa "EUA mau querendo petróleo" é muito surrada, principalmente por ativistas de esquerda.

    Acredito que a realidade é um pouco mais sinistra. A CIA opera no Oriente Médio por meio das Inteligências locais, como a Mossad, ou a GIP dos Sauditas.

    Essas inteligências locais providenciam treinamento ideológico (imãs, alcorãos e discursos) e os EUA providenciam o armamento, e eles espalham jihads em qualquer país que desejam desestabilizar.

    Por isso que Obama entregou armas "aos rebeldes" na Síria, por que ele sabia que as equipes em terra havia sido treinada pelas inteligências locais.
    Há até boatos de que muitos militantes do Estado Islâmico foram treinados na Bósnia, com veteranos da Guerra da Iugoslávia.

    E ainda, dentro da Síria, os locais de maior resistência do Estado Islâmico é na região mais próxima a fronteira do Iraque e próximo à Turquia, por que secretamente eles estão recebendo apoio logístico por terra das bases americanas lá instaladas.
    https://www.antiwar.com/blog/wp-content/uploads/2011/12/1.-us-bases-in-the-middle-east-a.jpg

    Claro, ninguém vai dizer isso na TV, mas muitos suspeitam que é isso que anda ocorrendo por lá.

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  4. Mas pq então os EUA resolveram invadir o Iraque ? Já existe alguma explicação?

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    1. Os EUA invadiu o Iraque com o objetivo de fechar "o cinturão sanitário" em torno da Rússia.

      http://russia-insider.com/sites/insider/files/main/2016-Jul-22/arc_or_instability.jpg

      Após a queda da URSS, eles tiveram que adotam um modelo federalista, para evitar mais dissolução. Mas hoje, Putin trabalha com reformas para reforçar o poder federal, pois sabe que vários tipos de separatismo estão sendo financiados em seu território, especialmente nas repúblicas.

      E considerando os eventos dos últimos 10 anos, a OTAN está tentando tirar o Mar Negro do domínio russo, cortando assim o acesso russo ao Mar Mediterrâneo. Isso explicaria as guerras da Geórgia, Abecásia, Ossétia, as jihads na Inguchétia e Chechênia, a questão da Criméia, os problemas com a Turquia, e até o conflito em Nagorno-Karabakh.

      No mínimo, eles devem estar propondo para Erdogan, o tempo todo, algo como "Feche o Estreito do Bósforo, e damos a entrada da Turquia no Euro com muitos assentos no Parlamento, a proteção da OTAN, e até mesmo a proeminência da cultura islâmica sobre a região do Euro".

      A OTAN sabem que a maioria da base eleitoral de Erdogan, vem de seu apoio de imãs locais. Toda essa onda de refugiados está sendo trazida e mantida, pelos próprios governos locais do Euro, juntamente com o patrocínio à construção de mesquitas, e implementação de leis de islamofobia. Vocês são cegos ou muito burros, para não ver algo tão evidente? A suposta "invasão islâmica da Europa", nada mais é, que as lideranças da própria OTAN satisfazendo todos os desejos das lideranças da Turquia, para conseguir o que querem.
      Após a Rússia perder o controle do Mar Negro, a próxima jogada é a instalação de um escudo antimísseis no local, e um ataque massivo dos EUA, similar ao "Dia D", desembarcando tropas no Mar Negro.

      E Erdogan ainda não fez isso, por medo de ser nukado, embora ele esteja lentamente trabalhando numa série de conflitos com a Rússia, com objetivo dele obter proteção da ONU, para quando ele fechar o estreito do Bósforo.

      É só olhar um mapa, e os locais dos conflitos, que você entende tudo que está acontecendo.

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    2. Ah sim, e Israel nem existe nesse mundo?!?

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    3. como o governo britanico sob o comando de tony blair mentiu para deus e o mundo com o objetivo de desestabelizar o iraque em benificio de ISRAEL:

      http://newobserveronline.com/mi6-iraq-war-inextricably-tied-israel/

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    4. todas as guerras/desestabelizaćoes no medio oriente sao causadas pelo loby judaico-isralense.
      teorias sobre petroleo,turquia ,russia e /ou sauditas sao produto de desinformaçao criadas por sionistas para proteger os verdadeiros culpados.

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    5. as desestabelizaçoes no médio oriente faz parte do "Plano Yinon" que foi publicado em 1982 e que continha diretrizes para fomentaçao de guerras civis em paises que antagonizavam israel . TUDO que fora elaborado neste plano vem sendo desde entao posto em pratica com primaveras arabes , surgimento de extremistas religiosos e invasoes lideras pelos EUA.
      http://irishsavant.blogspot.com.br/2016/08/the-proof-of-pudding.html?m=1

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  5. Observador

    desculpa te aborrecer com minhas perguntas, mas e q não entendo nada de geopolítica

    Mas e tao impte para a Otan assim isolar a Russia ? Pra que isso ?
    A China hj em dia não e mto mais impte ?
    A Europa não corre o risco de ser islamizada com essa abertura de fronteiras para agradar a Turquia ?
    Vale a pena correr o risco de perder a Europa para o islã para cercar a Russia?
    enfim varia duvidas surgiram

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    1. Isso é tudo paranoia dessa gente. As pessoas adoram teoria da conspiração.

      Muitos acreditam mesmo que haverá um conflito entre os Estados Unidos e a Rússia.
      Aliás, começo até a desconfiar que são os teóricos conspiracionistas que estão tramando para que isso aconteça.

      Afinal, nada melhor para se confirmar uma previsão conspiratória fazendo de tudo para acontecer.

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    2. Europa islamizada ? Meu querido, é o contrario : sao os islamicos que com as proibições de véus ,burquinis e construçoes de novas mesquitas estão sendo "ateizados/laicizados" em solo Europeu ,nao o contrario.

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    3. A Europa esta sendo brazilificada ,nao islãmizada . Europa nao esta sendo perdida ,ela JA FOI PERDIDA ,nao para o islã ,mas para o supremascismo judaico ,que quem controla as leis,politicas ,academia ,midia ,etc etc

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  6. no último video que os muslins do olavu gravaram ficou nitidamente claro a invocação e libertação de um iblis. o exato momento esta no 57min35ss..todos ficaram tensos..só vendo pra crer....

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    1. Fiquei curioso também, qual vídeo?

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    2. vc tem razão da pra ouvir nitidamente um grito de despertar, um grito de horror, de angústia...e os caras ainda ficam boladão...caralho.

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    3. parece que grilhões se romperam e algo urrou...

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    4. Coloquem o link do video.

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    5. https://www.youtube.com/watch?v=M0pKM0vAi8w

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  7. Que vigarice! Quem assistiu ao documentário de Michael Moore sabe que é cheio de elementos fora de contexto e cortes toscos feitos para enganar o espectador, tudo isso induzi-lo a concordar com a visão do cineasta. Se sua visão das coisa fosse verdadeira, entretanto, ele não precisaria desses métodos sujos e mal disfarçados.

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