quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O mundo mudou, mas os jornalistas continuam na mesma

Tivéssemos seguido a política anterior, seríamos credores 
e teríamos umas 3.000 toneladas desse metal nos cofres do Banco de Portugal.


Pelo que consegui apreender da pauta de discussões imposta pelos media para as massas, o teatro em torno da aprovação do orçamento foi o grande destaque. A brasa, como não poderia deixar de ser, foi puxada para a sardinha do Obama, e a culpa pelo descalabro, cada vez mais difícil de esconder, recaiu sobre a tal direita ultra-conservadora.

A verdade, essa ficou bem longe das televisões e jornais. A república americana quebrou e não tem condições, ao menos enquanto não houver uma mudança profunda, de se reformar. Portanto, o caminho escolhido é o do endividamento, da inflação e do aumento de impostos, o que trará ainda mais desemprego e aumentará a dependência do estado da parte de milhões de famílias que vivem de subsídios.

A China, que é o maior credor dos EUA, aproveita o momento para renegociar os termos da sua parceria com Washington. Ao mesmo tempo que dá a entender que continuará a comprar títulos do tesouro americano, dá carta branca aos jornais e revistas para que ataquem os EUA e até permite que agências de rating locais, também controladas por interesses ligados ao aparelho de estado, baixem a classificação da dívida americana. Nessa campanha, até ministros de estado têm participado, contrariando a tendência à discrição que caracteriza os governantes chineses:


Ao mesmo tempo que vai conseguindo termos mais favoráveis a si, a China também ganha de uma outra maneira. Ao ajudar o FED a manter o valor relativamente alto do dólar, evitando um colapso imediato, ela discretamente reforça as suas posições em ouro, de modo a aumentar o seu poder numa possível reordenação financeira. Politicamente, isso tem uma importância vital. Os planos das elites globalistas ocidentais passam pela demolição das moedas nacionais e regionais de modo a gerar as condições e o pretexto para a criação de uma moeda global. 

Tal cenário, se concretizado, significa apenas uma coisa: confisco gradual dos bens de todos os que não fazem parte do establishment através da manipulação monetária de uma moeda que não terá concorrência. Em princípio, quase todos estão de acordo com este objectivo, mas na prática agem como se perseguissem o contrário. A China, a Rússia, a Alemanha, a Índia e o mundo árabe são alguns exemplos de nações que aumentam as suas reservas de ouro. Por cá, numa nação dominada política e economicamente por grandes famílias que não passam de agentes de interesses estrangeiros muito mais poderosos, fazemos o contrário, e foi para isso mesmo que este regime foi imposto.

Convém lembrar que esses factos se passam num momento especial, em que o declínio político e militar já não pode ser escondido pelo tom cada vez mais agressivo dos líderes ocidentais. Há cerca de um mês, isso ficou bem claro na Síria, e ficará cada vez mais claro. Agora mesmo fiquei a saber que a Rússia, pouco depois de ter iniciado a produção em série do míssil intercontinental balístico mais sofisticado do mundo, o RS Yars-24, está prestes a fazer o primeiro teste, ao menos oficial, com o misterioso RS-26. Não espero que o leitor saiba do que se trata, mas me limitarei que o Ocidente não possui nada equivalente e que os sistemas russos que funcionarão integrados com esses vectores colocarão a Rússia na posição de poder atacar impunemente:

Inside the Ring: Russia to test new missile

Enfim, o mundo mudou, mas os jornalistas continuam na mesma.

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