O caso Lusvarghi chega à Globo: um possível golpe contra a dissidência pode estar em curso no Brasil.

Se nada for feito, amanhã virão atrás de todos nós. 

Fui avisado a respeito da intenção da Globo, por meio do programa Fantástico, um dos campeões de audiência no Brasil, transmitir uma reportagem a respeito do caso Lusvarghi durante a noite de Domingo. Espero que os jornalistas responsáveis  exprimam a verdade ao invés de se inspirarem no exemplo de alguns colegas, que já se apressaram em comprar o pretexto da Junta de Kiev para sequestrar Rafael Lusvarghi acusando-o de terrorismo. Tenho as minhas dúvidas pois a Globo faz parte do pool de redes televisivas a serviço da política externa americana, rede que deu suporte propagandístico à recente onda de prisões, sob a mesma acusação de terrorismo, de dezenas de veteranos da guerra contra a junta que tomou o governo em Kiev. A intenção é clara. Ao criminalizarem voluntários que combateram como soldados nas fileiras dos que se opuseram a Kiev, se pode avançar para a criminalização de toda a dissidência europeia, deixando no seu lugar apenas movimentos radicais alinhados com o atlantismo que podem facilmente ser usados para criar, junto à acção dos islamistas introduzidos na Europa, um situação que justifique o estado de excepção (já escrevi sobre isso). 

É possível que o mesmo se passe no Brasil. A tibieza do actual governo brasileiro levanta suspeitas. Em circunstâncias normais, Brasília usaria todos os recursos necessários para protestar contra o sequestro de Lusvarghi, ainda mais por este ter sido atraído para a armadilha ainda em território brasileiro, e exigiria a libertação imediata do mesmo pois ele não é, sob qualquer interpretação que se possa dar à palavra, um terrorista.

Para que fique claro quem é Lusvarghi, farei um breve resumo. Cheguei a estar em contacto com ele através das redes sociais, e tive algumas breves e cordiais conversas com ele. Suas ideias, excluindo a nossa oposição comum à Nova Ordem Mundial, eram bem diversas (mas nunca o considerei um intelectual). Mais tarde, provavelmente por causa de algumas das minhas ideias, que talvez lhe fossem repulsivas, o contacto foi cortado. Não levei a mal. Para mim o que contava é que Lusvarghi estava fazendo algo positivo ao lutar contra a junta de Kiev, composta por neo-nazis sob coordenação dos serviços secretos ocidentais em aliança com oligarcas sionistas e que, ainda por cima, conta com centenas de terroristas islâmicos do Cáucaso e do Médio Oriente, muitos deles com passagem no Estado Islâmico e noutras organizações nascidas da rede alcaida (CIA), na guerra que promove contra os civis que se colocam contra o golpe. 

Lusvarghi, como toda a gente normal, se encantou por várias correntes de pensamentos antes de se voltar para a Quarta Teoria Política de Dugin e, o que é menos comum, se expôs constantemente ao risco antes de se tornar voluntário na guerra contra a junta de Kiev. Esteve na Legião Estrangeira, na Polícia Militar, passou algum tempo com as FARC e até esteve em manifestações ao lado dos Black Block, financiados pelo mesmo George Soros que está por detrás da junta de Kiev que ele combateu em armas quando esteve na Ucrânia. Enfim, do seu passado só se pode apreender que Lusvarghi é impetuoso, ingénuo, extremamente contradictório em termos de ideias e não tem problemas em mudar de opinião quando sente que errou. Nada demais. 

Do seu presente, podemos concluir que Lusvarghi é um soldado que combateu numa causa na qual acreditou no campo de batalha e submetido às regras da guerra, o que é diverso de se atacar alvos civis, ou alvos militares em tempo de paz, com o propósito de se difundir o terror entre a população com fins políticos em mente. Lusvarghi e o grupo ao qual pertence jamais cometeu actos de terrorismo e nem sequer pode ser acusado de ter abusado ou atacado civis na guerra em que participou. O mesmo não pode ser dicto da junta de Kiev, que o prendeu sob a falsa acusação de terrorismo, pois esta acolhe terroristas de facto, como no caso de centenas de operacionais da rede alcaida já citados, e usa de métodos criminosos para alcançar os seus objectivos, como no chamado Euromaidan, em que ficou provado que os atiradores foram contratados pelos mesmos agentes que estão na base da estrutura de poder que sustenta a junta de Kiev, ou o recente assassinato do comandante Motorola, morto numa situação de normalidade por um dispositivo explosivo instalado no elevador de um edifício residencial! 

Qualquer um tem o direito de não gostar de Lusvarghi, pelas mais diversas razões, mas ninguém tem o direito de acusá-lo de ser um terrorista sob pena de dar falso testemunho e compactuar com um crime. Lusvarghi é um soldado, a acusação de terrorismo é falsa e serve apenas os interesses dos que criaram e visam usar a legislação anti-terrorismo como instrumento de imposição de medidas de controlo social cujo objectivo é perpetuar no poder os que nos querem levar para um guerra suicida contra a Rússia, conflicto que pode despoletar, por ironia, por causa da guerra que esta tem conduzido contra o Estado Islâmico e contra as outras organizações de fachada que servem aos interesses de longo prazo de Washington, Bruxelas e Telavive...

Amanhã saberemos se ainda resta um mínimo de respeito à verdade na Globo, ou se ela continua fiel ao legado de Roberto Marinho.