Graças à minha actividade empresarial, cada vez mais exigente (por boas razões), tenho tido pouco tempo para me dedicar ao blogue. O pouco tempo livre que me sobra para actividades mais elevadas tem sido ocupado por estudos históricos que espero poder concluir em breve. O principal foi feito e agora tenho de avançar com mais alguns estudos sobre alguns pontos secundários, mas de forma alguma insignificantes.
Enfim, uma rotina muita diversa daquela comum aos defensores do liberalismo, os quais, invariavelmente, nunca exerceram actividades empresariais ou sequer têm disposição, coragem e engenho para tanto. Todos eles, repito, todos, não passam de paus mandados dependentes do meretrício nas universidades ou nos jornais para sobreviver, ou seja, têm vidas bem diversas daquelas que obrigam os outros levar a partir de posições moralistas que em nada ficam a dever ao sentimentalismo adolescente dominante à esquerda.
Recentemente, tivemos um exemplo da submissão dos liberais a agendas que não compreendem com a demissão do imbecil Rodrigo Constantino, que não por acaso foi convidado há tempos para escrever no blogue Blasfémias (asinus asinum fricat), da revista Veja, certamente por causa de uma negociação nos bastidores entre a revista e o governo que ela pressiona para conseguir extrair mais recursos públicos através da publicidade oficial. Saiu um imbecil, mas ficaram muitos mais. Indignado, mas apenas após a própria demissão, Rodrigo Constantino veio reclamar da acção da revista Veja, mas ainda não chegou à conclusão óbvia: se ele quer dizer o que pensa sem interferência, e não o que desejam ou permitem que ele escreva, então que garanta o seu pão no mercado que ele tanto diz defender! É incrível que os mesmos que proclamam que não existe almoços grátis depois se queixem de falta de independência como jornalistas enquanto assalariados de empresários com uma agenda própria. Só faltou apelar ao sindicato dos jornalistas ou ao ministério do trabalho, se é que não o fez.
Tal facto se estende a tanto a Portugal quanto ao Brasil, mas aproveito um artigo recém-editado pela revista brasileira Veja para que fique bem claro qual é o estado de espírito dos liberais, que, verdade seja dicta, na verdade nunca passaram, em qualquer época histórica, de ignorantes provincianos que mais não fazem do que defender os monopólios existentes na sua época, quase sempre estrangeiros, em nome de um livre-comércio que jamais foi practicado pelas nações que eles citam como exemplos e às quais acabam por adoptar como suas. Desafio qualquer liberal para um debate onde ele me prove que uma nação rica, e pode até citar casos de cidades-estado pois conheço muito bem o passado delas, chegou ao topo practicando o livre-comércio!
Quanto ao artigo, a parte mais interessante é aquela onde é descrito um cenário "superotimista" para o Brasil. Reproduzo o trecho:
Para desviar a atenção da crise e do processo de impeachment, Dilma declara guerra à Inglaterra e invade as Falklands. Em resposta, o primeiro-ministro David Cameron bombardeia Brasília. Ninguém morre (a cidade havia sido evacuada), mas todos os edifícios de Niemeyer na capital são destruídos. O Brasil se rende em três dias. Enquanto isso, na Inglaterra, o Daily Mail descobre que Margaret Thatcher não morreu em 2013 – está viva, saudável e disposta a assumir o poder da nova colônia inglesa. Sob as ordens da Dama de Ferro, o Brasil privatiza até a Previdência Social. O Ministério da Educação aprova a base nacional curricular com apenas uma exigência: estudar inglês doze horas por semana. O Brasil adota a Union Jack, bandeira do Reino Unido, e em cinco anos supera Singapura como o melhor lugar do mundo para se fazer negócios.
Enfim, houve tempos em que tais imbecilidades eram exclusividade de pobres WOGs de feitorias perdidas em África ou no Pacífico, ou de certos advogados, poetas, beletristas e outros inúteis em Repúblicas das Bananas da zona do Caribe, mas a globalização acabou com esse monopólio. Graças à globalização, agora temos idiotas numa nação cheia de potencial como o Brasil achando que se o mesmo fosse explorado pela nação que deixou a África do Sul, o Botswana, o Zimbábue e a Zâmbia no estado em que se encontram, tendo inclusive sido a sua tão querida Margareth Thacther que deu a facada nas costas dos rodesianos, seria governado em prol dos interesses materiais dos brasileiros.
Se dependesse dos Narlochs da vida, a Companhia das Índias Ocidentais Holandesas existiria até hoje e o Brasil seria um imenso Suriname, ou melhor, seria ainda pior pois ostentaria com orgulho a bandeira da corporação...
Texto magistral Sr. Velasco !
ResponderEliminarObrigado, meu caro.
EliminarAbraço.
Muito bom esse texto. Correr risco é para os outros. O mercado, nu e cru, com suas asperezas e sua concorrência faz com que seus defensores almofadinhas saiam correndo pra pedir proteção, a proteção que acham indecente por doutrina. A maioria desses diletantes estão é aboletados em rentáveis cargos públicos, essa picardia brasileira, sem jamais abrir mão das regalias que os cargos lhes conferem e que seu liberalismo de meia pataca tanto condena
ResponderEliminarObrigado pelas palavras simpáticas. De resto, isto não se restringe ao Brasil e à Portugal. Toda a elite liberal é constituída por dependentes, à excepção daqueles formados em medicina. Por alguma razão, os médicos com tendência ao diletantismo tendem a ser liberais ferrenhos.
EliminarUm abraço.
As nações ricas podem até ter praticado algum livre-comércio, o qual pode ser citado por eles, mas há muitos mais elementos por trás de qualquer tipo de sucesso que tais nações possam ter tido. É apenas um acréscimo ao texto, o qual está impecável; ainda que eu pudesse fazer mais algumas considerações, penso que não é oportuno.
ResponderEliminarQuase sempre practicam o livre-comércio quando sua posição no mercado é vantajosa, ao menos quando estudamos os casos de sucesso. Dou três exemplos: Holanda, Reino Unido e Estados Unidos da América.
EliminarUm abraço.
Hong Kong, Singapura e a civilização humana desde os tempos da pré-história.
ResponderEliminarCaro Luís,
EliminarHong Kong cresceu graças ao facto de ser um ponto privilegiado do império britânico e gozar das vantagens oferecidas pelos nichos deixados abertos pela organização dos grandes mercados a mando de uma elite transnacional que os usava para escapar aos regulamentos a que submetia as populações dos tais grandes mercados. Olha que estudei tudo isso muito bem e hoje mesmo vou escrever algumas coisas sobre a liberal Singapura.
Um abraço.
Enquanto alguns liberais como o maconheiro Narloch e o sionista Rodrigo Constantino são citados pelos nacionalistas como exemplos de liberais, vocês deveriam olhar melhor e ver como o livre mercado não se resumi a isso.
ResponderEliminarEnquando muitos nacionalistas estão perdidinhos, pessoas mais coincientes mostram como daqui para a frente os politicos, nacionalistas ou liberais, tendem a sumir.
O estado (classe política, nacionalista ou liberal) é o maior causador de guerras e mortes. Agora já era. Estamos na era das moedas digitais e nenhum, eu disse, nenhum politico ou defersores de estados nacionais irão resistir a revolução contra a classe política.
Para saber do que eu estou a falar, deem uma olhada nesses vídeos simples.
O primeiro é como a existência de qualquer tipo de estado é perigoso para qualquer pessoa:
Terrorismo: Como chegamos aqui? O que fazer agora?
https://www.youtube.com/watch?v=xz5zMiBBQv0
O segundo mostra como a tecnologia vai acabar com a classe política, resumidamente em 10 pontos:
10 Vitórias da Liberdade em 2015
https://www.youtube.com/watch?v=YXT6D3_eb4k
Caro, conheço a sua posição, mas mesmo de um ponto anarco-liberal, vejo que a moeda electrónica é um instrumento de controlo e opressão formidável. Vocês estão sendo ingénuos, e digo isso de boa-fé.
EliminarUm abraço.
"Graças à minha actividade empresarial, cada vez mais exigente (por boas razões), tenho tido pouco tempo para me dedicar ao blogue. O pouco tempo livre que me sobra para actividades mais elevadas tem sido ocupado por estudos históricos que espero poder concluir em breve."
ResponderEliminarFrase típica de um aspirante a riquinho que quer parecer intelectual com pose de "homem Cristão"
Por favor, me apresente os outros que pensam e agem da mesma maneira. É que os que conheço e são assim não passam de três ou quatro, e olha que procurei muito bem;)
EliminarEu fui libertarianista nos últimos 3 anos. Mas eu vi que estava errado. Por uma razão simples que explicarei aqui.
ResponderEliminarLibertarianistas são puramente sofismáticos, trabalhando alegações positivas e negativas.
POSITIVAS: Pegam países que estão tendo sucesso momentâneo, e dizem que a doutrina do país se aproxima da utopia que eles pregam, daí o sucesso.
NEGATIVAS: Se algo é ruim, ou deu errado, fazem um discurso rocambolesco, concluindo que a culpa é do Estado.
A GRANDE VERDADE: Liberalismo é apenas uma defesa sofismática do PURO PATRIMONIALISMO!
Se o mercado constrói "a moral", então um "Patrimonialismo moral" implica que humanos possam ser propriedade também, portanto, ESCRAVOS.
Todas as vezes que essa verdade inconveniente vem a tona, libertarianistas entram em puro desespero e lançam cortinas de fumaças, com o discurso de "direito natural" para tentar refutar essa bomba. Mas a realidade é essa mesmo.
O "direito natural" não existe. É um sofisma, para criar um discurso de refutação para todas as desgraças e coisas ruins que o Libertarianismo traz.
Suponhamos que eu tenha chicletes no bolso. Isso é meu? Há meu nome neles? Não.
Eles são seus, por que depois de pagar, eu ACHO que eles são meus - O animal humano tem sentimento de posse (como outros animais).
E na sociedade humana há entes externos que reconhecem a posse, a propriedade privada (como o Governo reconhecendo a sua casa) e estes entes são reconhecidos pelo animal humano (Cidadãos que reconhecem a autoridade do Governo).
Por exemplo, um cão urina na árvore para marcar SUA propriedade privada, e é reconhecido pelos outros cães.
Mas se o cão urinar na roda do seu carro, o carro se tornará propriedade do cão? Claro que não! Por que humanos não reconhecem a propriedade do cão ou de qualquer animal, e nem os cães dos humanos. Por que é apenas um sentimento de posse, uma abstração mental do humano e sua sociedade.
Até quando li o "NEGATIVAS", fiquei pensando que o seu argumento fosse ser ruim.
EliminarEu teria dito que o libertarianismo não tem nada a ver com eficiência econômica, mas sim com o que é certo, que é o direito natural.
Então você ataca esse meu argumento, no mesmo comentário. Fiquei feliz, pelo alto nível demonstrado.
Sim, tudo não passa de sofismas. Também a idéia de que devemos ter um estado, regulando, e resolvendo esses problemas.
A REFUTAÇÃO COMPLETA DO LIBERALISMO
ResponderEliminarSe um humano acha que uma coisa é dele, e outro também acha que aquela mesma coisa é dele - Então há um conflito de propriedade privadas, pois cada um "acha" coisas diferentes sobre o mesmo objeto. Isso pode ser resolvido de duas maneiras:
1) Pela força: Quem for mais forte, ou implicar em mais dano, fica com o objeto disputado, e se torna O DONO.
2) Uso compartilhado: A coisa disputada se torna "PÚBLICA" entre disputantes.
O liberar vai querer argumentar "comércio" aqui, mas não vai funcionar, por que ambos consideram COMO SEU a coisa em questão, e "pagar por algo que já é seu, seria um roubo".
Amplie o cenário - Um condomínio - Cada pessoa é dona de um prédio, mas existem áreas públicas, que são de todos.
Quando essas áreas públicas se tornam complexas, é necessário um administrador. No caso dos condomínios, seria o síndico.
No caso das ruas, todas as pessoas da cidade podem andar nelas, portanto, são propriedade pública de todos. E para administrar isso, são criadas as prefeituras.
Qualquer pessoa pode andar na rua? Na verdade não, apenas as pessoas da cidade. E as antigas cidades tinham muros.
Mas a cidades modernas acreditam que o livre transito pode trazer oportunidades. Por isso, elas não tem muros, e temos "a ilusão" que qualquer um pode andar nelas, mas na verdade, somente as pessoas que estão dentro da cidade podem andar nelas.
Assim como é o município, também há o estado, e também a nação. Entidades complexas e públicas, que precisam de administração. PRECISAM DE UM GOVERNO.
Essa carência de um governo sobre áreas públicas, sobre "propriedades disputadas/compartilhadas" é a pá de cal no libertarianismo, por que o CAOS será óbvio se não houver um governo responsável.
Quer viver o liberalismo em seu potencial máximo?
Elimine o governo de todas as esferas da sua vida.
More num prédio, e convença todos os moradores a não ter nenhum síndico, isto é, nenhum governo.
Veja o que acontece, quanto tempo o grupo vai conseguir conviver junto no mesmo prédio, sem que os conflitos não evoluam para agressões ou processos.
A presença individual única do Síndico pode fornecer ao liberal acuado, a FANTASIA de que se trata do síndico exercendo seu poder de propriedade privada.
Mas quando as coisas se tornam complexas, pode ser necessário haver não apenas uma pessoa na governança, mas um comitê de pessoas, as vezes essas pessoas precisarão de técnicos específicos, então há uma divisão de funções dentro da administração - O que não é diferente de uma prefeitura.
A única diferença entre comunismo e liberalismo, é que Karl Marx tenta pela força bruta, enquanto os liberais se usam "da força do capital", que nada mais é que uma tecnologia antiga de abstração de valores que os humanos desenvolveram para facilitar as trocas.
O Liberalismo é tão utópico quando o comunismo - Lembre que a ideia original de Karl Marx era abolir o estado, que também é a mesma dos liberais.
Por tanto, o mesmo discurso de refutação que os liberais usam contra o comunismo, é o mesmo discurso que refuta a sua própria utopia.
Eles só não fazem esse esforço mental, por que os seus mestres sofismáticos ficam vomitando na mente deles, o tempo todo, os mantras "a culpa é do estado", e expandem esse argumento para todas as situações que se apresentarem negativas.
Para morar em um condomínio eu preciso assinar um contrato.
EliminarDa mesma forma, num "mundo libertário", haveriam condomínios, cidades, e estados privados.
As leis não deixariam de existir.
Exemplo simples de apenas 1 BUG libertário:
ResponderEliminarO cara que comprou a patente do remédio comum, que descobriu que servia para SIDA, e aumentou milhares de vezes o preço, abusando das pobres pessoas doentes.
Os liberais entraram em desespero, e se prontificaram a GERAR mais um discurso sofismático, que como sempre, concluirá que a culpa é do governo, e não do empreendedor safado.
Veja a tentativa ridícula dos liberais em tentarem salvar suas utopias aqui:
http://mercadopopular.org/2015/09/o-que-nao-te-contaram-sobre-o-medicamento-que-ficou-5-000-mais-caro-da-noite-para-o-dia/
Quando o Meio Ambiente também entra na jogada, como se trata de "propriedade compartilhada entre toda humanidade" eles também fazem discursos ridículos.
Eu fico imaginando o meu vizinho anarcocapitalista plantando uma árvore no quintal da casa dele, e depois de 6 meses, ele bate na minha porta dizendo:
"Hei, você está respirando oxigênio da minha árvore. Ela é minha, e a produção dela também, portanto, você está usufruindo de um serviço que eu estou lhe fornecendo. Você me deve 100 euros. Se você pagar agora, eu perdoo a sua multa, se não, vou chamar os meus seguranças privados e dar uma surra em você. O tribunal privado do meu amigo já autorizou esta ação de cobrança, e ela é perfeitamente legal."
Fico imaginando o "bloco" liberal anglo-norte-americano(tá certo ou o pessoal do novo acordo linguístico vai me prender?) colonizando o Brasil...acho que fariam primeiro o que fizeram nas Filipinas: massacre total.Depois pensariam no que fazer depois: ou transformariam isso aqui numa Libéria continental ou em uma Austrália versão favela, ou seja,um país grande sem nenhuma relevância nem potencialidade.
ResponderEliminarDiego Mendes
O Constantino é um defensor do "estado democrático de direito". haha
EliminarVelasco, adorei o seu texto. Alias, sou de esquerda. Espero que você não me odeie por isso. Um abraço.
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