sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

As vantagens da neutralidade, e as condições para a mesma.

Milícia suíça: garanto que o nosso "exército profissional",  um bando de azeiteiros burocratizados, 
nada vale em comparação com estes civis em armas.


Se enganam os que pensam que a neutralidade é o refúgio das nações fracas, sem objectivos e sem vontade. Neutralidade não significa mais do que independência, e para que a mesma o seja de facto, e não apenas de direito, é preciso força.

Os poderosos, quando optam pelo caminho do imperialismo, processo em que as elites locais (ou já estrangeiradas) passam a ter interesses que divergem daquilo que poderia se definir como interesse nacional, forçam os fracos à alianças, limitando a sua capacidade de escolha sem dar mais do que garantias verbais, mas mantém para si, exclusivamente, a opção da neutralidade.

Portugal, nas décadas de pertença à tal aliança atlântica (e mesmo ao longo da sua história a partir da Restauração), experimentou os danos resultantes disso na pele, e o mais incrível é que poucos "intelectuais" conseguiram enxergar a realidade, se agarrando a abstracções infantis a respeito da política externa que valem apenas como arma de propaganda "americana" (para ser mais preciso, globalista). Em troca da inimizade do bloco leste, durante a guerra fria, conseguimos a seguinte lista de benesses:

1 - Perda das praças indianas, tomadas com o incentivo e total apoio retórico e material do Reino Unido e dos EUA.

2 - Desestabilização de Angola e de toda a África lusa, começada pela acção do agente americano Holden Roberto nos massacres que inauguraram a Guerra do Ultramar.

3 - Inimizade do bloco comunista, factor que veio, diante da constatação de que Portugal seria desfeito a partir de dentro por acção da elite globalista, aumentar ainda mais o desgaste das guerras em África, abrindo novas frentes, e facilitar o golpe que as próprias elites preparavam para Portugal (para o qual o PCP foi instrumentalizado, cumprindo o papel de carne para canhão).


4 - Golpe militar em Portugal, abortando o sucesso garantido de uma nação multi-continental cheia de potencial, levando à repartição dos territórios ultramarinos pelas potências, à destruição de qualquer alternativa patriótica em Portugal e à sua submissão à camisa de força da União Europeia. O golpe foi preparado desde a Segunda Guerra Mundial e decidido na reunião Bilderberg de 1973.

A tal submissão à dicta União Europeia pode ser resumida em poucas linhas. Basicamente, destruímos a indústria pesada, sucateamos a indústria militar, abortamos a indústria naval, abdicamos da indústria extractiva, matamos as pescas e desistimos da agricultura em troca de algumas coisas, entre as quais os largos subsídios para a camarilha de incompetentes bem conectados que os novos donos de Portugal usam até hoje como testas de ferro, o aumento dos impostos de 17% para cerca de 43% do PIB (com troca de um saldo nas contas públicas por um défice perene), o acesso ao mercado europeu de têxteis e calçados quando a então Comunidade Económica Europeia já negociava a abertura do mesmo no âmbito da "Rodada Uruguai"(!) e crédito barato para consumo perdulário a partir do momento em que o falso boom dos têxteis se tornou numa longa depressão que dura até hoje (e vai durar até que Bruxelas resolva dar o tiro de misericórdia num Portugal irreversivelmente destruído pela sabotagem dos tais partidos do regime).

Voltando à aliança atlântica, se ela foi má antes do 25 de Abril, depois foi ainda mais nefasta. Antes, ao menos, ainda que de forma tardia e pouco decidida (sim, Salazar falhou redondamente nesse quesito), se investiu nas forças armadas e chegamos a ter um efectivo bem preparado e numeroso, ainda que um exército profissional tão numeroso seja uma escolha errada até mesmo para um regime centralista (o golpe levado a cabo por uma meia dúzia o provou - um povo organizado em milícias jamais seria colonizado como fomos depois do 25 da traição), mas depois fomos desistindo da defesa, seguros da "protecção americana" (que, não por acaso, lembra o negócio da venda de protecção omnipresente nas películas a respeito das "comunidades sicilianas" na América), e se deu connosco um processo semelhante ao de outras alianças do mesmo género, como a Liga de Delos, em que, graças à astúcia dos estadistas atenienses e à ingenuidade das elites das outras cidades-estado da liga, os assuntos militares foram aos poucos delegados para Atenas em troca de tributos. O resultado? Atenas se tornou forte o suficiente para oprimir e os aliados demasiado fracos para que Atenas resistisse à tentação de o fazer, e nisso o tesouro da Liga não ajudou muito.

Na aliança atlântica, chegamos a pagar literalmente em ouro pela tal "protecção" (vide o que se passou com as reservas metálicas desde o 25 de Abril), mas essa sangria nada é em relação à que sofremos graças aos termos de troca que nos impuseram, em que aceitamos papel impresso pelas nossas vendas de bens, mais do que insuficientes para cobrir os nossos gastos perdulários, recorrendo depois ao endividamento nas mesmas divisas fictícias dando como garantia bens físicos essenciais para que continuemos a ter condições de exercer a soberania. Resumindo: para participarmos de um pacto suicida (é a melhor definição para a NATO/OTAN nos dias que correm), cometemos antes um suicídio financeiro.

Apesar de todas as mudanças nos últimos cinco séculos, continua a valer o que sempre valeu para Portugal. A melhor posição é a neutralidade em relação aos conflictos das grandes nações, explorando as divisões das mesmas em nosso favor. Porém, para que tal política tenha sucesso, é preciso estarmos numa posição de força pois assim, ao invés de comprarmos a neutralidade ao preço determinado pela potência que mais nos ameaça, podemos vendê-la a mais de um comprador ao preço que determinamos. Porém, para isso ser posto em práctica, será preciso derrubar o actual regime e procurar gente capaz de raciocinar em tais termos. Infelizmente, não sei onde encontrá-los, mas garanto que não serão achados nas escolinhas para bimbos do regime que são as faculdades de ciência política e relações internacionais, e muito menos no corpo diplomático. Essa gente, no máximo, está qualificada para dar aulas de dança de salão.

P.S: caros, nem cheguei a corrigir o texto, por isso, sintam-se à vontade para corrigir pois só amanhã terei disposição para o reler. 

5 comentários:

  1. Velasco, bom texto, esclarecedor. Sabe, sou brasileiro e já percebi há anos atrás a propaganda anglo- americana que existe nas escolas e mídia do Brasil, tanto de esquerda como de direita. Difamam e caluniam nossos pais colonizadores da Península Ibérica, quando na verdade, os países da América Latina seríam grandes potências mundiais junto com Portugal e Espanha, se estes últimos não fossem tão sabotados e perseguidos pela Inglaterra, EUA, Holanda, França etc. ao longo dos últimos 2 séculos.
    A Argentina é um exemplo, grande potência cultural e econômica no início do século XX, foi destruída por políticos traidores da pátria, colocados pelos anglo-americanos, como Peron e seus sucessores. O Brasil possuía potencial para ser a maior potência mundial, ou uma das, por isso foi tão atacado e escravizado pelos Yankees, e terá um longo destino de nulidade por séculos.
    Os sabotadores fizeram com campanha de guerras, difamação, calúnias e desestabilização os latinos terem ódio de seus pais colonizadores ibéricos e hoje a América latina é uma grande favela escravizada, por ter perdido completamente suas raízes culturais verdadeiras.
    Concordo plenamente que ficar ao lado dos EUA ou de outra potência que representa o poder econômico ocidental é um tiro no pé, os americanos sempre traem a quem eles dão apoio, e sempre o dão por interesses futuros. Portugal hoje, por questões estratégicas e de médio prazo, teria muito mais vantagens se aliando à Russia e renegando a UE e OTAN, é questão de sua própria sobrevivência e para que se evite conflitos armados inúteis. Mas a população está dormindo e seus dirigentes são todos ou a maioria colocados pelo imperialismo inglês, francês ou yankee.

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  2. O erDOG se ferrou, a casinha dele vai cair logo, ou você acha que o exercito e o empresariado turco vai querer servir de boi de piranha e cair na boca do urso russo ? Claro que não, ainda vão chutar o dog do poder.

    https://br.noticias.yahoo.com/bagd%C3%A1-pede-turquia-retire-tropas-iraque-imediatamente-131221739.html

    http://www.correiodobrasil.com.br/turquia-acusada-de-invadir-o-iraque-e-colaborar-com-o-ei/

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  3. http://www.newsweek.com/how-stop-putin-using-energy-supplies-bully-his-neighbors-401317

    Escrito por Ariel Cohen...

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  4. Bom dia ao autor do blog. Gostaria de saber sua opinião sobre o segredo de Fátima quando diz "em Portugal se preservará sempre o dogma da fé". Como anda esta fé hoje em dia no país de Portugal? Fiquei sabendo que o país agora permite o aborto, algo contrário a fé. Será mesmo que o país tem a intenção de preservar o dogma da fé? O que o autor do blog pensa a respeito desse tema? Obrigado e continue fazendo seu trabalho para a informação dos interessados.

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  5. http://www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/204688#.VmytVieAOMu

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