O termo "nação", para nós, está sempre relacionado a uma raça ou a um povo que vive em um mesmo território, sob as mesmas leis, falando geralmente a mesma língua. "Umma", o termo em árabe comumente traduzido como "nação", se refere a algo diferente: a um grupo que possui as mesmas crenças religiosas, independente de viverem em um mesmo território ou pertencerem a raças diferentes. No Islã, todos os muçulmanos do mundo formam uma só "umma". Não é por outra razão que eles tendem a compreender a intervenção ocidental em suas questões locais como algo advindo dos "cristãos", não de americanos, ingleses, franceses, etc.
Já o termo "dowla", ou "dawla", entre outras transliterações, não se refere ao mesmo conceito que temos de "estado", ou seja, uma organização estável, que ocupa um território e que dá unidade e um destino comum a uma nação. "Dowla" refere-se a qualquer organização política islâmica, mesmo que temporária, e, ao contrário do "estado", é ela que retira sua legitimidade e finalidade da "umma", ou seja, de todos os muçulmanos, e tampouco somente daqueles muçulmanos que vivem em um determinado território (na Síria ou no Levante, como sugere a sigla I.S.I.L. sob um ponto de vista ocidental), até mesmo pelo fato de que uma "dowla" é, diferentemente do "estado", não territorial.
2. Consequência lógica inevitável: não existe, no Islã, legitimidade para a tal "solução dos 'dois estados'" para a questão palestina. Não é sensato acreditar na viabilidade de um estado-nação para o povo palestino perante a religião predominante na região. Acreditem: já havia ordem social na Europa e fora dela antes da Paz de Vestfália, no século XVII! Menosprezar a primazia dos conceitos de "umma" e "dowla" para os muçulmanos, pressupondo a universalidade da nossa "nação" e do nosso "estado", é provincianismo cultural.
3. Das mesmas Notas:
Mais significativo ainda é o trecho final, em que Barbara Lerner Spectre,identificada no vídeo original como fundadora da ONG Paideia - The European Institute for Jewish Studies in Sweden, afirma abertamente (clique aqui):
"A Europa ainda não aprendeu a ser multicultural. E eu acho que vamos ser parte da agonia dessa transformação, que tem de acontecer. A Europa deixará de ser as sociedades monolíticas que a constituíram no último século. Os judeus estarão no centro disso. É uma grande transformação para a Europa. Passarão agora a um modo multicultural e os judeus serão ressentidos (sic) devido ao nosso papel preponderante..."Por essas e outras razões práticas, concordo com Winston Churchill e Anders Breivik quanto a Israel: melhor ter judeus nacionalistas brigando com seus primos árabes por séculos infindáveis no Oriente Médio a ter de aguentar militantes judeus internacionalistas importando problemas do Oriente Médio para destruir a civilização alheia.
4. Não é verdade que há um "Islã tradicional", preponderantemente pacífico, em contraposição às vertentes radicais violentas. A história do mundo islâmico, já muito antes do surgimento dos "jihadistas" contemporâneos, é a sucessão de grupos passando outros na espada com apoio de um auto-intitulado califa ou postulante a califa. Uma vez que uma facção saísse vencedora, ela tratava de ao menos tentar estabelecer uma ordem social relativamente pacífica, a despeito da violência que isso exigisse.
5. Foi assim, aliás, que se estabeleceu o texto oficial do Alcorão. Diferente do que se costuma imaginar, as próprias autoridades islâmicas ensinam que Maomé deixou trechos esparsos, que foram compilados após sua morte.
Uma primeira versão do Alcorão foi organizada por muçulmanos e já circulava amplamente pelo nascente mundo islâmico quando os 4 primeiros califas, ex-companheiros de Maomé, decidiram compilar uma coletânea que tivesse passado por seu crivo. Foi então que o Alcorão atual foi organizado. E o que se fez com as cópias daquele "proto-Alcorão"? Foram apreendidas e destruídas. E o que ocorreu com seus recitadores, aqueles muçulmanos que haviam memorizado cada trecho da primeira versão? Foram assassinados.
6. O modus operandi do "Estado Islâmico", portanto, nada tem de atípico: é somente mais um grupo islâmico impondo-se aos outros na base da "espada".
7. Quanto ao conceito de "jihad", é comum que se enfatize seu significado genérico de "esforço", e não é difícil demonstrar que é esse o sentido em que o termo é predominantemente utilizado no Alcorão. Estaria demonstrado, portanto, acreditam muitos, que o livro sagrado dos muçulmanos, ao incentivar a "jihad", só procura fazer com que os muçulmanos se esforcem para agradar a Deus.
8. O problema é que, ao contrário do que está pressuposto, os muçulmanos sunitas não são protestantes com uma exegese sola scriptura. Ser sunita não é seguir o Alcorão, mas seguir a tradição, os ditos e exemplos de Maomé, os costumes e a interpretação que os sábios fazem de tudo isso à luz do Alcorão.
9. No sunismo, "jihad" não é somente um termo encontrado no Alcorão. Ele se refere a uma doutrina da "jihad" desenvolvida pelos tais sábios da religião. "Jihad" enquanto "esforço" nada tem a ver com a doutrina da "jihad", assim como o adjetivo "inconsciente", conforme definido nos dicionários, não dará uma clara idéia do complexo conceito psicanalítico de "inconsciente". Ninguém compreende Freud lendo a definição de "inconsciente" no Caldas Aulete, e tampouco será um dicionário de árabe que irá esclarecer a doutrina da "jihad".
10. Mais especificamente, quando se fala de "jihadismo" está-se referindo à doutrina da "jihad fi sabilillah", ou "jihad em nome de Allah" (jihad for the sake of Allah), que é a obrigação religiosa, que pesa sobre todos os muçulmanos, de invadir as terras alheias para tentar derrubar a ordem social lá estabelecida e implantar uma ordem islâmica, mesmo que, para isso, precisem matar os que resistirem.
11. O Estado Islâmico, a Arábia Saudita, o wahhabismo, o salafismo, Ibn Taimiyya, a Irmandade Muçulmana, etc., ou seja, todos aqueles que são frequentemente responsabilizados pelo terrorismo islâmico ainda não existiam quando a doutrina da "jihad fi sabilillah" foi desenvolvida com base no Alcorão e nos ditos e feitos de Maomé pelas autoridades do Islã tradicional!
12. A diferença entre a doutrina da "jihad fi sabilillah" do "Islã tradicional" e a dos ditos "radicais islâmicos" é que, para esses, a "jihad" é uma obrigação individual, não algo que precisa ser declarado e legitimado por uma autoridade. Além disso, mas essa já é uma questão que não nos diz respeito, os radicais podem exercer essa "jihad" contra aqueles que eles considerem não ser muçulmanos o suficiente, status esse que as autoridades do "Islã tradicional" geralmente evitavam declarar.
13. A doutrina da "jihad fi sabilillah", portanto, sempre implicou claramente em ações que entram na definição de terrorismo encontrada no site do FBI. Em outras palavras: o Islã tradicional, pré-salafita, pré-wahhabi, sempre defendeu o que o Ocidente chama de terrorismo.
14. Aos que se interessam em compreender melhor o conceito de "jihad", recomendo enfaticamente Understanding Jihad, de David Cook.
A maçonaria está por trás do comunismo totalitário:
ResponderEliminarhttp://www.anticomunismobrasil.blogspot.com.br/2015/11/a-maconaria-esta-por-tras-do-comunismo.html
Essa primeira versão extinta do Corão tem algo que ver com a reivindicação xiita de que os califas não eram legítimos, seriam os xiitas "sobreviventes " dessa investida dos califas ou é outra coisa? Será que a primeira versão era mais "pacifista"?
ResponderEliminarE quanto aos governos que aceitavam bem o sufismo, como os turcos da época do Império Otomano e os países do norte de África, foram também estabelecidos pela espada?
Olá,
EliminarObrigado pelas perguntas. Em ordem:
1. Os xiitas só consideram 3 dos 4 primeiros califas como ilegítimos, já que o 4º deles foi Ali.
2. O Alcorão atual teria sido autorizado, portanto, também por Ali, já que ele era um dos 4 primeiros califas que promoveram a nova compilação.
3. Apesar disso, circula de fato, entre sunitas, a noção de que os xiitas dizem que o Alcorão foi alterado, etc., mas isso é algo que os xiitas negam publicamente. De qualquer forma, nunca vi isso ser relacionado ao que chamei de "proto-Alcorão".
4. Não se sabe o conteúdo desse "proto-Alcorão", logo não é possível saber se seria mais "pacifista".
5. O sufismo não é contrário ao uso da espada, sendo que as ordens militares islâmicas eram geralmente sufis. De qualquer forma: sim, também foram estabelecidos pela espada.
OK, grato igualmente pelas respostas.
EliminarQuais estudiosos descobriram isso da primeira versão extinta? Aliás os muçulmanos vivem dizendo que o Corão é o único livro que foi preservado intacto desde a revelação, sem uma letra alterada. Daí que seria interessante pesquisar e divulgar trabalhos de desconstrução histórica e filológica do Corão (o atual mesmo, não o extinto é claro), pois caso venha ser comprovado que ele tenha problemas nesse campo, será um argumento a menos para os muçulmanos...
Na realidade, eu citei de memória no post. Acabei de reler essa narrativa no Ma'Ariful-Qur'an - do Maulana Mufti Muhammad Shafi, cuja tradução para o inglês foi revista por outro Mufti - e relembrei que a coisa é até mais complicada: havia mais de uma versão original. Essa obra não é de "desconstrução histórica e filológica do Corão", mas uma narrativa feita por uma autoridade islâmica - um Mufti! - tradicional.
EliminarOK, é que eu pensei no seguinte:
EliminarPara a Igreja Católica, não há problema algum em admitir que os textos das escrituras tenham sido escritos aos poucos e mesmo modificado por copistas, o que importa é que isso não causa nenhum prejuízo em matéria de fé, desde que obviamente se interpretem as referidas escrituras conforme a Igreja a interpreta. Já no Islã me parece que a pessoa tem que crer, sem dúvida nenhuma, que o corão foi preservado intacto letra por letra desde que foi revelado. Assim, se conseguirem comprovar que houve alteração dos originais, as autoridades islâmicas ficariam numa saia justa... ou não?
Sim, para o Islã, o Alcorão é o Verbo Divino. Portanto, o Alcorão ter sido adulterado seria como um Jesus "adulterado" no Cristianismo.
EliminarComo a Igreja Católica teve os tribunais da Inquisição, os muçulmanos possuem os tribunais da Sharia.
ResponderEliminarA inquisição só terminou quando Napoleão derrotou os estados papais.
A Sharia só termina, quando Mecca foi dominada por povos não-islâmicos, coisa que nunca ocorreu desde o início do islamismo.
O grande problema atual do islã, foi que a tradição afirmou que as inovações (bidah) são divididas em dois grupos: sayiah e hasana.
Sayiah - Que vai contra a Sharia.
Hasana - Não vai contra a Sharia, ou até apoia a Sharia.
Embora exista a proibição de Maomé para inovações, eles inovam a vontade o tempo todo dentro de sua religião, DESDE QUE amplie o poder da Sharia, isto é, o poder estatal da religião.
Esta visão de "dois pesos e duas medidas" para com as inovações, transforma o islã naturalmente em uma "máquina de expansão estadista", onde toda-e-qualquer inovação será aceite para aumentar o estadismo, e as inovações que diminuem o estadismo serão rejeitadas pelos clérigos sedentos de poder.
Por isso, muitos libertários islâmicos adotam visões como o Coranismo, que é como um protestantismo dentro da religião católica - advoga que a tradição (Sunna) deve ser questionada, em prol das escrituras (Corão), e assim, reverter o processo de estatizante que se instaurou dentro da religião.
Coranistas também rejeitam Hadits como "invenções e fantasias de homens corruptos", e que os hadits ofenderiam o islã, visto que afirmariam implicitamente que a revelação de Maomé foi falha e incompleta, e que a revelação de Maomé careceria destes homens beligerantes e corruptos para ser completa.
Coranistas exaltam o Ijtihad - que no islamismo tradicional é o processo de tomada de decisões dos juristas na lei islâmica (sharia) através do esforço pessoal (jihad), que é completamente independente de qualquer escola (madhhab) da jurisprudência (fiqh). Coranistas dirão que o Ijtihad deve servir para todos os assuntos da vida do muçulmano, e não apenas de uso estatal ou por "clérigos iluminados".
Coranistas também questionam o Taqlid - que nos islamismo tradicional é a "seguir cegamente" a as decisões de um especialista religioso sem examinar a base textual ou a fundamentação da referida decisão, simplesmente aceitando e seguindo o veredicto de estudiosos da jurisprudência (fiqh) sem exigir qualquer explicação sobre os processos pelos quais se chegaram na decisão. Coranistas alegam que este procedimento leva a abusos da parte dos clérigos, e que é a base da maioria dos problemas modernos do islã.
Alguns até já haveriam desenvolvido doutrinas de separação entre religião e estado dentro do islã, mas geralmente os coranistas são considerados apóstatas e entram nas "listas para matar" dos clérigos mais influentes, que possuem o poder estatal nas mãos de suas famílias, e veem o seu poder ameaçado com o surgimento destas doutrinas.
Ibrahim an-Nazzam desenvolver este tipo de doutrina no século 8, mas todos os seus seguidores foram assassinados.
O egipcio Rashad Khalifa foi assassinado nos EUA em 1990, Nasir Subhani foi executado no Iran em 1990, o indiano Chekannur Maulavi "tomou sumiço" em 1993, e Farag Foda que foi assassinado no Egito em 1992.
Os principais coranistas são:
1) O turco Edip Yüksel que declarou guerra contra o criacionismo
2) O egípcio Ahmed Subhy Mansour que afirma a separação entre religião e estado.
Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Liberal_Muslim_movements
http://19.org/
http://www.ahl-alquran.com
http://www.freemuslims.org/
http://www.peaceandtolerance.org/
http://www.islamicpluralism.org/
Comparar a Inquisição Católica que era justa e jamais condenava inocentes com a cruel Sharia é como comparar a índole de administração de dinheiro público dos políticos da Suécia (um dos países com menos corrupção) com os políticos brasileiros.
EliminarE após a maçonaria dar um golpe desleal na Igreja Católica e no seu poder, tivemos só aberrações como nazismo, comunismo, duas guerras mundiais, aborto, eutanásia, crack, cocaína, estado islâmico, terrorismo, guerra por petróleo, escravidão de 1 bilhão de chineses, protestantismo roubando tudo nas igrejas, enfim, o capitalismo cruel e genocida.
Olá,
EliminarA comparação entre sharia e Inquisição demonstra um nível de desconhecimento do assunto muito grande. A sharia é parte essencial do Islã, a despeito do que os reformistas citados defendam. Eles estão simplesmente errados.
Será que de um ponto de vista de fontes originais por escrito, o Cristianismo se saiu muito melhor? Os evangelhos também tem por exemplo inúmeros trechos enchertados, documentos foram também sendo destruídos com o tempo conforme se julgava tal ou tal corrente como herética, Cristo cita nos evangelhos algumas passagens de livros que depois foram considerados apócrifos (por exemplo III e IV de Macabeus), etc etc.
ResponderEliminarLeia as idiotices tremendas dos evangelhos apócrifos e você verá porque tiraram estas porcarias. Há um "evangelho de infância de Jesus" que diz que Jesus transformava crianças em pedras, para castigá-las.
EliminarÉ óbvio que foram os feiticeiros e satanistas da gnose que fabricavam evangelhos apócrifos para ridicularizar o cristianismo. Junto com os judeus que queriam paganizar o culto com gnose hebraica e da kabalah.
E todo cânone bíblico que a Igreja Católica usa é inspirado por Deus e real, o próprio São Paulo confirma isso nas suas cartas. São os maçons e judaizantes que relativizam as escrituras sagradas junto com toda a Igreja, porque em 2015 anos eles nunca conseguiram a destruir, mas ainda tentam...espalhando boataria e falso testemunho sobre os evangelhos, para tirar pessoas da fé em Jesus Cristo.
Aqui o ponto em questão é que isso foi feito pela espada no Islão. (E, há de se acrescentar, no Islão eles acreditam que o livro caiu pronto do céu, não que ele passou por essa etapa que conhecemos.)
EliminarReleia o post e verá que eu falei sobre alhos e você está falando sobre bugalhos. Mesmo que o atual Alcorão fosse o "Verbo Divino" de fato e todos os evangelhos obra de ficção, isso em nada afetaria o que eu disse.
EliminarAlguém tem informações sobre esse vídeo nojento?
ResponderEliminarMais um judeu comemorando o genocídio alemão
https://www.youtube.com/watch?v=riQh4Qpvxm4
Há outros?
EliminarMuçulmanos e sionistas querem a extinção do Catolicismo
ResponderEliminarPrecisamos combater o anti-Catolicismo, o resto é consequência.
https://www.youtube.com/watch?v=Gy81kh0HvzA
Eliminarhttp://shoebat.com/2013/12/27/exposing-martin-luthers-love-affair-islam/
Eis aí o foco, o motivo de nossa "Cruzada Moderna", por assim dizer: devemos combater com tudo que for santo, justo e honesto, tudo que for anticatólico.
EliminarNo Brasil, por exemplo, o que mais enfraquece a fé católica é o neoprotestantismo americano.Já está surgindo uma corrente gnostizada que nega até os princípios luteranos.O que pra mim não é espantoso,já que a raiz protestante é meio gnóstica e o Brasil está virando um hospício a céu aberto...
O protestantismo "tradicional" no Brasil é fraco.