sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Tradicionalismo em acção: como alcançar o poder (parte 1/2)

Jamais esqueçam: a maçonaria não perdoa e nem se arrepende!

Ao longo da presente época, que poderia, sem injustiça, ser designada por Idade Maçónica, todos aqueles que se bateram pela tradição cristã no Ocidente cometeram erros graves. Tais erros acabavam por ser uma espécie de traducção em acções da natureza cordial dos defensores da tradição, qualidade que os levou a buscar a convivência baseada no acordo e não a derrota total do adversário. Porém, o mesmo não pode ser dito do adversário, como provam as suas acções.Se lhe damos um dedo em troca de paz, logo a seguir ele nos ameaçará e tentará ficar com o braço.

Para além da natureza do inimigo, que usa da infiltração e sabe explorar a corrupção do adversário a seu favor, essa qualidade enunciada anteriormente, que tantas vezes se transformou num obstáculo para uma verdadeira derrota do inimigo quando era desprovida de firmeza, levou os que desde há séculos lutam contra o tumor maçónico a desperdiçar suas forças em victórias custosas que depois se transformaram em compromissos desnecessários, sendo então prontamente explorados pelos anteriormente vencidos, que à mínima oportunidade se tornavam vencedores.

Uma vez instalados no poder, sabemos que os agora vencedores tomaram a iniciativa e nunca mais estiveram alheados do poder, conduzindo os rumos da nação no longo prazo. Da oposição, nada veio a não ser explosões de violência fugazes, resistência desorganizada e pequenos sucessos cujo resultado mais não foi do que o atraso da agenda das elites. Até mesmo o período salazarista, que muitos apontam como um intervalo nessa escalada, acabou por acelerar a agenda maçónica, afinal, completou a centralização da nação em torno do estado e criou um povo incapaz de se organizar, pronto para aceitar bovinamente o que se seguiu ao 25 de Abril. Mas voltemos mais atrás.

Lembremos o consulado do Marquês de Pombal e o seu fim, para falarmos de uma época em que o tumor ainda não havia se espalhado tanto e podia ser estirpado com um mínimo de sofrimento. Não foi a fraqueza que permitiu que o mesmo - e os seus sequazes - não fosse devidamente justiçado? E mais tarde, após as invasões francesas, tornadas ainda mais devastadoras graças às manobras do partido francês para nos enfraquecer no período que precedeu as invasões, partido este cuja acção completava a do partido inglês, que tratava de facilitar a formulação de pretextos de invasão por Napoleão (não esqueçam que os mesmos bancos que nos emprestavam dinheiro, como o Barings, também financiavam Napoleão, como fez no caso do empréstimo para a compra da Louisiana pelos EUA), também não foi a fraqueza que impediu que a justiça fosse feita?

A acção dessa gente estrangeirada acabava por ser uma continuidade de uma tendência começada ainda nos idos da restauração, quando nos debatemos com os ataques das companhias "holandesas", e nos levou ao desastre da intervenção na estúpida Guerra da Sucessão Espanhola e à assinatura do desastroso Tratado de Methuen. Essa acção tornou a nossa posição em relação aos poderes marítimos, Holanda e Inglaterra, mais debole, e atraiu o ódio franco-espanhol, que tantos desgostos acabaria por nos trazer. E o que ganhamos com isso, para além do desprezo dos próprios aliados? Acredito que ganhávamos mais vendendo caro a promessa do nosso apoio tácito, obtendo com isso a neutralidade, que só deveria ser quebrada quando - e se - interessasse.

Com o término das invasões francesas, o que foi feito com os traidores, co-responssáveis pelo massacre de quase 10% da população do Portugal europeu de então e pela destruição quase completa das suas actividades económicas de vanguarda? Novamente se errou por temor de perseguir a victória total, como se isso fosse uma blasfémia. Sabemos bem que é impossível vencer o mal para sempre, mas não devemos desistir de derrotá-lo em grande quando pudermos fazê-lo, ainda que saibamos que tais victórias nunca são definitivas. Perdoar criminosos que trairam o próprio povo foi um erro crasso que acredito ter resultado não apenas da falta de firmeza, afinal, não é "simpático" assumir a responsabilidade pela morte de homens, ainda que sejam traidores, mas também foi resultante de um exercício de vaidade custoso.

Dom João VI era de facto um homem cordial, mas como rei jamais poderia colocar a segurança da monarquia num plano inferior ao da imagem que desejava deixar de si, a de soberano magnânimo. Pagou com a vida pelo seu erro, envenenado pela mão invisível. E o que ficamos a ganhar com tais demonstrações de bondade? Comparemos o nível de controlo que o "Estado" exerce sobre nós com o que exercia naqueles tempos. E nem falarei dos impostos! Como muitos sabem, e poucos têm coragem de dizer, para os que não fazem parte do club, o pior inimigo é o "Estado". Exagero? Então experimentem começar um negócio próprio e buscar a independência. Não é por acaso que hoje, numa nação de gente esforçada e ambiciosa, quase todos sonham em ter um emprego na função pública, de preferência, ou numa empresa monopolista no sector dito privado. Aguentar um péssimo ambiente de trabalho, inquinado pela luta de todos contra todos e submetido à tirania de um chefinho qualquer, humilhação a que os descendentes dos velhos portugueses deveriam ser poupados, é menos mal do que tentar sobreviver do lado de fora! Quando tentamos fazê-lo, descobrimos a facilidade com que as nossas vidas podem ser destruídas por burocratas e aí entendemos como funciona o "sistema".

Caído o antigo regime por toda a parte, nalgumas partes prematuramente e com discrição, como no biónico Reino Unido, noutras, como nas nações católicas do Sul, com violência, enquanto noutras o quadro foi mais complexo, como em França e nas nações germânicas, o que aconteceu? Quase sempre assistimos ao estabelecimento de uma espécie de proto-bipartidarismo. De um lado se punham os que desejavam conservar o que resistiu do passado, mais ou menos arredios ao "espírito do tempo", e do outro os que desejavam avançar em direcção ao que afirmavam como sendo o "futuro", os liberais. 

O liberalismo avançou lentamente, esbarrando numa resistência digna de nota que só não o destroçou após décadas de violência e saque farsa graças ao facto dos seus promotores terem uma capacidade de acção que transcendia as fronteiras nacionais (lembram do episódio que contei do Barings?), podendo assim jogar a força de uns estados contra a dos outros quando isto fosse conveniente e possível. Ainda assim, tudo o que havia sido construído poderia ruir, afinal, era um imenso edifício amparado numa base única, que poderia ser facilmente minada. 

Portanto, para firmar a ordem liberal, que melhor remédio poderia haver do que o fantasma do radicalismo jacobino, agora ressuscitado pela invocação marxista? Não tinha sido ela responsável pela consolidação da revolução em França? Da minha parte, não encontro nenhum! E assim o liberalismo acabou por parir o socialismo, criando as condições económicas que deram a luz às massas que a ele iriam aderir, massas cuja violência, por sua vez, acabaria por unir sob a bandeira liberal a todos os que a temessem. Diante do crescente perigo vermelho, os conservadores e os defensores da tradição se aproximaram dos liberais e nasceu um novo bipartidarismo. Aos poucos, com a mudança operando sobre sucessivas gerações, que à medida que os mais velhos morriam perdiam o contacto directo com o antigo regime, processo completado pela destruição da antiga nobreza local, que acabava por ser marginalizada ou se fundia à burguesia da capital, e o ataque e infiltração da Igreja, que contribuiu para desorientar ainda mais as populações, morreu a defesa da tradição e nasceu o actual conservadorismo burguês.

Sem comentários:

Enviar um comentário