O fenómeno que mencionei anteriormente, do qual afirmei serem reflexos as intervenções descabidas dos liberais monárquicos, é o uso da historiografia como arma de propaganda. Os grandes mitos que legitimaram os regimes contemporâneos começam ainda durante o renascimento, ganham impulso com a reforma protestante e são aceites como verdades por parte significativa da elite dos países católicos durante o iluminismo, contribuindo para isso a destruição dos jesuítas. Com o advento do liberalismo, acabam por contaminar a cultura popular por via da educação pública. Por toda a parte, à excepção do Reino Unido, onde um processo semelhante ocorreu prematuramente, se promovia a tomada do poder por grupos que depois reorganizavam as sociedades sob variações do que poderia ser descrito como o credo liberal, que, sucintamente, consistia na ideia de soberania popular, exercida através da representação, e no princípio da tripartição de poderes. Quanto a este último princípio, nasceu com a teoria da divisão de poderes de Montesquieu, que não passava de uma hipótese altamente abstracta a respeito da liberdade ainda encontrada no Reino Unido nas décadas que se seguiram à Revolução Gloriosa. Ainda que venhamos admitir que Montesquieu era honesto intelectualmente, afinal, havia sido iniciado, bastará olhar para o que se passou em todas as nações onde estes princípios vingaram para constatar que estava equivocado, a começar pelos EUA e a terminar no Reino Unido que lhe serviu de modelo, nações que encabeçam a lista dos abusos totalitários que cada vez mais caracterizam o desfigurado Ocidente.
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Da eficácia da tradição como bússola da política (2º parte)
O fenómeno que mencionei anteriormente, do qual afirmei serem reflexos as intervenções descabidas dos liberais monárquicos, é o uso da historiografia como arma de propaganda. Os grandes mitos que legitimaram os regimes contemporâneos começam ainda durante o renascimento, ganham impulso com a reforma protestante e são aceites como verdades por parte significativa da elite dos países católicos durante o iluminismo, contribuindo para isso a destruição dos jesuítas. Com o advento do liberalismo, acabam por contaminar a cultura popular por via da educação pública. Por toda a parte, à excepção do Reino Unido, onde um processo semelhante ocorreu prematuramente, se promovia a tomada do poder por grupos que depois reorganizavam as sociedades sob variações do que poderia ser descrito como o credo liberal, que, sucintamente, consistia na ideia de soberania popular, exercida através da representação, e no princípio da tripartição de poderes. Quanto a este último princípio, nasceu com a teoria da divisão de poderes de Montesquieu, que não passava de uma hipótese altamente abstracta a respeito da liberdade ainda encontrada no Reino Unido nas décadas que se seguiram à Revolução Gloriosa. Ainda que venhamos admitir que Montesquieu era honesto intelectualmente, afinal, havia sido iniciado, bastará olhar para o que se passou em todas as nações onde estes princípios vingaram para constatar que estava equivocado, a começar pelos EUA e a terminar no Reino Unido que lhe serviu de modelo, nações que encabeçam a lista dos abusos totalitários que cada vez mais caracterizam o desfigurado Ocidente.
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