Velhos amigos. Só faltou o Soros!
Caros, antes de mais, para reforçar os posts anteriores, desejo compartilhar uma notícia de última hora:
FHC foi o presidente que transformou o Plano Real num mero arranjo cosmético, que usou as privatizações para beneficiar alguns investidores em detrimento do erário e trocou monopólios público por monopólios privados, aumentou a carga de impostos em quase 50% relativamente ao PIB e introduziu um homem de Soros no comando do Banco Central, Armínio Fraga, tradição continuada durante as presidências Lula e Dilma. FHC criou uma ilusão monetária que engessou o Brasil com um aumento brutal da carga de impostos, chegando ao ponto de quase extinguir a indústria com a política de juros altos e banda câmbial fixa entre o Real e o Dólar, quando o grande problema era justamente a baixa taxa de poupança brasileira, enquanto Lula e Dilma desperdiçaram uma conjuntura mundial economicamente favorável com uma política que fez o endividamento privado disparar, o que aumentou ainda mais os lucros dos bancos no Brasil, e cuja sobrevalorização da moeda fez o Brasil padecer da doença holandesa. Enfim, é este FHC que, previsivelmente, vem agora dar apoio à candidatura Haddad.
É inadmissível que o PT pretenda retornar ao governo sem realizar
nenhuma auto-crítica, por menor que seja, de sua passagem pelo Palácio
do Planalto. O partido governou por 13
anos o país e não arranhou a estrutura desigual e liberal em que
vivemos. Tivemos uma economia ortodoxa, desindustrializante, que só
gerava empregos de baixa qualificação, com um programa social tributário
de Milton Friedman, com terceirização ferrenha de serviços públicos, e
em aliança com os setores mais pútridos das oligarquias brasileiras --
que transformaram o país no paraíso da corrupção sistêmica. E aí o PT,
como quem não é nem com ele, pretende voltar à Presidência como se nada
disso tivesse acontecido e por meio de uma candidatura absurdamente
fake. O PT é o maior inimigo do país.
O que quer que tenha havido de positivo materialmente em seu período no
governo se deve de forma quase exclusiva ao "boom" das commodities na
qual o país surfou e que não foi utilizada para financiar uma
reindustrialização do país.
Esse Partido dos Trabalhadores pode ser muito bem acusado de um ''esquerdismo de goela''.
É um epíteto perfeito pro governo PT e seus apoiadores por mais de uma
razão. A primeira e mais importante é que os petistas sempre fizeram um
governo liberal quando no Palácio do Planalto.
Os governos do
''esquerdismo de goela'' sempre mantiveram uma arquitetura econômica
liberal, ortodoxa, com um abraço sincero ao tripé macroeconômico
estabelecido por Armínio Fraga. Um governo propício ao cartel de
banqueiros que mantém lucros imensos no país mesmo durante a maior
recessão da história da Nova República, à financeirização da economia e
consequentemente ao rentismo.
A arquitetura econômica do petismo
acelerou a desindustrialização do Brasil. Aceitamos uma nova divisão
internacional do trabalho em que nos incluímos como exportadores de
''comoddities'', a saber: carne, soja, minério de ferro, óleo cru,
placas de aço...Em troca, importamos até trigo pra fazer pão.
Vergonhoso, temos de ficar olhando o câmbio pra saber se o preço do
pãozinho vai aumentar, isso num país que tem o tamanho de um continente.
Importamos até derivados simples de petróleo.
Esse é o país do
Partido dos Trabalhadores, aquele que nasceu nos sindicatos de
metalúrgicos do ABC paulista. Um país sem indústria e que vende carne e
soja pra manter o consumismo que os governantes petistas propagandeiam
pras classes populares como sinônimo de ''boa vida''. Não é à toa que o
PT foi dizimado politicamente nas cidades do ABC paulista, que não
aguentam mais as políticas desindustrializantes com que os
''esquerdeiros de goela'' se abraçam.
O ''esquerdismo de goela'' é
na verdade neoliberalismo na veia, é expansão de empregos de baixa
qualidade no setor de serviços, divulgação de um consumismo
insustentável [por causa do déficit nas contas correntes, já que
exportamos soja pra comprar chips de computação] como sinônimo de
''ascensão de classe'', domínio da economia por um cartel de bancos,
financeiras e fundos de investimentos.
Em troca, o governo
sustenta paradas gay na Avenida Paulista e na praia de Copacabana, ou
''marchas das vadias'' ou pela liberação da maconha.
Vejam
vocês: os banqueiros lucrando os tubos com uma economia que só se
desindustrializa e gera empregos de baixa qualificação, os serviços
públicos de saúde e educação sendo privatizados e terceirizados, o
sistema tributário inteiro nas costas dos mais pobres enquanto ricos
ficam isentos de impostos, o narcotráfico se expandindo até por setores
da administração pública e ocasionando mais de 60 mil homicídios por
ano....
Mas o governo é de ''esquerda'' porque a classe média
pode fazer um ''maconhaço'', um abortinho pra compensar aquela noite
muito doida, uma marchinha das ''vadias'' mostrando os seios no meio da
rua, uma carnaval gay nas principais metrópoles em alguns dias do anos.
É o ''esquerdismo de goela'', que se chama de ''sociedade neoliberal''.
Ópio pro povo, pra que ele esqueça que não tem sáude, não tem educação,
não tem moradia, não tem transporte, não tem emprego, não tem
soberania, não tem coisa alguma, e tem de tomar cuidado pra não levar
uma bala na cabeça enquanto fica no engarrafamento pra chegar no
trabalho.
Este é o epíteto perfeito pro novo FHC, de sobrenome
Haddad. O sociólogo Jessé de Souza já tinha aventado algo parecido, se
referindo à ''esquerda de Oslo'', aquele pessoal que acha que a pauta de
esquerda aqui no Brasil tem de ser a da Noruega, como se o país não
tivesse outras prioridades. Mas ''esquerdismo de goela'' ou ''de gogó'' é
ainda melhor.
Haddad é um farsante. Ele finge que quer ser
Presidente da República, quando na verdade vai ser primeiro ministro de
Lula. Ele finge que acredita que o país sofreu um golpe, quando na
verdade já declarou que considera a ''palavra muito dura'' e o
Judiciário neutro ''embora sujeito a erros''. Ele finge que vai aplicar
um projeto desenvolvimentista quando o que quer mesmo é um Ministro da
Fazenda ortodoxo, um neoliberal no Banco Central e já andou dizendo que
não vai revogar o ''teto dos gastos inteiro''. Ele finge que é
socialista quando na verdade gosta mesmo é de bundaço e maconhaço. Ele é
uma farsa, que aceitou a bizarrice de ser vice sabendo que Lula não
poderia se candidatar. Ele finge ser contra a Globo, quando partilha DA
MESMA IDEOLOGIA da empresa dos Marinhos.
O novo Fernando, chamado Haddad, já deixou claro em plena campanha que vai fazer um governo centro-liberal.
Depois de piscar os olhinhos para o economista liberal Marcos Lisboa,
depois de iniciar namoro com o PSDB, já está conversando com ''os
empresários'' sobre as ''Reformas''.
Ele está tranquilizando os
''empresários'', leia-se FIESP, que não pretende mexer no jogo, que
podem confiar nele. A mesma FIESP golpista que contribuía para as
manifestações anti-Dilma e proporcionou o símbolo do ''pato''. A mesma
FIESP que patrocinou a Reforma Trabalhista de Temer.
Esse aí é o
novo ''Fernando'', que os petistas alucinados, os iludidos e os idiotas
úteis pensam que vai fazer um ''governo de esquerda'', mas que está
esfregando na cara de todo mundo as mesmas alianças com o fisiologismo
pútrido brasileiro, está de mãos dadas com o Geraldo Alckmin pra salvar o
PSDB, e está acenando para os liberais pra acalmá-los, porque o governo
dele não vai ter nada que ver com o que o programa que ele divulgou de
fato diz.
Vejam que ele já se afastou do Pochmann, um economista
desenvolvimentista que andou dizendo que a Reforma da Previdência não é
exatamente uma prioridade. Bom neoliberal que é, que já tentou aliança
até com Paulo Guedes como noticiado na grande mídia, Haddad não gosta de
desenvolvimentismo.
Então está aí o candidato que pretende se
''contrapor'' ao Paulo Guedes e ao Bolsonaro. Ele quer fazer isso
cumprindo o programa liberal do PSDB e da FIESP. Ele não sabe de fato
nem se vai para o segundo turno, mas já tá esfregando na cara de todo
mundo quem ele realmente é, o novo Fernando, chamado Haddad.
Para
quem desejou tanto a mudança, tanto a transformação da política do
país, ou mudanças sociais profundas etc., Haddad é o pior dos três
candidatos ainda com chances de vencer essas eleições.
Disparado o pior.
A testa de Haddad está agora adornada com um adesivo onde se lê: CONTINUIDADE.
É a continuidade do monetarismo, do tripé macroeconômico do Armínio
Fraga, da desindustrialização, do MDB na base do governo, do
paulistocentrismo da política nacional, dos cosmopolitismo, da
terceirização dos serviços públicos, do lulismo, da crise e da
polarização política.
Haddad é o candidato do sistema.