Olavo, Soros e a Conexão Romena

E há mais...

A importância de Olavo de Carvalho no ressurgimento da direita brasileira foi destacada pela BBC. O artigo, a partir de uma perspectiva esquerdista, critica frivolidades e lança farpas ligeiras, mas omite os pontos cruciais, entre eles a sua ligação a interesses globalistas interessados na desestabilização do Brasil que apostam no surgimento de uma direita anti-comunista nos moldes romenos, repetindo de certa forma o que foi aplicado na Ucrânia. Nada diverso se poderia esperar da BBC. 

Observando atentamente os padrões de ingerência a que nos acostumamos desde a fragmentação da Jugoslávia, com ênfase para os anos passados desde o início das primaveras, é impossível não reconhecer o papel precursor de Olavo de Carvalho na formação da onda direitista brasileira, elemento essencial para que o actual processo de desestabilização do Brasil avançasse. No fundo, Olavo foi e é o quebra-gelo dessa nova direita. Durante anos, a sós, denunciou o Foro de São Paulo e até foi marginalizado pela direita com espaço nos media corporativos, mas esta, aos poucos, diante da mudança das circunstâncias, por acção dos grandes poderes internacionais (por intermédio da elite compradora local), e da quebra de certos tabus no debate político (aqui entra a acção de Olavo de Carvalho nas redes sociais), começou a adoptar as partes do discurso olaviano que o grande público estava pronto para digerir.  De figura relativamente marginal, chegou ao ponto de conseguir um emprego para um dos seus catamitas e hagiográfos na revista Veja às vésperas do momento mais intenso da campanha que levou ao impeachment de Dilma Roussef. 

Por detrás disso, “estranhamente”, encontramos as mesmas forças que ajudaram a esquerda anteriormente. Essas contradicções só podem ser compreendidas numa perspectiva que transcenda a habitual leitura esquerda vs direita. Lembremos o discurso olaviano. Num momento ele ataca George Soros, que ele próprio já afirmou ter conhecido pessoalmente, acusando-o de ser parte de uma cabala comunista, para depois defender a junta de Kiev e uma solução ucraniana para o Brasil. Chega a ser ridículo, mas não é. O grande público não percebe as contradicções e a desorientação faz parte do jogo, afinal, quanto mais desorientado, mais dependente da influência dos “gurus” se torna o público. 

Como revelamos aqui, existe uma clara ligação entre Olavo de Carvalho e os tentáculos de George Soros, cujo interesse no Brasil não se esgota apenas na economia e no sector do petróleo. Agentes romenos directamente pagos por Soros têm a sua obra promovida no Brasilpor Olavo de Carvalho, e Olavo de Carvalho é promovido por esses mesmos agentes de Soros na Roménia e nos círculos influenciados por essa “escola”. Não é por acaso que o filho prodígio de Olavo vive na Roménia, e nem que tantos filósofos tenham feito da Roménia um destino de férias vulgar (entre filósofos).

As conexões não se esgotam por aqui. Como todos sabem, Olavo é o fundador e o presidente do Inter American Institute. A declaração de intenção do instituto expõe um facto interessante:

This case exemplified a kind of lunatic Anti-Americanism whose existence American experts on Latin America either ignored or completely denied at that time. My perplexity at this mutual ignorance reached an apex when I saw historian Kenneth Maxwell, the Council on Foreign Relations’ supreme authority on things Latin American, peremptorily deny the existence of the São Paulo Forum, which, at that point, was already the wealthiest and most powerful political organization that has ever emerged throughout the history of that continent.

Para quem não sabe o CFR, um dos think tanks globalistas mais influentes dos EUA, incluindo nas suas fileiras personalidades como Henry Kissinger e David Rockefeller, e entre os seus membros mais influentes está George Soros. Agora fica um bocado complicado entender a razão pela qual o “comunista” Soros, que todos sabem que esteve por detrás da tentativa de golpe comunista na Tailândia e tem ligações com a esquerda brasileira (investiguem o caso Mídia Ninja), financia direitistas de vários matizes, desde os nazis anti-comunistas da Ucrânia, passando pelos amigos romenos do Olavo já citados e, sobretudo, este aqui:

Vladimir Tismăneanu

Nada que Olavo de Carvalho tenha a dizer faz com que pessoas saudáveis escapem a uma destas duas conclusões: ou estamos diante de um completo idiota, ou de um charlatão. De resto, lembro que a Roménia é uma espécie de “hub” para certas acções específicas e que não faltam sinais de um estranho aumento do interesse - e dos contactos - da maçonaria romena pelo mundo lusófono desde 2012.