domingo, 2 de julho de 2017

Alemanha: A principal promotora da instabilidade europeia

Se Augusto soubesse o que viria, não teria desistido de conquistar aquelas florestas.

Um dos grandes erros de Gorbachev foi concordar com a reunificação da Alemanha sem exigir como contrapartida, no mínimo, o fim da NATO/OTAN - ou pelo menos um acordo impedindo a extensão da aliança para leste - e o abandono, da parte dos países da então Comunidade Económica Europeia, de qualquer ideia de expansão, federalização ou mesmo formação de uma união aduaneira. O efeito desse erro se fez sentir quase de imediato, nos Balcãs. O papel da Alemanha na Guerra Civil Jugoslava é conhecido e está mais do que documentado. 

Foi a Alemanha, ao reconhecer e forçar o reconhecimento da independência da Eslovénia e da Croácia (fornecendo armas aos rebeldes a seguir, contando com auxílio de redes do Vaticano e da Áustria), que tornou a guerra civil inevitável e, não contente com o resultado, depois instigou os bósnios e os albaneses do Kossovo. O resultado foi desastroso, como bem sabemos. Ainda lembro que antes do reconhecimento dessas independências pela Alemanha havia convicção (e vontade) em Washington, Londres e Paris de que era possível evitar a fragmentação da Jugoslávia, experiência que, poucos sabem, teve um papel fundamental na guinada que caracterizou os EUA a partir do fim da União Soviética e da ascensão de Boris Ieltsin. Talvez tenha sido esse erro de Gorbachev, de não arrancar contrapartidas reais em troca da "reunificação alemã", ou mesmo impedi-la, o erro fundamental que levou à sua queda. A queda de Gorbachev, por sua vez, gerou a desorganização geopolítica que beneficiou os "engenheiros do caos", agora em posse de um exemplo de emprego bem sucedido dessa técnica na Jugoslávia por uma nação vassala dos EUA. 


E hoje a Alemanha, uma das mais activas instigadoras da campanha de hostilização à Rússia, campanha que usa para obter vantagens materiais da mesma se colocando depois na posição de ponte entre o Ocidente e Moscovo, não só alimenta a discórdia na Ucrânia como também promove a deslocação de milhões de pessoas do Médio Oriente e de outras partes do mundo, incluindo algumas dezenas de milhares de terroristas, para a Europa Ocidental, usando o seu poderio económico, conseguido em parte graças à destruição das economias europeias mais fracas através do endividamento induzido por elites locais corruptas apoiadas e mesmo criadas por Berlim, como uma breve história da partidocracia portuguesa pode elucidar, para forçar as nações menores a abrirem a suas fronteiras e se deixarem dissolver no admirável mundo novo tecnocrático que as corporações alemãs visam criar no velho continente.

Fiel a si própria, como o escorpião da fábula, a Alemanha vai continuar a sua campanha de desestabilização até ao fim, ou seja, até que toda a Europa Ocidental seja destruída pela sua loucura (ou a desfaça de vez). Há pouco foi noticiada a venda de mais três submarinos Dolphin, com capacidade para ataques com ogivas nucleares, para Israel, que já possui cinco em serviço e aguarda pela conclusão do sexto. Os três primeiros, sem capacidade para ataques com mísseis armados com ogivas nucleares, foram inteiramente pagos pelo governo alemão, enquanto os outros três, já com essa capacidade, foram parcialmente subsidiados. Os três submarinos recém-encomendados também terão a capacidade de lançamento de mísseis com ogivas nucleares. 

No actual quadro de desestabilização do Médio Oriente, em que à crise síria se soma um cerco crescente ao Irão, a venda destes submarinos não apenas coloca a segurança europeia em risco, mas pode ser qualificada como um acto criminoso. Noutros tempos, possivelmente ouviríamos delenda est Germania...

Germany okays deal to sell nuke-capable submarines to Israel

3 comentários:

  1. Êpa! Mas este artigo assume que ALEMANHA é um ente soberano, quando, de fato, é apenas instrumento para a realização de vontades alheias.

    ResponderEliminar
  2. A Alemanha está longe de ser tal ente soberano, mas o mesmo se dá em outras nações importantes. No caso alemão, apesar da enorme influência que grupos não alemães possam ter sobre a sua política, a sobrevivência das grandes corporações, que tal e qual os "Zaibatsu" japoneses não foram desmanteladas, permitiu que a pior das tendências endógenas da Alemanha continuasse intacta. O caso da Krupp é paradigmático. Depois de ter sido inicialmente desmantelada, o Alfried Krupp conseguiu, mexendo os cordelinhos, recuperar o império. Isso enquanto supria os grupos de pressão que fizeram lobby pelo Tratado de Roma com recursos guardados na Suíça. De resto, vale a pena lembrar que os industrialistas alemães faziam pressão sobre Hitler para que um plano económico semelhante ao que a União Europeia visa implantar fosse imposto à Europa ocupada.
    Enfim, o grande jogo continua. Os mesmos actores, ainda que o seu poder relativo tenha sido sujeito à fortuna...

    ResponderEliminar
  3. Faltou explicar a forma como a Alemanha impõe pacotes de austeridade fiscal, moeda super-valorizada com "devaluação interna", privatizações, lobby empresarial com acordos de livre comércio secretivos, e controle de gastos à zona do euro. Ou seja, como o ordoliberalismo alemão vem destruindo a economia europeia. Digo isso porque 99% dos imbecis da direita brasileira estão caindo no conto do vigário das medidas de austeridade do atual governo. Se quiser eu até ajudo, rsrsrsrs.

    ResponderEliminar