sábado, 3 de outubro de 2015

A difícil posição de Putin

A continuar assim...

Os factos acumulados desde o princípio da ingerência globalista na Síria não deixam dúvidas a respeito das intenções de Putin para o Médio Oriente, e por sua vez realçam o papel que a Rússia de Putin tem tentado exercer no mundo, que é o de uma força comprometida com a estabilização da balança, encontrando uma fórmula de equilíbrio entre a soberania das nações e as condições possíveis de exercício desta mesma soberania num mundo já semi-globalizado. Está claro que Putin sente desconforto perante a semi-globalização, e mais ainda que não está disposto a promover a desestabilização para invertê-la em favor de um retorno ao bilateralismo como base das relações internacionais, promovendo apenas movimentos lentos e seguros para não causar mais estragos do que benesses.

Do outro lado, a disposição é diversa, como bem prova o facto de ter sido o bloco ocidental - e seus satélites - o agente de transformação brusca e de promoção do caos em quase todo o mundo. Desde as nações do sudeste asiático, passando por África e chegando às Américas, a Rússia tem exercido o papel de estabilizadora, e o mesmo vale para o Médio Oriente. A China, por sua vez, tem exercido ambos os papéis, assumindo um papel estabilizador discreto nalgumas partes, como no Médio Oriente, e claramente desestabilizador em África. É importante levarmos isso em conta para avançarmos em direcção à Síria, onde agora a Rússia actua militarmente num teatro de guerra encravado entre  Israel, nação chave do globalismo, e a Turquia, membro da aliança atlântica. Reparem que isto não é pouca coisa. Notícias como as que se seguem não são simples notas de rodapé pois indicam que Putin, que desde sempre tem sido cauteloso ao lidar com Israel, está disposto a tudo:

Seis “cazas” rusos ponen en fuga a cuatro F-15 israelíes

Russian and Israeli Aircraft Narrowly Avoid Duel Over Syrian Coast

Israeli strikes in Syria may draw Russian grousing, but little else

 

Quando da tentativa de intervenção directa e assumida na Síria pela coalização ocidental, Putin conseguiu que à última hora a intervenção fosse abortada. Segundo fontes que não costumam falhar, e são confirmadas por várias outras fontes que também têm provado a sua validade, mísseis de cruzeiro chegaram a ser disparados por navios americanos e foram desviados pelos russos em pleno vôo, pouco depois daquela tentativa falhada de se imputar um ataque com armas químicas a Assad (mais tarde, ficamos a saber que foram os "rebeldes"  que as armas químicas foram levadas pelos serviços secretos de Israel e da Arábia Saudita). O comandante americano responsável pelo ataque o cancelou rapidamente, contrariando as ordens de Obama, para bem do mundo. Não se pode esquecer que Putin deixou bem claro que não aceitaria a "invasão descarada" da Síria ao afirmar que atacaria a Arábia Saudita em retaliação. Sabendo do papel da monarquia saudita na estrutura de poder globalista, que pode ser facilmente descortinado por um estudo a respeito das origens da família Saud, isso era uma maneira discreta de dizer que a Síria era a linha vermelha.

Descontentes com isso, os globalistas trataram de desestabilizar a Ucrânia, com a intenção de atrair Putin para uma armadilha, e ao mesmo tempo reformaram as forças oposicionistas que haviam criado presenteando o mundo com um novo ramo da rede de terroristas controlada pelos serviços de inteligência das nações sob jugo globalista, o tal Estado Islâmico, de modo a criar condições para uma futura entrada na Síria das forças do Ocidente, agora sob o pretexto de lutrem contra o novo inimigo número um. Enfim, a mesma técnica de sempre...

A esperança de Putin era limitar o conflicto na Síria a um confronto entre Assad, que ela passou a apoiar com meios que antes temia ceder para não causar maior desestabilização no Médio Oriente, e as várias facções apoiadas pela aliança atlântica, por Israel, pela Arabia Saudita, pela Jordânia e pelos estados do Golfo, garantindo alguma segurança contra tentativas de invasão através da manutenção de uma base naval na costa, mas isso não foi suficiente. Assad está em sérias dificuldades. Apesar dos apoios fundamentais, o sentimento de isolamento das forças pró-Assad era grande demais para que o moral e a disciplina se mantivessem em alta, e o outro lado, como bem sabemos, é especialista em explorar a fraqueza através da tentação. Não foram poucos os generais e militares que desertaram desde o começo da ingerência.

Por esta razão era fundamental para Assad que os russos viessem para o terreno, conseguindo não apenas quebrar o sentimento de isolamento das suas forças, mas também um aliado experimentado na guerra, uma garantia eficaz de protecção contra os ataques "secretos" das forças aéreas da Turquia, de Israel e dos EUA e condições para uma victória rápida e decisiva. Porém, isto coloca Putin numa posição difícil, o que só aumenta a minha percepção de que Assad, sem a ajuda russa, estaria perdido, tal e qual Sadam e Kadafi. Ao enviar russos para combater na Síria, Putin se submete ao desgaste que os possíveis infortúnios da guerra, inevitáveis, podem trazer, e o custo financeiro de se manter uma força expedicionária em acção num cenário que é mais inacessível do que lhe foi o Afeganistão não é pouca coisa. Os EUA, com a sua posição monetária única, tem tido sérias dificuldades por causa dos gastos com as campanhas militares da última década, e a Rússia tem uma capacidade bem menor para aguentar tais aventuras. Portanto, também precisa de uma rápida victória.

Sozinha ao lado de Assad, a Rússia ainda estaria vulnerável, de alguma maneira, pois a mão por detrás dos terroristas na Síria poderia aumentar a intensidade do conflicto na Ucrânia. É possível que esta tenha sido a razão da demora de Putin demorou para entrar na guerra, como há tanto pedia Assad, preparando o terreno antes de cruzar o Rubicão. Há sinais de que há um concerto cada vez mais intenso com o que ainda sobrou do Iraque, onde o Irão também entra, o que pode levar ao surgimento de um bloco xiita que faça contrapeso ao Islão sob jugo sionista, promovido desde Riade, e de que um acordo ainda mais vasto com a China foi garantido. A China, até aqui, tinha se mantido discreta no Médio Oriente, pouco mais fazendo do que zelar pela segurança dos seus cidadãos e denunciar "os erros" da política seguida pelo Ocidente. Agora vai entrar em força, tudo indica, na guerra da Síria, onde já se encontra uma frota capitaneada pelo seu recém-construído porta-aviões e onde uma considerável força expedicionária deverá chegar em cinco semanas.

 

Com isso, muda a posição da Rússia, que não pode mais ser isolada na questão síria, e aumenta o sentimento de quebra do isolamento do qual dependem a força militar e o regime de Assad. Porém, Putin continua ainda assim numa posição desconfortável pois se torna um bocado mais dependente em relação à China, que será alvo de tentativas de sedução pelo Ocidente, ao mesmo tempo que usará a sua posição acrescida no Médio Oriente para reforçar o seu poder negocial em relação à própria Rússia. A China ganhará a vários níveis, a começar pelo impedimento do avanço do globalismo no Médio Oriente, vital para a diversificação das suas fontes de suprimento de petróleo, passando pelo aumento da percepção do seu estatuto de potência militar, ainda por cima numa acção louvável, ou seja, sem ónus, e terminando num mais do que provável aumento da sua liberdade de movimentos no Extremo Oriente em detrimento da Rússia, que por outro lado ganha com o aumento da pressão sobre as posições americanas no Mar da China e no Pacífico em geral.

A temperatura mundial, que já está ao rubro, continuará a subir. As tensões sociais acrescidas pela crise económica em curso não ajudam em nada e, ao menos da parte das elites globalistas e das elites chinesas, um enorme incentivo para se usar a guerra como forma de se manter a coesão social, especialmente à Ocidente, onde ficam cada vez mais expostas as mentiras da elite globalista, é um factor a ser levado em conta. A farsa ficou evidente e, como insinuei ontem, um evento bombástico pode vir a ser encenado pelos serviços secretos do Ocidente. A recente vaga de refugiados indica que é mesmo por aí que desejam seguir. 

9 comentários:

  1. Creio que os globalistas sionistas já aceitam como perdidas certas areas do mundo, como Russia, China, etc. Então para eles é melhor solidicar o que já tem, do que já são donos, ao mesmo tempo em que a União Europeia pode mostrar realmente o que é, devido a uma guerra interna, eu acredito que pode revelar-se de imediato o Imperio Russo, um tipo de Imperio Persa no atual Irã, Siria e Iraque, e na America Latina, a maldita Patria Grande bolivariana. Será a era dos superestados.

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    1. *Solidificar.

      Ahhh, esqueci de mencionar o Greater Israel, mas devido a investida russa contra os terroristas-empregados do globalismo judaico, creio que o nome mais apropriado será : The Same Size Israel.

      Que decepção.

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    2. "Será a era dos superestados."

      Anarco-capitalismo neles!

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    3. Viva o Ancapistão! Anarcocapitalismo é a única oposição real ao globalismo sionista-islâmico.

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  2. Líder conservador sai do Olavismo e passa a simpatizar com Eurasianismo de Putin
    http://juliosevero.blogspot.com.br/

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    1. Julio Severo é suspeito de ser um judeu oculto.

      Esse homem provavelmente servindo aos seus senhores, recebeu ordens para apoiar a Russia, enquanto Olavo, judeu, de Carvalho, recebeu ordens para atacar a mesma.

      A briguinha deles é uma farsa.

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  3. O estado (ANTI) islâmico ou ISIS é claramente manipulado pelos ocidentais. E estes, por isso, não destroem este grupo nem com toda força da OTAN e EUA, não podem inventar tal desculpa para este fato. Assim, como cortina de fumaça, quando alguém realmente ataca pra valer o ISIS, a mídia controlada pelos anglo-americanos, faz campanha de difamação e desinformação.

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  4. Falando nos saudis... tudo jew.

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  5. Um detalhe que passou despercebido para muitos:

    Por que Putin não atacou antes ?

    Eleições e estabilização no Donbass. Era também importante desestabilizar a Turquia primeiro.
    Quando os kurdos fizeram 16% nas eleições (impedindo Erdogan de mudar a constituição) a Turquia entrou em caos político e o AKP não pôde reagir ao YPG na suas fronteiras, quanto mais poderá continuar sustentando a guerra em Aleppo e Idlib. Esse era o momento de agir pois a Turquia é o maior financiador da guerra no norte da Síria( Israel é no sul) - agora tem que se resignar.

    Putin é um jogador de xadrez.

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